DOE AGORA

Artigo publicado em revista científica internacional destaca participação de mulheres na gestão de recursos naturais

Artigo publicado em revista científica internacional destaca participação de mulheres na gestão de recursos naturais

Texto: Ana L. Violato Espada
Fotos: Arquivo Pessoal

Inclusão e participação de mulheres na gestão e governança de recursos naturais são temas críticos na pesquisa e políticas públicas para o setor florestal. No entanto, o empoderamento de mulheres no manejo colaborativo da madeira é pouco estudado e raramente alcançado na prática. Embora valores normativos possam reforçar negativamente os papéis de gênero no manejo madeireiro comunitário, um artigo mais recente publicado na revista científica internacional Land Use Policy expande os conceitos acadêmicos da pesquisadora Naila Kabeer sobre o empoderamento das mulheres com foco em recursos, agência e conquistas, detalhando como o ‘poder através’, um novo conceito de empoderamento das mulheres introduzido por Alessandra Galiè e Cathy Farnworth, opera e pode levar a níveis mais permanentes de empoderamento das mulheres.

A Dra. Ana Luiza Violato Espada e a Dra. Karen A. Kainer apresentam um estudo focado na participação de mulheres em sete projetos de manejo madeireiro comunitários em três reservas extrativistas da Amazônia brasileira. O estudo faz parte do trabalho de dissertação da Dra. Espada intitulado “Manejo Comunitário Colaborativo da Madeira: Uma Análise Comparativa dos Papéis e Percepções de Atores, Dinâmicas de Poder e Empoderamento das Mulheres na Amazônia Brasileira” disponível neste link.

Para o estudo, que foi realizado ao longo de 15 meses entre 2018 e 2019, Ana entrevistou 52 pessoas, realizou observação participante e conduziu discussões em grupo focais.

Entrevistas foram realizadas durante o projeto de dissertação com mulheres que trabalham nos projetos de manejo madeireiro colaborativo. Foto: Arquivo Pessoal

Com esta abordagem de metodologia participativa, as autoras descobriram que, embora os projetos de manejo madeireiro comunitários ainda se concentrassem nos trabalhadores homens, em duas das três reservas extrativistas, os processos de empoderamento abriram espaços para um maior engajamento das mulheres em cargos administrativos estratégicos e coordenadoras de campo.

Ana e Karen também contribuíram com as conceituações acadêmicas do empoderamento das mulheres, demonstrando que o “poder através” pode levar a níveis de empoderamento mais permanentes. No artigo, as autoras mostram uma representação de ‘poder através’ e ‘poder para’ aplicados empiricamente no contexto do manejo colaborativo da madeira em três reservas extrativistas da Amazônia brasileira:

As setas em verde escuro destacam a capacitação como um recurso que empoderou manejadores homens e algumas mulheres. As setas em verde claro destacam o processo em que as mulheres associadas aos manejadores homens foram empoderadas através deles. As setas em marrom destacam como as mulheres que foram ‘empoderadas através de’ puderam exercer o ‘poder para’ alcançar posições estratégicas nos projetos madeireiros comunitários, servindo como modelos e levando a níveis mais permanentes de empoderamento das mulheres. Foto: Reprodução

As setas em verde escuro destacam a capacitação como um recurso que empoderou manejadores homens e algumas mulheres. As setas em verde claro destacam o processo em que as mulheres associadas aos manejadores homens foram empoderadas através deles. As setas em marrom destacam como as mulheres que foram ‘empoderadas através de’ puderam exercer o ‘poder para’ alcançar posições estratégicas nos projetos madeireiros comunitários, servindo como modelos e levando a níveis mais permanentes de empoderamento das mulheres.

Com base nessa representação, as autoras afirmam que apoiar processos transformadores para empoderar as mulheres no uso comunitário de recursos naturais requerem conscientização sobre atitudes e práticas discriminatórias baseadas em gênero por parte de homens e mulheres, bem como inovações por parte dos formuladores de políticas públicas, membros de comunidades, governo e organizações não-governamentais. Ana e Karen concluem o artigo com orientações para partes interessadas, como governo, doadores, ONGs e comunidades sobre atitudes e práticas não-discriminatórias baseadas em gênero.

O artigo está disponível neste link, para download gratuito até 8 de abril de 2023. Caso você tenha interesse em comentar, discutir e solicitar dados complementares, entre em contato com [email protected] ou acesse https://anaviolatoespada.com/.

Discussões em grupos focais com mulheres, homens e grupos mistos foram realizadas para discutir as percepções de gênero sobre o empoderamento da comunidade no manejo colaborativo da madeira. Foto: Arquivo Pessoal

Outros recursos – Ana preparou um conjunto de seis infográficos em português que resumem o trabalho da dissertação para a devolutiva dos resultados a públicos variados. Acesse e compartilhe os infográficos neste link.

O estudo foi financiado pela Escola de Ciências Florestais, Pesqueiras e Geomáticas (SFFGS) da Universidade da Flórida (UF), pelo Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD) do Centro de Estudos Latino-Americanos da UF, pela Rufford Foundation Small Grant , IdeaWild, a bolsa de pesquisa da UF no exterior para estudantes de doutorado e o programa de bolsas da International Tropical Timber Organization (ITTO).
As autoras agradecem especialmente a todas as pessoas que participaram da pesquisa e às seguintes organizações: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Floresta Tropical (IFT) por meio do Fundo Amazônia/BNDES, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM), por meio do Fundo Amazônia/BNDES, e do Observatório da Dinâmica das Interações entre Sociedades e Meio Ambiente na Amazônia (Odyssea/CIRAD).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

WordPress Lightbox Plugin