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Tecnologia e meio ambiente impulsionam desenvolvimento da região amazônica

Tecnologia e meio ambiente impulsionam desenvolvimento da região amazônica

Temas:   bioeconomia   

Seminário internacional Amazon Tech destacou as inovações que estão unindo tecnologia e bioeconomia para o desenvolvimento sustentável da região

Publicado originalmente na Época Negócios
Foto: Derek Mangabeira/Divulgação

A região amazônica se estende por nove países e é considerada a maior biodiversidade do planeta. No Brasil, a floresta está presente em todos os estados da região Norte – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins -, em boa parte do Mato Grosso e ainda no oeste do Maranhão. Muitos não se dão conta, mas ela ocupa 60% do território brasileiro.

Isso mostra o imenso potencial brasileiro tanto na conservação ambiental da maior floresta tropical do mundo como no desenvolvimento da bioeconomia. O seminário internacional Amazon Tech, promovido nesta quinta-feira (26) para marcar a abertura de um novo escritório regional da Câmara Brasil – Israel (BRIL Chamber) no Amazonas, apresentou algumas das iniciativas que usam inovações e tecnologias para a preservação da floresta e para o desenvolvimento sustentável da população local por meio da bioeconomia. “Precisamos ter visão de prosperidade para região, olhar para 2030. Levar emprego, empreendedorismo e economia próspera. O desmatamento é o subproduto de um sistema muito ruim, com muita informalidade. Temos que encontrar soluções econômicas, sociais e políticas para a prosperidade da região”, avalia Denis Benchimol Minev, cofundador e conselheiro da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Além das solução de monitoramento e segurança da região, especialmente nas fronteiras internacionais, com satélites, radares, drones e inteligência artificial de olho nos rios, nas florestas e nas eventuais ações de garimpo e extração madeireira ilegal, a região abriga projetos como o da See Tree, uma plataforma que faz o monitoramento da ‘saúde’ de cada árvore, catalogando e analisando os dados colhidos.

Criada há apenas sete meses, outra iniciativa local, a Moss, já se tornou a maior viabilizadora de crédito de carbono no mundo, segundo seu CEO, Luis Adaime. Ele destaca que o diferencial da Moss está em usar criptografia de blockchain no comércio de créditos. “Somos uma grande varejista de crédito de carbono. Fazemos uma grande curadoria dos melhores projetos de carbono da Amazônia e com o uso da tecnologia criptografando os créditos, damos segurança, credibilidade e transparência ao processo, e com escala”, explica Luis.

Já a Melodea explora biomateriais como alternativa à matéria-prima de origem fóssil, como o plástico, o causador de um sério problema ambiental hoje. A solução da Melode consiste em nanocristais de celulose (CNC), extraídos das fibras das plantas para desenvolver um novo tipo de embalagem, biodegradável, sem perder as características de condicionamento, proteção e armazenamento.

Soluções de telemedicina, com dispositivos de monitoramento à distância, ajudam nos cuidados com a saúde de populações em áreas remotas da região. Além disso, a tecnologia aplicada à gestão da navegação fluvial, com uso de dados para predição de profundidade das águas dos rios, evita bloqueios no fluxo dos barcos, por exemplo. Essas soluções também estão entre as iniciativas em curso na região amazônica com foco no desenvolvimento sustentável. “A questão não é ter apenas boas práticas, nós temos isso. Muitas organizações empresariais e governamentais estão envolvidas, mas a grande questão é escala”, aponta Jacques Marcovitch, professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

Mariano Cenamo, diretor de Novos Negócios do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas), acredita que a tecnologia pode atender os desafios de logística, desenvolvimento sustentável, biotecnologia e preservação das espécies de flora e fauna da região. “Temos o capital ambiental e o de conhecimento, precisamos fazer convergir esses dois patrimônios em potencial para o Brasil. É preciso complementar conhecimentos em laboratórios e nossa experiência local acumulada. Acredito que vai haver demanda e interesse crescentes de pessoas e instituições em colocar seus esforços nas soluções sociais e ambientais”, conclui.

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