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Em Lábrea, capacitação prepara extrativistas locais para mercado consumidor

Em Lábrea, capacitação prepara extrativistas locais para mercado consumidor

Ação na comunidade Boca do Curunete teve como objetivo estruturar a cadeia produtiva de produtos florestais não madeireiros, em especial o óleo de copaíba

Texto: Lennon Costa

 

A Comunidade Boca do Curuquete, localizada às margens do Rio Ituxi, no município amazonense de Lábrea, foi palco para dois dias de capacitação entre os dias 5 e 6 de abril. O foco das ações foi na cadeia de produtos florestais não madeireiros, em especial o óleo de copaíba, em comunidades da Resex Ituxi atendidas pelo projeto Cidades Florestais: Madeira-Purus, do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).

Promovida de forma híbrida — presencial e online — e seguindo todas as medidas recomendadas para prevenção à COVID-19, a atividade reuniu sete lideranças das associações dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit) e dos Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha (Aspacs), bem como extrativistas comunitários residentes na Reserva Extrativista (Resex) de Ituxi.

“Entre os tópicos abordados com essas lideranças, estavam: divulgação do projeto Cidades Florestais: Madeira-Purus [realizado pelo Idesam através do Projeto LIRA, do Ipê]; estruturação da cadeia produtiva local; conceitos sobre rastreabilidade; boas práticas aplicadas à produção; emprego de recursos tecnológicos e controle de qualidade”, informa Eduardo Wienskoski, coordenador da Rede de Óleos do Idesam..

Para Louise Lauschner, analista de Marketing do Idesam, capacitações como esta são fundamentais para as comunidades atendidas. “A base de qualquer cadeia extrativista é o mateiro, o comunitário que vive da floresta. Conseguir falar com essas pessoas é muito difícil, pois eles costumam viver em comunidades isoladas, com difícil acesso. Diante disso, é muito prazeroso poder falar da relevância do trabalho que essas pessoas fazem, explicar que seu produto está sendo consumido pelo mundo inteiro”, avalia.

 

Tópicos para melhoria

Passados os dois dias de capacitação, Wienskoski pôde compartilhar alguns pontos que merecem atenção, dentro do trabalho realizado pelos extrativistas. “O primeiro é a segurança pessoal. O uso dos equipamentos de proteção individual (como calças e blusas de manga comprida de material grosso — semelhantes às usadas nas roupas profissionais —, chapéu, repelente para mosquitos) normalmente causam desconforto, quando em uso, devido à falta de hábito em utilizá-los e à limitação de não usar por não dispor do recurso. Dessa forma, extrativistas com alto potencial ficam expostos a acidentes simples que poderiam ser evitados por meio de procedimentos de rotina elementares”, explica.

Outro ponto citado é referente a conceitos básicos de boas práticas e sustentabilidade, que, na visão de Eduardo, são tópicos que ainda precisam ser melhor desenvolvidos nas comunidades do interior do Estado. “Devido às longas distâncias, gastos expressivos e o elevado número de comunidades, ações como estas (palestras, cursos e oficinas) são raras”, argumenta.

Por fim, o coordenador da Rede de Óleos do Idesam reforça a necessidade de rastreabilidade nas cadeias de produção. “Esta é a nova tendência do mercado, onde os grandes compradores, em busca de certificações ecológicas e ambientais, se mostram cada vez mais exigentes. E nesse processo de adaptação ao mercado, cada extrativista precisa saber como realizar este procedimento e a sua importância para os consumidores”, pondera.

 

Próximos passos

Após a programação, ficou definida a formação de três equipes compostas por comunitários da Resex Ituxi. “A expectativa é de totalizarem a quantidade de 600 quilogramas de óleo-resina de copaíba, em um prazo de aproximadamente 30 dias. As comunidades Floresta, Boca do Curuquete e Muncantiri serão pontos estratégicos para o armazenamento temporário até que essa produção seja destinada para o município de Lábrea”, informa Eduardo.

O Idesam, por sua vez, oferece apoio fundamental para a estruturação da cadeia produtiva, com o intuito de que ela se torne autossustentável. Para isso, são fornecidos kits de extração, combustível e ancho, montagem de reservatório de óleo, assessoria contábil, entre outras ações de assistência técnica. “A próxima etapa consiste em manter o apoio às demandas de campo e acompanhar os procedimentos e a rastreabilidade do óleo de copaíba até o recebimento em Lábrea, para que seja destinado aos grandes compradores”, explica o coordenador.

O projeto realizará, ainda,  a montagem de um reservatório com capacidade para 1 mil litros de óleo na comunidade Floresta — que, segundo Eduardo, deve ser entregue ainda no primeiro semestre de 2021 — e o apoio aos extrativistas com kits de campo, para que sejam proporcionadas condições para manutenção da produção.

 

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