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Primeiro café sustentável da Amazônia é lançado no Pátio Gourmet

Primeiro café sustentável da Amazônia é lançado no Pátio Gourmet

Por Samuel Simões Neto

 

O mês de maio marca uma nova fase para aproximadamente 30 famílias produtoras de café de Apuí, município localizado no sul do Amazonas. Após dois anos de meio de um intenso trabalho de sensibilização e mudança no modo de produzir, os produtores lançaram no mercado um novo produto que, além de um sabor intenso – característica marcante da variedade conilon–, é produzido sem a utilização de produtos químicos e através de sistemas agroflorestais, contribuindo para a preservação das florestas locais, sendo o primeiro café 100% conilon sustentável da Amazônia. o evento aconteceu no Pátio Gourmet, zona centro-sul de Manaus, no último dia 20 de maio.

 

>> Confira as fotos do evento na fanpage do Idesam no Facebook

 

O produto é um dos principais resultados de um projeto ambiental desenvolvido no município pela ONG Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas). Iniciado em outubro de 2012, o projeto reuniu cerca de 30 famílias interessadas em inovar na sua produção. Foram feitas capacitações, atividades de assistência técnica e, em pouco tempo, foi possível perceber a melhoria na produção.

De acordo com o gerente do programa Produção Rural Sustentável do Idesam, o ecólogo Gabriel Cardoso Carrero, a produção de café Apuí apresentava um histórico de declínio e estava cada vez mais perdendo espaço para a pecuária.

“O desgaste das áreas de plantio e o baixo retorno deixavam muitos produtores desestimulados a investir na atividade, migrando para atividades que exigiam menos recursos para implementação, como a pecuária extensiva”, explica.

O café  produzido no âmbito do projeto é plantado sem o uso de agrotóxicos e produtos químicos – utilizando práticas orgânicas de produção, onde uma simples garrafa PET com detergente e álcool substituiu o uso de veneno usado anteriormente. Além disso, a plantação é feita com base em um sistema chamado de ‘sombreado’, onde os pés de café são plantados junto a árvores de caule. “Unir as plantas de café com árvores nativas proporciona não somente um benefício ecológico, mas também melhora a qualidade do produto, que não fica tão exposto ao sol forte da região”, destaca Carrero.

Com todos esses benefícios, ainda que o investimento inicial seja maior, os produtores tem um importante incremento em sua produção: em uma das fazendas foi possível aumentar a produção de 9 para 24 sacas sem desmatar novas áreas de floresta. Pelo contrário, áreas que antes abrigavam apenas plantas de café hoje já comportam árvores nativas, como ipê, andiroba, jatobá, entre outras, e estão transformando aos poucos a paisagem do município.

O próximo passo do projeto é obter os selos de pureza e certificação orgânica para o produto final, o que pode agregar mais valor, com retorno financeiro direto aos produtores de Apuí. “O objetivo principal da atividade é fornecer uma melhor alternativa de renda para os produtores da região, para que possam produzir de maneira consciente e sustentável”, explica.

Os processos de secagem e torrefação também foram melhorados no decorrer do projeto. Os produtores foram capacitados e aprenderam boas práticas para armazenar e secar o grão do café após a colheita, contribuindo para um produto final de maior qualidade. “Introduzimos aos produtores práticas que permitiram diminuir de 30% para 1,8% a perda de grãos por pragas no cafezal”, explica o engenheiro agrônomo Vinícius Figueiredo.

 

O que é um café conilon?

O café conilon, também conhecido como “robusta”, é uma variedade de café (Coffea canephora) mais encorpada e comumente utilizada para dar ‘corpo’ às mais diferentes marcas brasileiras de café. Com sabor mais marcante que o café arábica (Coffea arabica), essa variedade tem quase o dobro de cafeína e praticamente metade do açúcar, sendo mais apreciada pelos degustadores do café ‘puro’.

De acordo com recente reportagem do jornal Valor Econômico, no mundo, a participação do robusta é estimada em 40% – há dez anos, a fatia era de 30% –, ante 60% do arábica nos blends de café industrializado.

 

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