DOE AGORA

Formação de Multiplicadores e Adequação Ambiental ao CAR – Foz do Iguaçu

content image
Formação de Multiplicadores e Adequação Ambiental ao CAR – Foz do Iguaçu

Por Cristiano Alves, estagiário de Geoprocessamento

De 02 a 05 de abril, foi realizado na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, um seminário nacional sobre Educação Ambiental aplicada na Adequação Ambiental para o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O evento contou com a participação de representantes de quase todas as capitais do país e o Idesam esteve representando Manaus. Várias outras instituições que desenvolvem projetos em Agroecologia, Agricultura familiar sustentável, Sistemas Agroflorestais, etc. participaram representando cada estado.

A viagem de ida foi longa, totalizando pouco mais de 13 horas de voo, em função das escalas. Porém, ao chegar lá, a instituição organizadora do evento a ADEOP (Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná) recebeu com grande presteza todos os representantes, direcionando-os às devidas acomodações. O evento, realizado nas dependências do Complexo Tecnológico de Itaipu, teve início com a apresentação oficial do projeto proposto aos representantes, apresentações da diretoria da ADEOP, assim como dos objetivos almejados para os 4 dias de atividades que estavam por vir.

Toda a programação foi dirigida por uma equipe de facilitadores da Instituição Educare, que intermediou as discussões e pontos principais de interesse para o seminário. No primeiro dia, foi realizada uma atividade sobre as expectativas de cada participante, frente ao projeto apresentado e seu objetivo. Posteriormente, seguiram-se breves pautas sobre temas específicos e pautas estendidas sobre as diversas realidades representadas ali.

Os representantes do Nordeste caracterizaram as deficiências e obstáculos quanto a disponibilização de recursos financeiros ou sociais, além da própria característica física de algumas regiões dentro do Nordeste que dificultam alguma forma de intervenção para fins de extrair benefícios. Os representantes da região Norte ressaltaram as longas distâncias e precariedade da logística presente em toda a região, e que também é um empecilho para a realização hábil de determinadas tarefas relacionadas ao projeto de multiplicadores. As outras regiões também apresentaram seus obstáculos e potencialidades com vistas para a disseminação do conhecimento de boas práticas rurais em prol do meio ambiente e da qualidade de vida do pequeno agricultor e também a nova legislação vigente.

2

Os dias seguintes foram proveitosos e por meio das atividades desenvolvidas, dinâmicas, práticas e discussões, sempre direcionadas com foco no objetivo principal da formação de multiplicadores ambientais, obteve-se um resultado satisfatório quanto à compreensão geral por parte dos representantes, além da própria construção coletiva de um ideal de formação de rede, que surgiu ao longo dos dias e que foi aderido por todos. A formação de rede tem suporte por meio da criação de um blog (http://multiplicadoresea.ning.com) que é recente, e foi criado com o intuito de criar vínculos entre as pessoas engajadas na causa.

No último dia houve uma atividade de campo para alguns municípios que margeiam o lago formado pela hidrelétrica de Itaipu (Missal, Itaipulândia, São Miguel de Itaipu). Nessa atividade, os representantes visitaram uma propriedade de agricultura familiar sustentável onde o agricultor, conhecido como Sr. Arruda, desenvolve atividade de agroecologia sem utilizar nenhum tipo de produto químico para adubação, nem inseticidas.

Ele opta pela diversificação de espécies plantadas que como benefício equilibra sua produção em pequena escala, e na pequena propriedade de 8 hectares ele extrai o sustento da família. Pupunha, Açaí, Laranja, Banana, Mandioca, Maracujá, além de diversas espécies medicinais e outras frutíferas fazem parte da lista de plantio do Sr. Arruda, que recepciona grupos de excursão e pesquisadores em sua casa, servindo refeições e lanches (com um custo de auxílio) e faz questão de mostrar com orgulho tudo o que vem plantando e colhendo nos últimos anos sem prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas que consomem de sua produção.

3

No mesmo dia, também houve visita de campo em uma grande propriedade rural do agronegócio. Tal visita faz parte de um dos objetivos do trabalho de campo, de fazer os representantes perceberem os extremos que ocorrem numa mesma região, e também mostrar as atividade de amenização que alguns dos grandes proprietários fazem para reduzir o impacto ocasionado por sua atividade.

A visita foi feita na Fazenda Santa Marta, com dezenas de hectares de plantação de milho e soja em diversos estágios e banhados pelos mais variados produtos químicos, com o objetivo de reduzir pragas e melhorar a colheita, afetando diretamente o solo, a fauna, a vegetação remanescente e os igarapés presentes (conhecidos na região como sangas).

Nos últimos 10 anos, um projeto de corredor ecológico está sendo desenvolvido na Fazenda Santa Marta com o objetivo de interligar alguns fragmentos remanescentes de vegetação ao Parque Nacional do Iguaçu, amenizando os impactos pelas plantações de monocultura que nada tem a contribuir para os ciclos naturais antes ali existentes.

O corredor atualmente possui 60 metros de largura (faixa liberada por um acordo com o proprietário da fazenda, apenas de um lado do igarapé que corta o local, pois o proprietário da fazenda limítrofe não aceitou disponibilizar um espaço para tal fim do seu lado). O corredor já possui características de floresta primária, e auxilia no transito de animais de pequeno porte.

4

Além disso, houve também visitação às estações de lavagem e reabastecimento de caminhões responsáveis pelo despejo de agrotóxicos nas plantações da região. Tais estações construídas com investimento público do governo são de concreto e possuem uma caixa para o despejo da água contaminada da lavagem do interior das máquinas usadas nessa atividade. Essa caixa possui filtros de areia, cascalho, e outros materiais para absorver os produtos químicos antes de ser liberada no solo.

Além de contar com um piso de concreto para estacionar o veículo e impermeabilizar o solo do contato direto com o material tóxico. Essas estações foram construídas com o fim de reduzir a contaminação que os igarapés sofriam quando essas máquinas eram lavadas e reabastecidas nas margens desses canais. Os relatos de quem usa fazem crer que já ocorreu um processo de conscientização com as pessoas que trabalham com isso quanto a importância de não despejar material tóxico nos igarapés, fazendo-os utilizar as estações.

No fim do dia da atividade de campo, houve visita a uma cooperativa de apicultores do estado, que vendem seus produtos beneficiados, orgânicos ou não. E também visita a uma instituição de pesquisa que desenvolve projetos em plantações próprias de árvores frutíferas, palmitos, e sistemas agroflorestais de café e seringueiras.

5

O evento se encerrou quase na totalidade de realização dos objetivos esperados. Alguns representantes precisaram sair durante as atividades de encerramento, o que em parte foi um obstáculo para fechar as conclusões de forma satisfatória. Porém, com bastante aprendizado e experiências interessantes do que acontece em alguns lugares do país, assim como agora carregar a função de multiplicador ambiental na nova rede criada, o Idesam mais uma vez sai ganhando no cenário socioambiental e na criação de vínculos saudáveis com instituições dispostas a tocar pra frente o que foi aprendido.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relacionados

WordPress Lightbox Plugin