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Mulheres amazônidas fazem uma reflexão em apelo à conservação de um dos biomas mais fantástico do planeta

Mulheres amazônidas fazem uma reflexão em apelo à conservação de um dos biomas mais fantástico do planeta

Por Luciano Lima/Idesam
Fotos: divulgação

 

Neste mês de setembro, a conservação da Amazônia está sendo um dos assuntos que puseram, novamente, o Brasil no centro das atenções da pauta socioambiental no mundo. O desmatamento desenfreado somado às queimadas registradas, desde 2019, soou o alerta máximo, trazendo à tona questionamentos sobre o futuro de um dos mais fantásticos e necessários biomas para a sobrevivência do planeta.  

Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revelam que, nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. Essa foi a maior área devastada dos últimos 15 anos para o período, sendo 3% superior à registrada no calendário passado, entre agosto de 2020 e julho de 2021. 

Diante de um cenário nada animador, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazônia (Idesam) conversou com quatro mulheres amazônidas de diferentes contextos sociais, mas, com proposições que as aproximam com a seguinte pergunta: qual a solução para uma Amazônia mais conservada e protegida? 

“Reforçar a educação ambiental nas escolas é essencial para construirmos uma sociedade mais consciente”Angleice Dias, gestora da Escola Municipal Igapó Açu e moradora da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó Açu, localizada na RDS que leva o mesmo nome na BR-319.  

Angleice Dias, gestora da E.M. Igapó Açu (foto: arquivo pessoal)

“Compreendo a preservação como modo de cuidar do que é nosso, cuidar da nossa casa que é a terra. Preservar os recursos naturais é essencial para nossa sobrevivência. Para termos uma vida harmônica com a natureza, precisamos estar conectados a ela. A melhor forma é através da educação”, fala. 

“A educação ambiental é a base. Reforçá-la nas escolas é essencial para construirmos uma sociedade mais consciente, que saiba que dependemos do meio ambiente para sobrevivermos e trabalharmos de forma sustentável, pontua a gestora.  

 

Atualmente, o Idesam realiza a secretaria executiva do Observatório BR-319

“Manter a floresta em pé, é manter a saúde da natureza e da população” – Walda Ferreira, agricultora familiar, associada da Rede Maniva de Agroecologia (REMA) e proprietária da Cesta Verde Dona Walda, no município de Iranduba (AM). 

Walda Ferreira, agricultora familiar (foto: arquivo pessoal)

“Como agroecologista e esse contato com a terra, nós, que somos trabalhadores de orgânicos temos essa preocupação de termos a natureza livre de coisas totalmente maléficas. Na minha propriedade procuro, da melhor forma possível, deixa-la livre de qualquer resíduo. Eu trabalho com um pedacinho de terra e conservo o meio ambiente, mas, infelizmente meu próximo não. Como vamos mostrar essa Amazônia que chega aos olhos do resto mundo, se temos uma realidade diferente?”, questiona. 

“Em termos de Amazônia, acho muito crítico, porque sinto que deveríamos ter um reforço na educação ambiental sem ficarmos à mercê da sorte. A natureza ‘vive chorando de tristeza’, porque o homem não tem um pingo de sensibilidade – o ser humano não conserva. Eu creio que, futuramente, a partir das crianças nas escolas essa realidade poderá mudar”, destaca a agricultora.  

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“A educação é uma ferramenta poderosa que vai nos auxiliar muito no cuidado da floresta” – Elizângela Cavalcante, educadora e moveleira, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã. 

Elizângela Cavalcante, educadora e moveleira (foto: arquivo/Idesam)

“Olhando ao meu redor e observando o rio, a floresta e esse todo esse verde, quero que tudo isso continue sendo assim para as minhas filhas, meus netos e para quem vier. Quando eu penso em Amazônia, penso na educação de quem está hoje, aqui, participando do processo. A educação é uma ferramenta poderosa que vai nos auxiliar muito no cuidado da floresta”, conta. 

“Por meio dela que vamos deixar essa mensagem para as gerações vindouras e compartilhar  a importância de preservar a Amazônia, porque quando alguém diz que verde é vida – na verdade, o verde é a nossa vida”, afirma a educadora.   

 

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“Para pensar a floresta em pé é preciso valorizar a vida das pessoas que mantém nossa floresta em pé – o modo de vida amazônico” – Renata Peixe-Boi, artista, educadora e estudante de Agroecologia, em Manaus (AM). 

Renata Peixe-Boi, artista, educadora e estudante de agroecologia (foto: Rodrigo Duarte).

“Para a floresta continuar é urgente a luta contra a violência e desigualdade que afeta sua população. Para pensar a floresta em pé, precisamos valorizar a vida das pessoas que a mantém em pé – o modo de vida amazônico. A Amazônia é a nossa grande avó que tem muito conhecimento e tudo nos ensina. Precisamos olhar para esse lugar, aprender e crescer em abundância e diversidade como ela”, destaca a artista.  

Impacto e Propósito  

Em 2022, o Idesam completa 18 anos investindo continuamente no desenvolvimento de iniciativas estratégicas colocando em prática projetos e programas, assim como, articulando rede de parceiros estratégicos para escalar impactos.  

As iniciativas visam à redução do desmatamento, dos efeitos climáticos associados a este e à erradicação da pobreza por meio da promoção da organização produtiva comunitária, do aumento da produção rural sustentável e da sua comercialização, assim como, pela da aceleração de negócios de impacto e do desenvolvimento de tecnologias para a solução de entraves e promoção da bioeconomia.  

Uma das ferramentas usadas para mensurar este impacto é o Meios de Vida Sustentáveis (MVS), que permite a avaliação do impacto do projeto no território ao longo do tempo. Esta metodologia permite avaliar o impacto do projeto em diferentes dimensões, a evolução de indicadores em cada dimensão e permite o planejamento adequado para se evoluir de forma equilibrada em todas as dimensões avaliadas, as quais são: Humano, Social, Ambiental, Financeiro e Físico. 

Todo este trabalho é possível graças a doações de pessoas físicas e organizações parceiras ou apoiadoras do trabalho do Idesam. Esta captação de recursos é desafiadora, conforme explica a diretora executiva, Paola Bleicker. 

“Por incrível que pareça, ainda é muito difícil – à exceção de grandes ONGs internacionais – mobilizar as pessoas a doarem para organizações do terceiro setor, principalmente de caráter socioambiental. Não custa lembrar a importância desse gesto: ao apoiar o Idesam você contribui diretamente com a execução de projetos de impacto positivo para comunidades tradicionais na Amazônia, além de gerar, diretamente, a solidariedade – que é um fator crítico para gente desenvolver enquanto sociedade. Esses recursos permitem que a gente desenvolva e implemente alternativas inovadoras de produção sustentável e de  conservação.”, reforça. 

As doações podem ser realizadas na seguinte página doe.idesam.org 

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