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‘Caviar amazônico’ se prepara para acessar mercado consumidor

‘Caviar amazônico’ se prepara para acessar mercado consumidor

Apoiado por recursos do Programa Prioritário de Bioeconomia, iniciativa utiliza coprodutos de tambaqui e jaraqui e pretende gerar impacto social para comunidades locais.

 

Por Samuel Simões Neto

 

O caviar é uma das comidas mais valorizadas em todo o mundo. Apreciado como uma iguaria, as ovas de peixe são avaliadas conforme a espécie utilizada e também sua disponibilidade no mercado, podendo ultrapassar valores de 10 mil euros por quilo. No Brasil, o mercado tem crescido cada vez mais: Em 2020 foram importados mais de 6 toneladas da iguaria; o mercado mundial deve movimentar US$ 500 milhões até 2023, um crescimento de cerca de 5,7% desde 2018, segundo a Orbis Research.

Com uma das maiores biodiversidades de peixes de todo o mundo, o Amazonas tem um grande potencial para se tornar um polo produtor deste item. É com essa proposta que o biólogo César Oishi idealizou o projeto ‘Pérolas da Amazônia’, selecionado entre os projetos do PPBio para receber investimentos a partir da Lei de Informática.

O objetivo do projeto, segundo Oishi, é trabalhar com um coproduto do tambaqui, o ovário e as ovas – transformando-os em um produto nobre, agregando valor e lançando um produto inédito a partir dos peixes amazônicos. “Normalmente esse produto, oriundo da piscicultura, é descartado pela falta de um manejo adequado e destinação. O uso desse material como iguaria agrega valor e valoriza espécies da região. No Brasil, esse trabalho só existe até então com trutas e tainhas, na região Sul.

Atualmente o projeto está em fase de teste com mais de 20 variações de produtos, com base nos análogos ou sucedâneos do caviar de tambaqui, dentre essas variações, três serão escolhidos como carros-chefe da produção. O próximo passo será lançar esses três produtos – mais a farofa de jaraqui – e ganhar visibilidade no mercado e inaugurar o produto no mercado porque ele ainda não saiu de dentro da empresa.

O apoio do Programa prioritário de Bioeconomia (PPBio) veio em um período fundamental para agilizar esse processo. “O programa prioritário veio acelerar e estruturar a empresa, uma vez que o volume dos testes de agosto até dezembro de 2020 era menor devido ao próprio recurso ser escasso ou limitado”, explica César.

De acordo com Carlos Koury, diretor técnico do Idesam e coordenador do PPBio, a inovação e o impacto social do projeto são características que contribuíram para a seleção da iniciativa.

“O projeto tem como propósito complementar estruturar comunidades e associações para trabalhar com a coleta e armazenamento dessa matéria-prima, que atualmente é descartada sem qualquer benefício. A partir desse novo produto, cada vez mais as comunidades envolvidas poderão ter sua renda complementada por esse novo mercado”, explica.

“Um de nossos possíveis fornecedores é uma comunidade inteira do interior onde as mulheres poderão fazer esse processamento”, complementa César, indicando ainda que o produto poderá agregar valor à piscicultura, que é uma atividade com grande potencial no Amazonas, mas que ainda precisa ser alavancada. 

Outro benefício do recurso recebido via PPBio é a possibilidade de acesso a profissionais de outras expertises, que somarão ao desenvolvimento do projeto enquanto empresa e/ou modelo de negócio. “A formação da equipe atual não abrange áreas como mercado, direito e empreendedorismo; é fundamental integrarmos esses profissionais à equipe, e os recursos recebidos também serão aplicados com esse fim”, destaca.

 

Debate Novos Negócios

O projeto Pérolas da Amazônia foi um dos convidados para o debate ‘Novos Negócios em Bioeconomia’ realizado por Idesam e PPBio no último dia 6 de agosto. Coordenador do projeto, César destacou os avanços do projeto desde sua concepção, com destaque para o período atual, onde será possível acelerar a produção e lançamento.

Para assistir ao evento na íntegra, acesse este link.

 

Programa Prioritário de Bioeconomia

Desde 2018, o Idesam atua na coordenação do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), captando iniciativas que obedeçam aos requisitos do Comitê das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (Capda). Cabe ao Idesam receber e avaliar propostas de todas as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) habilitadas pela na Suframa/Capda para receber recursos que irão apoiar projetos relevantes para a sociedade.

Além disso, o PPBio consiste na busca por soluções para a exploração econômica sustentável da biodiversidade, a partir do fomento à ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento da Amazônia. Para as empresas de Informática do Polo Industrial de Manaus (PIM), também é uma alternativa descomplicada de investimento da contrapartida dos incentivos fiscais para o desenvolvimento regional, sem risco de glosa ou multas por aplicação indevida de recursos. Para saber mais, acesse http://bioeconomia.org.br.

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