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De janeiro a julho de 2020, Apuí já registra maior índice de focos de calor dos últimos 10 anos

De janeiro a julho de 2020, Apuí já registra maior índice de focos de calor dos últimos 10 anos

Este resultado mostra um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2019

Por Samuel Simões Neto
Foto: Arquivo Idesam (set/2019)

Entre janeiro e julho de 2020, o município de Apuí, localizado no sul do Amazonas – a chamada fronteira do desmatamento na Amazônia – registrou 837 focos de calor, representando a maior incidência dos últimos 10 anos no período. É o que aponta a primeira edição do Boletim de Desmatamento e Queimadas de Apuí, divulgado esta semana pelo Idesam. 

Este resultado mostra um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram identificados 674 focos. A incidência maior também é concentrada no mês de julho. Entre janeiro e junho, foram apenas 9 focos de calor. Em julho, com a chegada do período de seca na região, esse número deu um salto para 828 focos.

“Historicamente, o mês de agosto é o período com o maior número de focos de calor na região – não apenas em Apuí, mas em toda a Amazônia – então, é possível que tenhamos um novo salto nesses indicadores, podendo até mesmo superar os números de 2019, quando o assunto alcançou projeção internacional”, projeta Pedro Soares, gerente de Mudanças Climáticas do Idesam.

O boletim também se dedicou a analisar o índice de desmatamento e queimadas no Projeto de Assentamento Rio Juma, que deu origem ao município e tem um histórico de altas taxas de desmatamento. Em junho de 2020, o PA Rio Juma foi o assentamento rural com a maior taxa de desmatamento em toda a Amazônia brasileira, com um total de 2.880 hectares desmatados. A respeito das queimadas, o assentamento foi responsável por 78% do número de focos de calor no município.

Outro ponto de atenção para os dados em Apuí é o alto número de incêndios florestais, pois a maior incidência dos focos de calor ocorreu em áreas de florestas (51%). Áreas já utilizadas na criação de gado vieram e segundo lugar(31%), seguidas pelas áreas desmatadas entre Janeiro e Julho de 2020 (11%) e as áreas desmatadas em 2019 (7%). No PA Rio Juma, a tendência foi a mesma, onde 49% dos focos de calor foram identificados em áreas de floresta nativa.

As informações apresentadas no boletim foram fornecidas pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os autores também recorreram a dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, e do MapBiomas. 

Histórico e ações de combate

O município de Apuí, localizado no sul do estado do Amazonas, às margens da Rodovia  Transamazônica (BR-230), é uma frente de expansão agropecuária na Amazônia, ocupando, em 2019, a sétima posição dos munícipios mais desmatados. 

Sua colonização começou em 1982, com a criação do Projeto de Assentamento (PA) Rio Juma, que abriga a maioria da população rural, da área em uso e, consequentemente, das queimadas e desmatamentos que ocorrem atualmente. 

Em agosto de 2019, quando Apuí alcançou quase 2.500 focos de calor, o Idesam e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente lançaram a ‘Aliança Apuí’, com objetivo de somar esforços para controlar as queimadas no município e dar maior transparência e qualidade aos dados sobre desmatamento e focos de incêndio. 

A iniciativa foi estruturada em ações estratégicas e análises, apoio à brigada de incêndios local e ações de restauração de áreas degradadas e fomento à produção rural sustentável. A iniciativa teve o apoio de instituições como We Forest, WWF-Brasil, We Light, Farm, Young Living Foundation, Volcafé Gollucke & Rothfos.

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