DOE AGORA

Produtos amazônicos aproximam famílias ribeirinhas do mercado global de cosméticos

Produtos amazônicos aproximam famílias ribeirinhas do mercado global de cosméticos

Cidades Florestais atua na estruturação técnica de associações comunitárias para atender demanda 

 

Por Henrique Saunier
Foto: Matheus Pedroso

 

A floresta amazônica abriga verdadeiros tesouros ainda pouco explorados economicamente por grandes mercados. Encontrados em abundância na região, produtos não-madeireiros (extraídos sem a necessidade de derrubada de árvores) como o tucumã, cupuaçu, murumuru, copaíba, andiroba e o breu são altamente valorizados e podem ser o motor de uma economia mais justa focada na geração de renda com a preservação da floresta.

Nativo da Amazônia e abundante nas matas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, o breu é um desses produtos promissores que o  Idesam busca fomentar por meio do projeto Cidades Florestais. De cor branca-esverdeada e bastante perfumado, o breu tem potencial para ser amplamente utilizado na perfumaria e produtos de higiene, sendo empregado como aroma de perfumes e colônias e na fabricação de sabonetes, por exemplo.

Também bastante popular e encontrado praticamente em todo o Amazonas, poucas pessoas exploram o potencial do tucumã para além do consumo alimentício da sua polpa. Com apoio técnico e comercial do Cidades Florestais, comunidades amazônicas já realizam o processo de beneficiamento da amêndoa presente no caroço do fruto, transformado em uma ‘manteiga de tucumã’ que pode ser aplicada em cosméticos ou em produtos fitoterápicos.

No segmento de cosméticos capilares, essa matéria-prima pode ser útil na fabricação de fórmulas para tratamentos capilares, atuando na reposição de lipídios estruturais e umidade para devolver a elasticidade natural e força dos cabelos. Ainda na indústria da beleza, a manteiga de tucumã tem alto potencial na composição de xampus e cremes para formação de cachos e tratamento de cabelos crespos.

Breu na sua forma bruta, antes de ser transformado em óleo (Arquivo/Natura)

Todas essas potencialidades só vão conseguir atender as demandas de um mercado extremamente exigente com a estruturação e profissionalização da cadeia extrativista, a exemplo do que produtores do Pará vem fazendo há alguns anos para conseguir vender para gigantes como a Natura. No Amazonas, o projeto Cidades Florestais apoia cinco usinas que possuem capacidade instalada para produzir mais de 200 toneladas anualmente, o que mostra o potencial não só de gerar mais renda para as famílias que vivem no interior do Amazonas como também o de alavancar toda uma economia sustentável sem degradar a floresta.

Para Elisângela Cavalcante, agricultora e produtora extrativista da RDS do Uatumã que há muitos anos trabalha com o plantio e coleta de tucumã (entre outras espécies), o trabalho de apoio técnico e de implantação das usinas trazem um novo olhar para o tucumã e outras espécies. Só na reserva onde Cavalcante atua, cerca de 300 famílias serão beneficiadas com a estruturação de uma mini usina, entregue no começo desse ano com recursos do Fundo Amazônia/BNDES.

“A gente não aproveitava o caroço, a amêndoa do tucumã, então a miniusina é uma esperança para esse reaproveitamento para uma geração de renda para a nossa família e toda a comunidade também. Hoje sabemos que existem iniciativas até para produzir móveis a partir do caroço, e estamos estudando uma possível parceria”, ressalta Cavalcante.

Matheus Pedroso 一 responsável por coordenar a rede de óleos produzidos pelas comunidades beneficiadas pelo Cidades Florestais 一 explica que esses são produtos já conhecidos pela população local, mas que agora estão sendo utilizados para fins não tradicionais e com processos produtivos diferentes. Essa visão compartilhada com as comunidades tem o intuito de demonstrar que a floresta pode gerar mais renda do que eles imaginam, despertando o empoderamento e o interesse em novas atividades econômicas. Segundo Pedroso, além de economicamente mais vantajosas do que as atividades que prevêem a destruição da floresta, a extração sustentável desses insumos evita que as pessoas migrem para trabalhos que envolvam madeireira ilegal ou garimpos clandestinos.

“A Bioeconomia no interior da Amazônia deve ser vista pelo potencial do uso múltiplo da floresta e o Cidades Florestais estrutura associações para produção diversificada de madeira, óleos, essenciais e manteigas vegetais amazônicas, o que é um ganho não só para esses produtores mas para o meio ambiente também”, completa Carlos Gabriel Koury, diretor técnico do Idesam.

A estratégia principal do Cidades Florestais é disponibilizar o apoio técnico e as ferramentas tecnológicas para rastreabilidade dos produtos, permitindo a simplificação na gestão da produção extrativista e também e das usinas de extração. Todo esse trabalho foi pensado principalmente para trazer benefícios sociais para essas comunidades, como a geração de renda para as famílias, o empoderamento dos comunitários, a inclusão de mulheres e jovens nas atividades, a visibilidade e a construção de parcerias das comunidades com as instituições privadas e o governo.


Atualmente, o projeto Cidades Florestais possui um setor comercial que atua na prospecção de novos negócios com empresas do segmento de alimentos, aditivos e cosméticos (higiene pessoal, skin care, hair care, anti aging, maquiagem, entre outros) para que mais produtos de comunidades amazônicas saiam da floresta e ganhem espaço em outros Estados e países.

Tem interesse em adquirir produtos do projeto Cidades Florestais? Envie um e-mail para a nossa equipe responsável: [email protected] ou [email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

WordPress Lightbox Plugin