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Organizações carbono neutro: um passo urgente na corrida climática

Organizações carbono neutro: um passo urgente na corrida climática

Veículo: Inn Context
Autor: Yanina Nemirovski
Em: 11 de Maio de 2021
Traduzido por: Felipe Sá
Temas:   Carbono Neutro Idesam   

Publicado em Inn Context
Por Yanina Nemirovski
Tradução de Felipe Sá

 

Há uma expressão popular atribuída a Mahatma Gandhi que diz: “Você deve ser a mudança que quer ver no mundo”. E, pelo menos quando se trata de ação climática, isso é possível. A crise climática é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, e o futuro da vida no planeta como a conhecemos hoje depende da sua superação. Isso significa alcançar o objetivo estabelecido pela ciência de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC, um valor que não é mais considerado desejável, mas necessário para evitar consequências catastróficas para a vida no planeta.

Por esta razão, o apelo à ação climática é urgente para gerar a mudança que o mundo precisa: avançar rumo à descarbonização da economia. E, como diz aquela famosa frase, neste caso é possível realizar esta mudança, até com ações individuais. Cada vez mais organizações e indivíduos estão iniciando seu próprio processo de transição para a neutralidade em carbono. A Fundação Avina é uma das organizações que aderiram à corrida pelo clima: desde 2019 é uma organização neutra em carbono em suas operações e está no processo de alcançar totalmente a neutralidade em carbono até 2025.

 

A corrida pela neutralidade em carbono

Carbono neutro, pegada de carbono zero ou Net Zero são termos que se referem ao mesmo conceito: alcançar zero emissões líquidas de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa liberados na atmosfera como resultado de uma atividade. Conforme definido pela iniciativa Science Based Targets, emissões líquidas zero significa “Atingir um estado em que as atividades dentro da cadeia de valor de uma organização não causem nenhum impacto líquido sobre o clima devido às emissões de gases de efeito estufa”. Para atingir este objetivo, o primeiro passo é entender que praticamente todas as atividades humanas resultam na emissão de gases de efeito estufa. Portanto, para alcançar a neutralidade em carbono, as emissões devem ser reduzidas ao mínimo possível e aquelas que não podem ser evitadas devem ser compensadas através de estratégias para removê-lo da atmosfera.

O Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) é uma organização sem fins lucrativos que trabalha com temas relacionados ao desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira. O Idesam é uma organização pioneira: desde 2010, começou a implementar o Programa Carbono Neutro, “com o objetivo de ajudar empresas, eventos, parceiros e aliados a neutralizar suas emissões”, conta Victoria Bastos. Bastos é coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam, no qual está inserido o Programa Carbono Neutro. Segundo Bastos, o programa começou como resultado do desejo da organização de neutralizar suas próprias emissões: “O Idesam já estava trabalhando no interior da Amazônia com plantações em sistemas agroflorestais, mas as plantações não estavam relacionadas com a neutralização das emissões. Assim, começamos a desenvolver a expertise. Percebemos que as plantações poderiam ser usadas para neutralizar nossas emissões. Foi assim que o Idesam começou a contar as emissões absorvidas por suas próprias plantações: “isso significa que tivemos que entender até que ponto nosso modelo de plantações em um hectare conseguiu neutralizar as emissões”.

 

Uma vez que uma organização tem seu inventário e conhece o volume de carbono que emite em um determinado período, está em condições de compensá-lo para se tornar carbono neutra.

Victoria Bastos, Coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam

 

O primeiro passo para neutralizar as emissões geradas por uma organização é contabilizá-las. Para isso, há várias metodologias e padrões que podem ser usados para preparar inventários de gases de efeito estufa, que são ferramentas para contar a quantidade e o tipo de gases poluentes liberados na atmosfera. “Usamos as diretrizes do Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol), um órgão reconhecido internacionalmente que estabelece o número mínimo de atividades que devem ser incluídas no inventário de gases de efeito estufa de uma organização e como medir quantitativamente suas emissões. Uma vez que a organização tem seu inventário e conhece o volume de carbono que emite em um determinado período (que normalmente é de um ano), está em condições de compensá-lo para se tornar carbono neutra”, explica Bastos.

Após medir as emissões em um ano, é necessário definir quais medidas serão tomadas para compensar essa quantidade, de modo que as emissões líquidas sejam iguais a zero. Existem vários mecanismos para fazer essa compensação, que vão desde plantações de árvores, o reflorestamento e o investimento em energia renovável, até à compra de títulos no mercado de carbono. O Idesam trabalha com o plantio de árvores nativas no estado do Amazonas. “Realizamos todas os nossos plantios junto a nossos parceiros produtores, para que eles também possam gerar produtos agroflorestais que beneficiem as famílias locais”. Eles utilizam os produtos não madeireiros das árvores, como suas frutas ou óleos, para seu próprio consumo ou venda. As espécies são escolhidas com base no interesse do produtor local, para que possam usá-las para gerar renda ou para melhorar sua segurança alimentar”, explica Bastos. O modelo de compensação proposto pelo Idesam também inclui um impacto social positivo, uma vez que traz benefícios para a população local.

Pedro Soares, gerente do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam, diz que na organização “plantamos árvores não só para capturar carbono, mas também para melhorar a renda das famílias da Amazônia e para recuperar áreas florestais degradadas”. A organização oferece assistência técnica às famílias de produtores, que são responsáveis por cuidar da floresta e receber seus benefícios. De acordo com Soares, “Trabalhamos em uma área protegida pelo Estado. É uma reserva de 400.000 hectares onde vivem várias comunidades. Temos um sistema de monitoramento online no qual você pode obter todas as informações de cada processo: as famílias beneficiadas, as áreas plantadas, o ano, o número de árvores. Criamos este sistema para gerar transparência e também para aproximar os parceiros das famílias, pois nem todos podem ir à Amazônia para ver os resultados.

 

Leia a notícia na íntegra em: https://inncontext.avina.net/organizaciones-carbono-neutrales/

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