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A relação entre natureza e o ser humano

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A relação entre natureza e o ser humano

Por Dra. Leda Lorenzo Montero – Professora da Universidade Federal de São Paulo, Campus Diadema. Departamento de Ciências Ambientais. Laboratório de Ecologia e Geomorfologia.

Precisamos de terras agrícolas para produzir os nossos alimentos e nos nutrir. Precisamos de madeira para construir as nossas casas e de fibras e tecidos para inúmeros fins, de princípios ativos para uso médico e cosmético e de outras matérias necessárias para a vida humana.

Para o bem viver  do ser humano, precisamos de conservar a natureza, porque os ecossistemas naturais dão suporte às populações humanas. Nos proporcionam serviços ambientais fundamentais como: água potável, ar limpo, solo produtivo e biodiversidade.

É por isso que o cenário mundial de destruição e degradação de ecossistemas é tão preocupante.  Nos últimos dois séculos, as nossas atividades (principalmente as atividades industriais, agrícolas e a criação de infraestruturas) têm gerado problemas ambientais que colocam em xeque a qualidade da própria vida humana.

As atividades industriais tem causado contaminação a nível global, alterando a química da atmosfera e dos oceanos mediante a emissão de gases de efeito estufa (como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) e de outros poluentes nocivos para a vida (metais pesados, óxido de enxofre, dioxinas, etc).

Assim, foram surgindo uma série de graves problemas ambientais, cabe ressaltar:

1) A mudança climática – com vários efeitos negativos, como o aumento de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, ou as perdas econômicas causadas pela menor produtividade agrícola;

2) A destruição parcial da camada de ozônio – que é um protetor natural contra a radiação ultravioleta, a qual gera câncer e outros danos à vida;

3) O uso excessivo da água para fins agrícolas – que causa salinização, acaba com a água potável e produz desertificação;

4) A erosão de solo produtivo – e consequentemente, menores colheitas e maior demanda de água para a produção de alimentos, com perdas econômicas associadas estimadas em 8 bilhões de dólares por ano.

5) A perda acelerada de biodiversidade – nos últimos 40 anos, tem sido praticamente devastada nas regiões tropicais e subtropicais, como o Brasil, onde estava razoavelmente preservada até metade do século XX.

No Brasil, ciclos econômicos de extrativismo predatório se sucederam em diferentes épocas e regiões, estruturando a história nacional desde o século XVI até a atualidade: a cana de açúcar do nordeste, o cacau da Bahia, o algodão do Maranhão, o café de São Paulo, a borracha da Amazônia, etc.

De forma geral, esses ciclos econômicos eram focados na obtenção de produtos agrícolas para o mercado exterior e geraram lucro e riqueza para as elites locais, mas apenas geraram riqueza, infraestrutura ou bem-estar social para as populações locais.

Hoje, no país, os agricultores familiares e pequenos agricultores produzem a maior parte do alimento da nossa mesa (70% segundo o Censo Agropecuário de 2010). Apesar disso, a agricultura familiar utiliza pouca superfície de terra e os pequenos agricultores têm dificuldade de acesso aos créditos agrícolas.

É necessário o fortalecimento desses agricultores no que diz respeito aos métodos de produção, beneficiamento, escoamento da produção e acesso aos mercados.

A Importância da biodiversidade 

Biodiversidade é o número e a variedade de formas de vida que há num local.

É importante para os seres humanos porque nos fornece serviços ambientais relacionados com mecanismos de regulação dos ecossistemas, como o controle de doenças e de pragas agrícolas.

A existência de ecossistemas preservados com plantas e animais faz com que as doenças fiquem restritas nos espaços naturais. Mas quando essas áreas são degradadas, vírus e bactérias podem acometer e se fixar com êxito nas populações humanas.

Hoje em dia, grande parte dos ecossistemas naturais do mundo foram destruídos ou estão degradados, o que tem originado situações perigosas para o ser humano, como é o caso da atual pandemia de Covid19, ou as crises hídricas periódicas que acontecem no sudeste do Brasil nos últimos anos.

A perda de biodiversidade está gerando sérios problemas relacionados com a perda de animais polinizadores, como mostra o colapso das colmeias: as abelhas estão morrendo no mundo todo. Isso representa um dos maiores problemas agrícolas do século XXI porque muitas culturas agrícolas dependem da polinização.

Os polinizadores ou são simplesmente necessários, ou aumentam muito a produção, de cerca de 70% das culturas de consumo humano, como abóboras, amêndoas, cajá, café, cítricos, goiaba, guaraná, maçã, maracujá, soja, e muitos outros.

Este tipo de situação tem piorado na última década e com certeza irá piorar ainda mais se não tomarmos as medidas necessárias. Assim, é urgente propor e praticar formas alternativas de uso dos recursos naturais, para atender as necessidades humanas, sem degradar os recursos naturais de forma permanente.

 

 

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