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Aliança Apuí intensifica ações para evitar cenário de queimadas em 2020

Aliança Apuí intensifica ações para evitar cenário de queimadas em 2020

Conscientização de produtores, capacitação de agentes e novos equipamentos estão entre ações efetivas

 

Por Henrique Saunier
Foto: Luiz Rocha

 

Agosto de 2019 ficou marcado na história brasileira com o maior registro de focos de queimadas em florestas no Amazonas, desde quando o monitoramento oficial de queimadas na Amazônia começou a ser realizado pelo governo federal, há mais de 20 anos. Com a compra de equipamentos, palestras de conscientização com produtores rurais e treinamentos de primeiros socorros, a recém-criada Aliança Apuí une esforços de diferentes instituições para mostrar que somente com a integração e a sensibilização da sociedade local será possível evitar que esse cenário negativo se repita em 2020.

Somente no segundo semestre do ano passado, a iniciativa liderada pelo Idesam em parceria com a WWF, WeForest, Farm, Welight e Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Apuí (Semma) conseguiu realizar ações práticas junto a produtores do município. Em dezembro de 2019, a Aliança Apuí reuniu agricultores para falar de cuidados e técnicas de utilização de fogo na atividade agropecuária, um grande tabu ainda visto de diferentes formas por quem vive na região.

Produtores de Apuí como Ronaldo Carlos de Moraes, que recebe apoio técnico do Idesam há sete anos, destaca que mesmo sendo visto como vilão no país, o fogo muitas vezes é um método mais barato para quem não tem condições financeiras de mecanizar o trabalho de preparo da terra para plantio. Moraes afirma que já teve problemas com fogo em sua propriedade, mas conseguiu reverter a situação por conta da utilização de técnicas de contenção, como a construção de aceiros.

“O apoio que mais precisaríamos (para evitar o uso do fogo na agricultura) é de equipamentos. Um trator que pudesse fazer a limpeza do pasto, incorporando a própria matéria orgânica na nova pastagem sem usar o fogo. Mas para isso precisamos de recursos, e isso esbarra muitas vezes na questão latifundiária”, explica o agricultor.

Teste de nova bomba d’água que irá auxiliar no combate ao fogo

Junto com os parceiros que compõem a Aliança Apuí, o Idesam começou a buscar fundos para fortalecer as ações de combate ao fogo do município. Um dos resultados foi a entrega de uma bomba d’água que irá auxiliar no combate a incêndios, assim como aluguel de veículos e treinamento de pessoal local para apoiarem em futuras situações de incêndio. O equipamento foi testado, seguido de treinamento prático sobre a sua utilização e capacitação dos agentes que fazem o trabalho de prevenção.

Vanilse Constante, técnica do Idesam no município e responsável por coordenar as atividades da Aliança Apuí, ressalta que a preocupação em trazer celeridade às ações da iniciativa foi para que anos de trabalho realizado em conjunto com os produtores (nas áreas de café e pecuária sustentável) não fossem totalmente perdidos com o fogo.

“Agora que passou o boom das queimadas, estamos conversando com os produtores que assistimos para ver os resultados, prejuízos e efeitos desse período para eles”, reforça Vanilse.

Apuí x Fogo: Uma Relação histórica

O secretário municipal de meio ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, explica que o município sempre sofreu a pressão do desmatamento e das queimadas, até por ser um projeto de assentamento com objetivo de produção agrícola. Bonfim ressalta que, historicamente, as pessoas foram estimuladas a desmatar para produzir e posteriormente foram “praticamente obrigadas” a usar fogo, pois não se tinha acesso a outras tecnologias.

“Esse é um problema que afeta a todos, então tem que haver uma resposta a altura. Esse instrumento que está sendo criado, a plataforma Aliança Apuí, com um viés de se transformar em um observatório climático de Apuí vem muito a calhar. Observatório é para apresentar os problemas, mas também as ações exitosas frutos de muitas parcerias que são pouco divulgadas”, Domingos Bonfim, secretário municipal de meio ambiente de Apuí.

Mesmo com esse histórico do uso fogo na atividade, Domingos Bonfim reconhece que 2019 foi um ano atípico que fugiu completamente do padrão. “Comparativamente a 2018 é quase 400% o aumento das queimadas. Tudo que aconteceu nesse ano levou as instituições que atuam em Apuí a ter uma preocupação maior e esse alerta de que seria necessário fazer uma ação mais efetiva, buscar mais parcerias para que pudéssemos fazer frente a esse problema e que não se repita em 2020”, pondera o secretário sobre o que levou à criação da Aliança Apuí.

 

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