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Em busca de novos mercados, agroextrativistas reativam associação

Em busca de novos mercados, agroextrativistas reativam associação

Idesam apoiou reestruturação por meio de articulação com famílias e auxílio administrativo

 

Por Henrique Saunier
Imagem: Divulgação Idesam

 

Após quase uma década desativada, a Associação Agroextrativista Aripuanã-Guariba (Asaga), em Apuí-AM, aos poucos se reestrutura para retomar suas atividades, focada no controle de qualidade e preços mais justos na cadeia de óleo de copaíba. Auxiliada pelo Idesam, a reativação da associação é uma conquista fruto do esforço das 11 famílias extrativistas apoiadas pelo projeto, que busca novas parcerias comerciais para alavancar o beneficiamento e comercialização de óleos amazônicos da região.

Com essa nova etapa de reestruturação da associação, importantes conquistas já foram possíveis, como a assinatura de um contrato de fornecimento de 3,8 toneladas de óleo de copaíba para uma empresa do ramo de cosméticos, além de prospectar outras oportunidades de exploração de produtos como buriti, patauá, açaí e breu.

Um dos primeiros passos para a reativação da associação foi uma reunião realizada em outubro de 2018, em Bela Vista do Guariba, comunidade mais central do assentamento e que contou com a participação de 19 comunitários interessados. A reunião ajudou a definir a nova diretoria, quadro de associados e as novas regras da organização.

De acordo com o técnico do projeto do Idesam, Raylton Pereira, até então, a produção das famílias era vendida para atravessadores locais que pagavam preço muito abaixo do mercado. Além de conseguir contratos com preço fixo, o Idesam buscou meios necessários para a reativação da associação e viabilizou as discussões com os comunitários através das reuniões.

Pereira afirma que apesar de a figura do atravessador ainda ser presente no segmento local, a associação conseguiu valorizar o preço pago por quilo do óleo de copaíba, que saiu de R$ 25 para R$37, o que representa um aumento na renda per capta dos moradores do assentamento.

“Essas comunidades estão distantes da sede do município, não possuem escola, posto de saúde, o acesso é pelos rios Aripuanã e Guariba e não possuem estrutura comunitária dentro dessas comunidades. Existe bastante procura por óleo de copaíba por outros compradores, porém não está definido ainda o potencial de produção exato de óleo dentro do PAE Aripuanã Guariba. Além disso, o projeto e a instituição enfrentam a presença dos ‘atravessadores’ que arrematam quase toda a produção de óleo por conta do sistema de aviamento, muito utilizado ainda”, alertou Pereira.

A coordenadora de projeto da unidade do Idesam em Apuí, Aparecida Sardinha, aponta ainda que apesar de existir um alto potencial produtivo de óleo de copaíba no PAE Aripuanã-Guariba, as áreas de extração estão cada vez mais distantes das comunidades, elevando assim o custo de produção. Sardinha e o time de técnicos que atua diretamente com as famílias extrativistas buscam justamente minimizar esses gargalos, em um trabalho que inclui incentivar as boas práticas na extração do óleo e estratégias de redução dos custos na produção.

Atualmente são beneficiadas com esse projeto 11 famílias em cinco comunidades pertencentes ao Projeto de Assentamento (PAE) Aripuanã-Guariba, com participação ativa de jovens e mulheres. A organização do setor ainda precisa enfrentar alguns desafios estruturais em relação à copaíba para evitar a dissolução da associação novamente, como a melhoria na padronização da produção, custo de produção e empoderamento social das lideranças locais.

Sobre o projeto

O Idesam iniciou sua atuação no PAE Aripuanã Guariba através de uma chamada pública do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para assistência técnica em 11 assentamentos, quando percebeu o potencial local da cadeia de copaíba. “Percebemos as fragilidades existentes na cadeia produtiva, bem como os baixos preços pagos aos extrativistas. Historicamente, a região é reconhecida como grande fornecedora de matéria-prima de produtos florestais não madeireiros”, explica Ramom Morato, gerente de produção rural sustentável do Idesam.

Selecionado no edital Floresta em Pé, promovido pela FAS (Fundação Amazonas Sustentável) com apoio do Fundo Amazônia, o projeto gerido pelo Idesam tem por objetivo apoiar grupos de comunitários da região ribeirinha dos rios Aripuanã e Guariba no processo de mapeamento, extração, armazenamento, transporte e comercialização do óleo de Copaíba.

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