Café Apuí Agroflorestal – Idesam https://idesam.org Conservação e Desenvolvimento Sustentável Thu, 22 Apr 2021 19:42:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://idesam.org/wp-content/uploads/2021/01/cropped-logopsite_idesam-32x32.png Café Apuí Agroflorestal – Idesam https://idesam.org 32 32 Oportunidades dos Serviços Ambientais para as cadeias produtivas florestais do Amazonas https://idesam.org/oportunidades-servicos-ambientais-amazonas/ Thu, 22 Apr 2021 19:04:01 +0000 https://idesam.org/?p=23157

O objetivo deste estudo é explorar oportunidades e mecanismos de financiamento complementares que possibilitem a continuidade das atividades desenvolvidas pelo Projeto Cidades Florestais a médio e longo prazo, consolidando as cadeias florestais junto as comunidades apoiadas pelo projeto. Para tanto, o IDESAM buscou desenvolver um modelo de monitoramento que possibilite estimar o potencial da geração de serviços ambientais através das reduções de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), geradas pelas atividades do projeto.

 

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Trajetória do café agroflorestal ganha guia com experiências e boas práticas https://idesam.org/trajetoria-do-cafe-agroflorestal-ganha-guia-com-experiencias-e-boas-praticas/ Tue, 20 Apr 2021 18:13:41 +0000 https://idesam.org/?p=23143 Publicação lançada na véspera do Dia Mundial do Café está disponível na biblioteca virtual do Idesam

 

Texto: Lennon Costa

 

Na semana em que é comemorado o Dia Mundial do Café — 14 de abril —, o Café Apuí, produto de uma iniciativa do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), tem um motivo a mais para comemorar: o lançamento da obra Do projeto à empresa de impacto: A experiência do Café Apuí Agroflorestal. A publicação narra a experiência de sucesso e, nas palavras de Mariano Cenamo, diretor de Novos Negócios e fundador do Idesam, também serve como guia para organizações que estão enfrentando os mesmos desafios.

O lançamento ocorreu durante um encontro online, realizado no último dia 13 de abril. Além de Cenamo, estiveram presentes Marcia Soares, líder de Parcerias no Fundo Vale; Gustavo Pinheiro, coordenador de Economia de Baixo Carbono no Instituto Clima e Sociedade (iCS); e Aline Souza, sócia de Inovação, Negócios de Impacto e ESG na SBSA Advogados. O evento também contou com a parceria em divulgação da da Fundação Rede Amazônica e do Amazon Sat.

“É uma trajetória longa, que se iniciou lá atrás, em 2012, através de uma parceria que o Idesam buscou com os pequenos agricultores de Apuí”, relembra Mariano. “O objetivo era encontrar formas de utilizar terras gerando mais renda, reduzindo o desmatamento e reflorestando áreas degradadas”, complementa o diretor de Novos Negócios do Idesam, ressaltando que o desafio era encontrar alternativas viáveis para a produção sustentável no município.

E o que nasceu como projeto migrou, em 2019, para uma empresa de impacto, a start-up Amazônia Agroflorestal — processo que demandou muitos cuidados. “O Idesam não estava preparado para faturar com o café, emitir nota fiscal. Não está na nossa finalidade. Fizemos então uma rodada de captação e 11 colaboradores se tornaram os primeiros sócios investidores da Amazônia Agroflorestal, que realiza grande parte das operações do café. Atualmente, a marca Café Apuí evolui através de uma grande iniciativa”, revela Mariano.

Para explicar os detalhes jurídicos da empreitada, Aline Souza, advogada e sócia de Inovação, Negócios de Impacto e ESG na SBSA Advogados, destaca que também foram necessários arranjos inovadores. “A Amazônia Agroflorestal é uma sociedade limitada, em que a gente, na hora da constituição, já pensou nas cláusulas B”, afirma ela, referindo-se ao Sistema B, certificação que mede e gerencia impactos sociais e ambientais de organizações. “São cláusulas que já ajudam a pensar na responsabilidade dos administradores e a buscar a geração de impacto positivo socioambiental na atividade econômica exercida por aquela empresa”, complementa.

Na constituição da empresa na Junta Comercial do Amazonas, relembra Aline, as cláusulas B foram responsáveis por dar início à configuração do contrato social da Amazônia Agroflorestal. “Em seguida, elaboramos um parecer bastante sofisticado para o Idesam, com análises de cenários, prós e contras. Fomos estudando os vínculos possíveis entre o Idesam, uma organização sem fins lucrativos, e a Amazônia Agroflorestal, uma nova empresa que estava responsável por dar continuidade a esse projeto”, comenta a advogada.

 

Dicas

Durante o evento, a advogada compartilhou dicas para organizações que buscam o mesmo caminho trilhado pelo Idesam no caso do Café Apuí — entre o que fazer e o que evitar. “É a extração das lições que a gente aprendeu nesse processo todo, juntamente com os estudos de cenário para o Idesam”, explica.

“Sobre o que fazer, é importante conhecer os diferentes conceitos sobre negócios sociais, negócios de impacto, empresas regenerativas, enfim, pois há um grande guarda-chuva de terminologias e conceitos e sempre oriento que a iniciativa busque se alinhar com aquilo que tiver mais identidade com seu perfil. O segundo ponto, principalmente para quem está interessado em fazer vínculo societário, é acompanhar as ações da Enimpacto (Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto). A terceira é conhecer quais são os limites jurídicos para desenhar um arranjo societário e contratual”, lista a advogada, citando como última dica positiva a busca por apoio especializado e conhecimento de modelos de sucesso.

A respeito do que não fazer, Aline enumerou os seguintes pontos: 1. Simulação: Criar uma expectativa irreal, fazendo crer que determinado negócio foi realizado, quando, na verdade, foi outro; 2. Confusão patrimonial: Não separar de fato os patrimônios dos envolvidos; 3. Conflito de interesses/partes relacionadas: Utilizar de sua posição ambivalente para extrair benefícios pessoais ou institucionais; e 4. Estruturar sem clareza de separação de objeto e governança.

 

O encontro

Presente ao evento, Gustavo Pinheiro, coordenador de Economia de Baixo Carbono no Instituto Clima e Sociedade (iCS), falou sobre como a filantropia faz para acreditar e investir em diferentes etapas da curva de desenvolvimento de negócios, ou seja, qual a importância de pensar em novos modelos para o terceiro setor. “Para nós, no iCS, esse projeto com o Idesam, do Café, é um grande aprendizado. Essa publicação e a fala da Aline compõem uma base muito importante para construirmos modelos e até consolidarmos entendimentos, tanto no meio jurídico quanto no meio administrativo de institutos e fundações, do que é possível fazer em prol desse tipo de inovação”, exalta.

 Por sua vez, Marcia Soares, líder de Parcerias no Fundo Vale, falou sobre a forma como a instituição tem apoiado organizações e negócios de impacto. “É uma história de muito aprendizado, desafio e inovação. Estamos há dez anos na Amazônia e apoiamos diferentes agendas, entre elas as produtivas locais. Nós acreditamos que proporcionar um modelo diferente para que as populações locais, ao invés de degradar ou partir para uma atitude de desmatamento, pudessem ter uma renda gerada a partir de projetos de conservação sempre esteve em nosso DNA. A questão principal é que fomos percebendo que, de fato, a questão econômica está no cerne da devastação, mas também é oportunidade para virar essa chave”, argumenta.

“Então, fomos amadurecendo ao longo dessa trajetória e percebendo que o lugar do Fundo Vale seria por meio de negócios de impacto socioambiental, fortalecendo essa economia que mantém a floresta em pé”, acrescenta a líder de Parceria do Fundo Vale. “E isso foi bacana do Café Apuí, que a gente participou desde quando nem o Fundo Vale pensava em investir em negócios de impacto. Ele surgiu como um projeto que provocava uma mudança de uso do solo em uma região completamente impactada pelo desmatamento”, emendou Marcia.

 

História e perspectivas

Os primeiros passos do Café Apuí vieram da história de um casal de produtores locais, Maria das Dores e Francisco. “Eles tinham um cafezal, mas o abandonaram, pois não davam conta. Lá, cresceram muitas imbaúbas, que proporcionaram sombra, adubo — com a queda das folhas — e fecharam a área, impedindo que outras espécies viessem a concorrer por espaço”, conta Mariano Cenamo.

O resultado, como recorda o diretor de Novos Negócios do Idesam, foi um café mais produtivo e saboroso, ambos benefícios proporcionados pelo sistema agroflorestal. “Isso permite uma maturação mais uniforme dos grãos, um acúmulo de açúcar maior — conferindo mais qualidade — e ainda reduz a necessidade de mão de obra, de trato cultural e de adubo”, complementa, ressaltando que o processo conduzido pela natureza o encantou, dando origem ao projeto.

Segundo ele, uma ideia levada em consideração até hoje é a de que não é possível se falar em conter o desmatamento ou a expansão de áreas de produção sem encontrar alternativas econômicas que gerem renda e que melhorem a qualidade de vida dos que estão nas fronteiras do desmatamento na Amazônia. No caso de Apuí, a pecuária é a opção mais presente — apesar de pouco rentável, exige pouca mão de obra e muita liquidez para a compra de gado. “Foi assim que Apuí se tornou, em anos recentes, um município campeão de desmatamento. Nosso levantamento indica que pelo menos 80% da renda primária a partir de uso da terra, no município, vem da pecuária”, reforça.

Atualmente, o impacto da cultura agroflorestal do café se estende a toda a cadeia produtiva. “Já plantamos mais de 14 mil espécies de plantas nativas; temos conseguido um aumento de 66% na produtividade em relação ao sistema convencional. Além disso, reflorestamos 45 hectares (a meta é superar 300, nos próximos anos) e temos gerado um aumento médio de renda para o produtor de 300%, beneficiando diretamente 59 famílias, mas com meta de superar 200”, lista Mariano.

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Do Projeto à Empresa de Impacto: a Experiência do Café Apuí Agroflorestal https://idesam.org/do-projeto-a-empresa-de-impacto/ Tue, 13 Apr 2021 12:52:42 +0000 https://idesam.org/?p=23110

É preciso inovar para promover o desenvolvimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade ao mesmo tempo em que cuidamos das pessoas e da biodiversidade amazônica. O Projeto Café Apuí Agroflorestal faz parte dessa trajetória de inovações do Idesam, que em 2020 completou 16 anos de atuação na Amazônia. Esta publicação tem como objetivo compartilhar as principais lições aprendidas ao longo de uma empreitada persistente de transformar o “projeto em um negócio de impacto” nas fronteiras do desmatamento na Amazônia.

 

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100 Inovadores pelo Clima: Mariano Cenamo https://idesam.org/100-inovadores-pelo-clima-mariano-cenamo/ Fri, 09 Apr 2021 21:28:41 +0000 https://idesam.org/?p=23103

Publicado em Época Negócios – Abril/2021

 

NEGÓCIOS COM LUCRO FINANCEIRO E AMBIENTAL

O engenheiro florestal Mariano Cenamo sonha em fomentar a criação de um unicórnio na região amazônica. Há 17 anos, ele criou o Idesam, ONG que se tornou uma referência mundial no fomento a negócios que ajudam a preservar as florestas e ao mesmo tempo gerando atividades econômicas para os moradores locais.

“A única forma de garantirmos a conservação da floresta é pelo desenvolvimento de negócios sustentáveis”, diz. Um dos projetos mais bem-sucedidos é o Café Apuí, que permitiu o desenvolvimento de uma cultura de café orgânico que dá emprego e renda para moradores da cidade de Apuí, no sul do Amazonas.

Hoje o projeto ajuda 40 produtores. Em cinco anos, a meta é aumentar esse número em dez vezes.

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Mulheres e jovens se destacam na produção de óleos essenciais em Apuí-AM https://idesam.org/mulheres-e-jovens-se-destacam-na-producao-de-oleos-essenciais-em-apui-am/ Wed, 10 Mar 2021 12:00:00 +0000 https://idesam.org/?p=22934

Integração dos projetos Café em Agrofloresta e Cidades Florestais trouxe mais benefícios às famílias parceiras do Idesam na região

Por Henrique Saunier
Foto: Bruna Rozella

Há mais de uma década atuando em Apuí-AM na difusão de práticas sustentáveis voltadas às famílias que usam de recursos da floresta para gerar renda, o Idesam apoia a estruturação e operação de uma miniusina de óleos vegetais, que desde o ano passado já tem rendido os primeiros frutos positivos para produtores extrativistas do município, responsáveis por gerenciar a estrutura. De ponta a ponta na cadeia de óleos que o Idesam busca valorizar por meio de projetos como Cidades Florestais, as mulheres têm desempenhado um papel crucial no sucesso dos resultados alcançados até o momento.

Seja no campo cuidando das plantas que serão transformadas em valiosos óleos, seja na linha de produção auxiliando para que nada dê errado ou ainda nas negociações com grandes empresas para levar os produtos à prateleira do consumidor, o Idesam conta com um time diverso que se preocupa com a inclusão das mulheres e jovens em atividades estratégicas. Isso tem sido um dos motivos pela integração bem sucedida entre as famílias produtoras orgânicas do “Café em Agrofloresta” com o Cidades Florestais, que tem utilizado a matéria-prima do café verde para a produção de óleos essenciais. Além de mais uma oportunidade de geração de renda para estas famílias, essa relação comercial demonstra um alto potencial que a região possui para a produção de óleos amazônicos.

Aparecida Sardinha, coordenadora local de projetos que atua no Cidades Florestais é uma das responsáveis por direcionar os plantios de café para fornecer óleos à miniusina. Atualmente, a equipe da Coordenação Apuí do Idesam trabalha diretamente com a Associação dos Produtores Familiares Ouro Verde (APFOV), localizada no projeto de assentamento Rio Juma, e agora beneficiada com a estrutura fabril montada no município, com recursos do Fundo Amazônia/BNDES.

Só no ano passado, aproximadamente 20 sacas de café foram transformadas em óleos na miniusina, com parte da produção servindo de amostras para divulgação, além do primeiro envase oficial em frascos de 30 mililitros. Ainda feito de maneira terceirizada por uma empresa parceira (Biozer), agora os produtores se preparam tecnicamente para também realizar esta estapa essencial da cadeia. Além do óleo de café, a miniusina já realizou testes bem sucedidos de óleo de buriti e óleo essencial de pitanga – devendo realizar testes para produzir também óleos essenciais de pimenta de macaco e de patauá.

A estratégia de trabalhar na miniusina com as mesmas famílias que já produziam o Café Apuí Agroflorestal tem se mostrado uma tacada certeira. Acostumadas às técnicas agroflorestais aplicadas em seus cafezais, as 24 famílias associadas podem agora focar no cultivo de espécies que possam ser utilizadas na miniusina, que no momento passa por adequações para receber certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sardinha explica que escolher trabalhar com espécies que eles já produziam foi algo crucial.  

“Um dos maiores desafios é encontrar produtos que tenham um retorno viável para os produtores. Estamos com um trabalho forte na plantação de aromáticas, mas vimos que nem todas as espécies depois poderão ser absorvidas pela usina, que pode não ter um retorno financeiro da venda daquele óleo específico. Então estamos em uma fase de pesquisas e testes para saber quais as melhores espécies para incentivar”, explica Sardinha.

Aparecida Sardinha com parte da equipe da miniusina de Apuí (Arquivo Pessoal)

“Além de fazerem a gestão da usina, as famílias são beneficiadas com a entrega da produção. É muito comum ter essa divisão, onde o homem se ocupa com outras atividades da propriedade, então os mais jovens e as mulheres acabam ficando mais dispostas a estas atividades na usina, que hoje conta com seis operadores e provavelmente aumente com a demanda crescente de produção”, destaca Sardinha. 

Produtora rural e auxiliar de produção na miniusina de Apuí, Marluci Correia divide compartilha um laço familiar em todas as atividades profissionais que desempenha. Ela relata que a experiência tem sido engrandecedora não só pelas novas técnicas de extração de óleos que está aprendendo, mas também por dividir a atividade junto com o seu filho de 21 anos, que lidera a produção na estrutura.

“Conheci o trabalho do Idesam há mais de quatro anos, por meio de reuniões na comunidade para trabalhar com café. Sempre produzimos café, mas com o Idesam passamos a produzir de maneira organizada e sem agrotóxicos, o que agrega mais valor ao nosso produto. Agora começamos a plantar cacau e também temos hortaliças, mas ainda não orgânica, pois estamos trabalhando para receber a certificação”, ressalta Marluci.

Marluci Correia em atividade na miniusina de Apuí-AM (Arquivo Pessoal)

Mulheres e jovens mais qualificados

O processo de certificação orgânica participativa, que o Idesam tem ajudado a implantar com apoio da Rede Maniva de Agroecologia passa por muitas etapas de qualificação. Sem trégua da pandemia do novo coronavírus, os encontros, cursos e assistência técnica ainda precisam ser realizadas de maneira remota, conforme lembra Marina Reia, que desde o ano passado é responsável pela Coordenação Apuí do Idesam.

“Nosso plano para esse grupo de mulheres e jovens é neste primeiro momento continuar a capacitações de forma remota, via vídeo, podcasts e apostilas. Assim que a pandemia recuar, pretendemos estar mais juntos em campo para a parte mais prática de manejo das hortaliças, de aromáticas”, pontua a coordenadora.

Marina Reia em 2018 com família de produtora de Apuí-AM (Divulgação/Derek Mangabeira)

Marina Reia aposta também no avanço da certificação orgânica das famílias produtoras de Apuí, confiante que ainda há espaço para expansão da atividade na região. “Toda família que for entrar pela primeira vez no projeto e for receber implantação de SAF (Sistema Agroflorestal) ou mesmo a reforma do seu cafezal para a conversão em sistemas agroflorestais, vai receber esse pacote completo de formação para acessar a certificação orgânica. É importante ressaltar que não levamos apenas os conceitos da parte produtiva, mas também investimos muito na organização social até chegar na parte da comercialização”, reforça.

Aparecida Sardinha completa que todo o processo de treinamento pelo qual as famílias passaram (e ainda passam) para aprender a tirar o melhor proveito da miniusina agregou ainda mais ao seu trabalho. “Eu mesma que sou técnica, aproveitei muito as qualificações para aprender procedimentos e regras da Anvisa. Não é de qualquer jeito que se planta, que se extrai, é preciso conhecer diversos fatores. As capacitações em si já são muito importantes e vamos fazer ainda mais treinamentos com as famílias, com as mulheres, pois isso valoriza a própria associação”, conclui Sardinha.

Um novo mercado para óleos amazônicos

Outro elo fundamental entre as famílias produtoras e o consumidor final está nas mãos de Louise Lauschner, amazonense natural de Maués e profissional responsável por toda a parte comercial de produtos da marca coletiva Inatú Amazônia, criada para comercializar produtos da sociobiodiversidade fornecidos por associações e cooperativas apoiadas pelo projeto Cidades Florestais.

“Temos um investimento muito alto na usina e o grande desafio é fazer com que os óleos produzidos aqui sejam comercializados. O projeto Cidades Florestais já comercializou mais de R$ 1, 5milhão em óleos, então além deste investimento, já existe também um retorno para as associações e cooperativas participantes. Com a Marca Inatú, esses grupos podem vender os óleos direto para o consumidor final, que tem a garantia de estar comprando um produto amazônico vindo de um comércio justo, onde toda a cadeia está sendo remunerada da maneira ideal”, acrescenta Lauschner.

Louise Lauschner em atividade de campo do Idesam no interior do Amazonas (Arquivo Pessoal)

A produção de óleo de café na usina foi planejada com o objetivo de aproveitar uma cultura já consolidada no município, além da oportunidade de alto valor de mercado que o produto possui. A organização que detém a gestão da usina – a mesma que desenvolve as atividades do Café Apuí – foi responsável pela produção de 17 litros de óleo de café verde, que agora estão disponíveis para comercialização em frascos de 30 mililitros.

“Também foram realizados testes com óleo de açaí, alfavaca e citronela. Para 2021, esperamos só com café, o retorno para a Ouro Verde de cerca de R$60 mil, referentes às produções de 2020 e 2021, sem contar os retornos com a produção de óleo buriti, pitanga e óleo essencial de copaíba que serão extraídos em 2021”, adianta André Vianna, gerente do Programa de Manejo e Tecnologias Florestais do Idesam e coordenador do Cidades Florestais. Além da usina de óleos gerida pela Ouro Verde, o Idesam também presta assessoria técni ae de gestão a ASAGA, associação de moradores da Projeto de Assentamento Agroextrativista que tem gerado R$300 mil por ano a seus associados em vendas de óleo de copáiba.

Para o Secretário Municipal do Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, as pessoas esquecem que o município, antes do projeto de assentamento, era formado por comunidades tradicionais. “Com a criação do assentamento, meio que algumas atividades foram ficando esquecidas, não foram priorizadas por muito tempo, como é o caso do extrativismo. A usina vem a atender essas comunidades que ainda se ocupam do extrativismo e, além disso, traz oportunidade para o cultivo de outras espécies que sirvam de matéria-prima para a produção de óleos. É muito importante que essa iniciativa ganhe escala em Apuí, pois temos muita demanda para esse tipo de empreendimento”, reforça.

Sobre o CIDADES FLORESTAIS e CAFÉ APUÍ AGROFLORESTAL

Oitavo município do Brasil com a maior taxa de desmatamento decorrente da produção pecuária insustentável e sem ganhos sociais, Apuí/AM se tornou o cenário ideal para a implantação de um programa voltado à regeneração de terras degradadas. Por meio da iniciativa de resgate e valorização das tradições da agricultura familiar, aplicando técnicas de Sistemas Agroflorestais (SAFs), desde 2012 o Idesam e agricultores locais trabalham juntos no projeto Café em Agrofloresta. O projeto oferece todo um suporte aos produtores, desde a coleta das sementes para produzir as mudas até a comercialização do café. Com todo esse trabalho de apoio na cadeia local, o projeto gerou dois produtos: o Café Apuí Agroflorestal (o primeiro do tipo na Amazônia) e o Café Apuí Agroflorestal Orgânico, que despontam como uma alternativa sustentável de geração de renda para conter o desmatamento. Para mais informações, acesse https://idesam.org/cafe-em-agrofloresta/

Iniciado em 2018, o Cidades Florestais tem como propósito promover a economia florestal de municípios do interior do Amazonas. Por meio do fomento a cadeias produtivas florestais, madeireiras e de óleos vegetais, a iniciativa tem beneficiado comunidades em 09 municípios do Amazonas. As ações do projeto são desenvolvidas pelo Idesam, com apoio do Fundo Amazônia/BNDES. Atualmente, 13 organizações sociais participam ativamente das ações, que incluem a implantação de plataforma digital e aplicativo de apoio à gestão da produção comunitária. Entre as iniciativas planejadas e realizadas pelo Cidades Florestais estão a aquisição de novos equipamentos e maquinários para a atividade florestal, instalação de uma Rede de Óleos da Amazônia, incluindo a construção de duas novas mini usinas de extração de óleos vegetais, com apoio estrutural e gerencial a outras três usinas já existentes. Para saber mais, acesse https://idesam.org/cidades-florestais/

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WeForest e Idesam se unem para expandir iniciativa de Café Agroflorestal de Apuí https://idesam.org/weforest-e-idesam-se-unem-para-expandir-iniciativa-de-cafe-agroflorestal-de-apui/ Thu, 26 Nov 2020 14:34:23 +0000 https://idesam.org/?p=21824

Por meio da nova parceria, 175 hectares de sistemas agroflorestais (SAF) serão implantados em Apuí nos próximos cinco anos

Por Comunicação Idesam
Foto: Henrique Saunier/Divulgação Idesam

 

WeForest e Idesam uniram forças para intensificar a iniciativa do café Agroflorestal Apuí, um empreendimento pioneiro na produção rural sustentável no município de Apuí na região sul do Estado do Amazonas, Brasil. Por meio dessa nova parceria, 175 hectares de sistemas agroflorestais (SAF) serão implantados em Apuí nos próximos cinco anos, beneficiando mais de 150 famílias locais.

 

A Amazônia é um dos biomas de maior biodiversidade do mundo, responsável por regular o regime de chuvas em várias regiões da América do Sul. No entanto, este bioma tem enfrentado picos recentes do desmatamento.

 

O município de Apuí é atualmente o segundo município mais desmatado do Estado do Amazonas. O principal desafio dessa nova parceria é reverter esse quadro e reduzir o desmatamento em Apuí, envolvendo os pequenos agricultores e desenvolvendo um novo modelo de produção rural sustentável para a região.

 

O objetivo do projeto é promover sistemas de produção de base florestal a partir do consórcio de árvores nativas nas plantações de café como forma de regenerar a fertilidade do solo, aumentar a produção de café e reflorestar a terra. Os principais objetivos do projeto são:

 

  • Melhorar a renda dos proprietários de terras por meio de sistemas de produção de base florestal;
  • Aumentar a cobertura florestal por meio de sistemas de produção de base florestal;
  • Reduzir o desmatamento na paisagem mais ampla e as emissões de GEE em um município crítico da Amazônia brasileira.

 

O IDESAM atua em Apuí com sistemas agroflorestais de café desde 2012, dando suporte técnico aos cafeicultores locais e comercializando o café no mercado nacional e internacional, oferecendo um meio sustentável de geração de renda para as famílias locais, reduzindo o desmatamento e restaurando terras degradadas. Em mais de 10 anos de experiência na região, o IDESAM já alcançou resultados expressivos, com mais de 50 famílias engajadas na produção e comercialização de café agroflorestal e 50 hectares de terras degradadas e improdutivas recuperadas por meio de técnicas de agroecologia regenerativa.

 

Sobre as instituições

 

O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM) é uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 2004, com sede em Manaus, Estado do Amazonas, Brasil. O objetivo do Instituto é criar e desenvolver sistemas e soluções inovadores para mitigar as mudanças climáticas, promovendo a conservação da floresta e reduzindo o desmatamento tropical.

 

WeForest é uma organização belga sem fins lucrativos que desenvolve projetos de restauração de florestas, atualmente no Brasil, Etiópia, Índia, Senegal, Tanzânia e Zâmbia. Sua missão é promover soluções inovadoras, escaláveis e sustentáveis para restaurar as paisagens florestais para o clima, as pessoas e o planeta.

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Cultivando café regenerativo na Amazônia com o Idesam https://idesam.org/cultivando-cafe-regenerativo-na-amazonia-com-o-idesam/ Tue, 06 Oct 2020 21:54:55 +0000 https://idesam.org/?p=21410 Publicado originalmente em Renature.co
(Traduzido por Felipe Sá)

O projeto Café Apuí Agroflorestal apoia o reflorestamento de uma das regiões mais desmatadas do Brasil, o Sul do estado do Amazonas, com a criação de um negócio comercialmente viável de café regenerativo com 30 agricultores locais (com o potencial de expansão para 200 agricultores).

O Idesam, ONG brasileira da região amazônica, está plantando árvores em cafezais aumentando sua produtividade e melhorando a qualidade de vida e evitando mais desmatamento na área. O projeto de café agroflorestal teve início há 8 anos e tem rendido frutos expressivos em termos de geração de renda, redução do desmatamento e restauro de áreas degradadas na região.

O sucesso do projeto é destaque em diversos veículos de comunicação, tanto nacional (Estadão, Folha de São Paulo, Valor Econômico, Revista Exame etc), quanto internacionalmente, com a Declaração de Nova Iorque sobre Florestas (New York Declaration on Forests, em inglês), criando oportunidades para o aumento da escala e conquista de sustentabilidade financeira no longo prazo.

Com a reNature e parceiros locais, como Fundo Vale, iCS e WWF, o plano agora é aperfeiçoar o modelo já existente, implementar um centro educacional para a capacitação local, abrir novos mercados para o Café Apuí Agroflorestal e captar novos investidores para apoiar o crescimento do projeto.

Por que café ao invés de gado?

Em Apuí (AM), o café é tradicionalmente cultivado em monoculturas, o que conduz à degradação e à redução da produtividade. A produção caiu para uma média de 8 sacas por hectare por ano, o que é muito inferior ao potencial do município. Isso, somado à falta de incentivos, apoio técnico e desafios na comercialização levaram os agricultores a, gradualmente, abandonarem o cultivo de café. Os produtores começaram, então, a investir na pecuária, provocando mais desmatamento. Apuí é, hoje, o segundo município mais desmatado no estado do Amazonas.

Principal objetivo

O principal objetivo da parceria entre Idesam, reNature e LB Foundation está alinhado a políticas de desenvolvimento rural existentes, e está apoiado em uma reconhecida estratégia econômica para tirar agricultores da pobreza por meio de um “empurrão”, canalizando investimentos que abordam 3 objetivos centrais:

  1. Aumento da capacidade produtiva: (a) Impulsionando o projeto agroflorestal e a modelagem econômica e (b) melhorando a produção e o processamento/valor agregado em geral;
  2. Fortalecimento da capacidade organizacional dos agricultores e melhoria da qualidade da produção do café e;
  3. Melhoria e expansão do acesso do café agroflorestal ao mercado.

Combinando a estratégia da Escola Modelo da reNature e a expertise do Idesam com sistemas agroflorestais, cafeicultores serão apoiados na adoção e na manutenção de práticas agroflorestais. Além disso, a fazenda piloto existente será avaliada e aperfeiçoada. Essa Escola Modelo apoiará os agricultores com conhecimento e capacitação para que executem a transição para o sistema e que se conectem com os mercados e as instalações de processamento existentes.

Inspiração é a chave para o cultivo de café na Amazônia

O projeto apresentará os benefícios da Agrofloresta Regenerativa como meio de reflorestar a Amazônia, aumentar a produtividade agrícola e valorizar o café em larga escala. Isso atrairá a atenção do grande público e de outros agricultores e os inspirará a adotar abordagens semelhantes, conscientizando-os. O Idesam aprofunda suas práticas em vários níveis de políticas no Brasil.

Café Agroflorestal

Em sistemas agroflorestais, o café é plantado junto a outras espécies nativas de café, como Ipê, Andiroba e Jatobá. Elas garantem o sombreamento necessário e melhoram a regulação do microclima do local. A humidade é melhor retida, os ciclos de nutrientes e da água são restaurados e a fertilidade do solo melhora naturalmente. Hoje, uma simples garrafa PET é utilizada com detergente e álcool para controlar pragas, substituindo os pesticidas químicos usados anteriormente. Dessa maneira, os sistemas agroflorestais de café são orgânicos e beneficiam a biodiversidade local e o clima. Além disso, o aumento da produtividade reduzirá a necessidade dos agricultores de desmatar novas áreas para a agricultura.

Aumento da renda dos agricultores

Com a melhoria da fertilidade do solo e do sombreamento das árvores, a produção de café melhorará tanto em produtividade quanto em qualidade. Os pilotos existentes já duplicaram a produtividade de 8 para 17 sacas por hectare, diminuíram as perdas relacionadas a pragas de 30% para 1,8%, e aumentaram a renda anual dos fazendeiros em cerca de 300%. O projeto também viabiliza acesso a mercados, ao processamento sofisticado, à certificação orgânica e apoia a comercialização, beneficiando os agricultores.

Impacto social

O projeto tem a expectativa de melhorar a qualidade de vida de até 200 pequenos agricultores e suas famílias durante os próximos 3 anos. Outros benefícios são o aumento do valor recreativo da área e a redução do uso de produtos químicos e, consequentemente, de seus impactos prejudiciais à saúde.

Objetivo

A ideia é criar condições favoráveis que possam abrir o caminho para que os agricultores melhorem seu sustento e se tornem independentes para, futuramente, expandirem de forma orgânica e autossuficiente, gerando, ao mesmo tempo, impacto ambiental positivo.

Principal foco

Enfrentar o desmatamento com o plantio de café agroflorestal.

Parceiros

Idesam, LB Foundation, Fundo Vale, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e WWF.

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Café sombreado ajuda a recuperar a floresta https://idesam.org/cafe-sombreado-ajuda-a-recuperar-a-floresta/ https://idesam.org/cafe-sombreado-ajuda-a-recuperar-a-floresta/#respond Tue, 01 Sep 2020 22:59:02 +0000 https://idesam.org/?p=20936 Combinando o cultivo do grão a árvores da região, projeto que envolve 45 produtores no município de Apuí conseguiu dobrar a produtividade e planeja venda para o exterior

Texto: Cleide Silva para O Estado de São Paulo
Foto: Arquivo Idesam

Nascido em uma família de mineiros que cultivava café, Ronaldo Carlos de Moraes migrou há 12 anos para Apuí (AM), um dos municípios com maior índice de desmatamento na Amazônia, situado à beira da Rodovia Transamazônica. Lá também começou uma roça e plantou o grão no modelo convencional, a pleno sol, mas a produtividade era baixa e a renda familiar sempre tinha de ser complementada com outros trabalhos, como ajudante em outras plantações.

A situação começou a mudar há cerca de oito anos, quando ele alterou o modelo de produção para o sistema sombreado, com café conilon, mais rústico que o tradicional arábica. Para esse cultivo, Moraes teve de plantar também outras árvores, como as de açaí, andiroba e copaíba que, além de fazerem sombra para o café, ajudam a obter renda extra com a venda dos frutos e a extração de óleos.

“Depois dessa mudança melhorou tanta coisa que nem sei por onde começar”, diz Moraes, hoje com 41 anos. Ele relata aumento de 35% a 40% na renda e a melhora na saúde depois que parou de usar agrotóxico na plantação. “Conseguimos melhorar a casa, comprar alguns móveis e eletrodomésticos”, afirma. Ele tem ajuda da mulher, Daguimar e um pouco das filhas Lorraine de 13 anos e Juliana de 9 quando não estão na escola.

Moraes é um dos 45 produtores de Apuí que participam de um projeto do Instituto de Conservação e Desenvolvimento da Amazônia (Idesam) que introduziu o cultivo de café sombreado no município depois de constatar que o produto se dava bem naquele solo, mas à sombra.

Além disso, por se tratar de uma área degradada, a entidade adotou um sistema agroflorestal, que combina o plantio de floresta com a agricultura,
ajudando ainda a recuperar o que tinha sido desmatado.

Para iniciar o projeto que incluía preparar a terra, doar insumos, mudas de café e de árvores nativas, além de ajuda técnica sobre plantio, o Idesam conseguiu, em 2012, ajuda do Fundo Vale. Hoje a região tem mais de 40 hectares de café agroflorestal, com certificação orgânica e está sendo comercializado no Amazonas, em São Paulo, Rio de Janeiro e
pelo Mercado Livre com o nome de Café Apuí Agroflorestal.

Um lote para testes foi enviado para uma empresa alemã que já aprovou o produto e, em breve, será iniciada a exportação.

PRODUTIVIDADE MAIOR

“Antes, a produção era de seis a sete sacas de café por hectare, e, depois da introdução de técnicas de agricultura sustentável, plantio de árvores, sombreamento e manejo a média é de 15 sacas por hectare”, informa Pedro Soares, gestor ambiental e gerente do programa de mudanças climáticas do Idesam. “Além do ganho em produtividade, tem o valor agregado, pois agora é um produto de melhor qualidade, com certificação orgânica e preço de mercado maior”, completa ele. “E esse ganho é repassado ao produtor.”

Os agricultores entregam os grãos a um torrefador na própria cidade que se juntou ao grupo e torra, mói e embala o café, que depois é levado para Manaus, de onde é redistribuído para os compradores.

No ano passado os produtores decidiram criar uma startup para migrar o modelo de operação para um negócio que gere renda e receita sem depender apenas de instituições. Nasceu então a Amazônia Agroflorestal, que, formalmente, tem um diretor – o dono da empresa de torrefação –, um único funcionário para cuidar dos contatos comerciais e, informalmente, 45 sócios.

RODADA DE CAPTAÇÃO
O mais importante com a criação da empresa, ressalta Soares, é poder captar investimentos para ampliar o negócio. Estava programada para março a primeira chamada de captação, mas a pandemia da covid-19 atrapalhou, pois era arriscado fazer isso num momento de incerteza econômica.

O plano era abrir uma chamada de captação numa plataforma estruturada de “equity crowdfunding”, usada para investimentos de impacto social. “A ideia é retomar o processo no fim do ano ou início de 2021″, informa Soares.

“O grande desafio é como sair desse ambiente de 40 hectares para um ambiente de 200, 250 hectares de Café Apuí, abastecendo centros urbanos e sensibilizando consumidores sobre a importância da história por trás do produto que estão comprando”, diz o gestor ambiental.

Outra fonte de renda para os produtores será a venda de créditos de carbono, pois o cultivo é orgânico, em sistema agroflorestal, dentro de um contexto de recuperação de áreas desmatadas.

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‘Agulhas num palheiro’: produtores sustentáveis na Amazônia batalham por apoio do mercado https://idesam.org/agulhas-num-palheiro-produtores-sustentaveis-na-amazonia-batalham-por-apoio-do-mercado/ https://idesam.org/agulhas-num-palheiro-produtores-sustentaveis-na-amazonia-batalham-por-apoio-do-mercado/#respond Tue, 07 Jan 2020 17:52:30 +0000 https://idesam.org/?p=19942 Agricultura sustentável ainda é minoritária no bioma, tomado por vastas áreas devastadas para viabilizar a pecuária, entre outros cultivos

 

Por RFI (Publicado no G1, em dezembro de 2019)
Foto: Henrique Saunier 

 

Em meio à avalanche de críticas que o Brasil tem recebido pela alta do desmatamento da Amazônia, produtores tentam ganhar espaço com um manejo responsável das áreas florestais. Por enquanto, são como agulhas num palheiro: na imensidão do território amazônico, a agricultura sustentável é minoritária, misturada a vastas áreas devastadas para viabilizar a pecuária, entre outros cultivos. Mas o setor não desiste e se esforça para crescer.

Nos corredores da Conferência do Clima (COP 25), que aconteceu em Madri, o gestor ambiental Pedro Soares andava por todos os lados com pacotes do café agroflorestal Apuí, divulgando a iniciativa. O produto é fabricado em áreas degradadas da floresta, na região de mesmo nome, no sul do Amazonas, com o apoio do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia). Sem querer, uma produtora rural percebeu que o café poderia se beneficiar da sombra da copa das árvores – confirmando a velha ideia de que a floresta em pé vale mais do que deitada.

“Começou com uma família, com a Dona Bernardete, e hoje temos 30 famílias que produzem café agroflorestal. Toda a cadeia é integrada, desde a produção das mudas, num viveiro licenciado, com produção toda orgânica, sem nenhum químico, nem para controle de pragas”, explica Pedro. “A colheita é manual e o café é beneficiado em Apuí mesmo, onde é torrado e moído.”

Ampliar área de produção

O desafio não foi fácil: os custos de produção e logística são elevados e fizeram com que, nos primeiros anos, o projeto só funcionasse com o apoio de empresas ou filantropia. Mas o apelo internacional pela preservação da floresta pode resultar num impulso à ampliação do negócio. Em janeiro, será lançada uma rodada de investimentos por uma plataforma de equity crowdfunding, aberta a pessoas físicas. Dos atuais 40 hectares de produção de café orgânico, o objetivo é ampliar para 250 hectares.

“Estamos recuperando florestas e evitando desmatamento. A partir do momento em que geramos renda numa determinada área, o produtor não tem mais por que desmatar porque já tira todo o sustento daquela área mesmo”, observa o gestor. “A conexão com o mercado internacional é muito bem-vinda. Acho que o brasileiro também deveria ter a consciência do consumidor europeu, de entender melhor o que está comprando.”

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) se especializou em desenvolver iniciativas sustentáveis na Amazônia, junto a pequenos produtores e indígenas. A entidade faz a ponte entre essas cadeias e mercados interessados em produtos éticos e responsáveis.

Selo Origens Brasil

O selo Origens Brasil permite retraçar toda a linha da fabricação. “Para além da castanha do Brasil, vem surgindo a organização de comunidades extrativistas e de povos indígenas para o guaraná, o pescado de pirarucu, que deve entrar no selo Origens muito em breve, além de cadeias mais desafiadoras, como a da copaíba e da andiroba, que são importantes para a indústria cosmética”, afirma Isabel Garcia Drigo, coordenadora de projetos da iniciativa de Clima e Cadeias do Imaflora.

Mercado de carbono pode se transformar em presente de grego

Pedro e Isabel permanecerão particularmente atentos a um dos focos das discussões na COP 25, a regulamentação de um mercado internacional de carbono. A conferência em Madri terminou sem acordo, tamanhas as divergências entre os países vendedores, a exemplo do Brasil, e os compradores, como a União Europeia.

O Café Apuí contabiliza o CO² que retira da atmosfera e já realizou uma transação com a empresa Natura. “A gente acredita que os serviços ambientais podem nos ajudar a fechar a conta e escalonar a atividade. Mas esperamos que, acima de tudo, o mercado de carbono ajude a resolver o problema. Não queremos um mercado que ajude somente as empresas, mas sim o clima”, ressalta Pedro.

O temor é que, através dessas transações, países e empresas se desestimulem a reduzir as emissões de gases de estufa, ao poderem compensá-las com a compra de quem tem créditos disponíveis. Ou seja, o que nasceu como uma boa ideia para preservar o planeta poderia se reverter em uma ferramenta ainda pior contra o aquecimento global.

 

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Reflorestamento da Amazônia inspira nova coleção de roupas da Farm https://idesam.org/reflorestamento-da-amazonia-inspira-nova-colecao-de-roupas-da-farm/ https://idesam.org/reflorestamento-da-amazonia-inspira-nova-colecao-de-roupas-da-farm/#respond Thu, 21 Mar 2019 14:00:34 +0000 https://idesam.org/?p=18496 Parceria com o Idesam deve resultar em 5 mil árvores plantadas na Amazônia

 

Com informações da Farm
Foto: Divulgação Farm/Derek Mangabeira 

 

Iniciada ano passado, a parceria entre o Idesam e a Farm ganha um novo capítulo. A marca de roupas acaba de lançar sua coleção de inverno 2019 intitulada Refloresta, uma alusão ao trabalho de recuperação de áreas de florestas degradadas realizado por institutos apoiados pela marca, como o Idesam e a Fundação SOS Mata Atlântica.

A parceria começou em setembro de 2018, com o CLUBE FARM, um clube de vantagens que por meio de cada assinatura de adesão promove a plantação de uma árvore nas regiões da Amazônia e da Mata Atlântica, áreas de atuação das organizações não governamentais escolhidas pela empresa. “Nos animamos tanto com essa junção, que ressignificamos nossa black friday, que virou Green Friday, e revertemos parte da renda para esses institutos. A nova coleção é mais uma semente para plantar”, ressalta  Marcello Bastos, sócio-fundador da Farm.

Em parte inspirada nas boas práticas agroecológicas, como as implantadas pelo Idesam na Amazônia, a coleção Refloresta utiliza como paleta principal de suas peças três tons de verde (verde gregório, verde juruá e verde Amazônia), além de tons terrosos, como o marrom terra e o vermelho páprica.

“Refloresta é o nosso lançamento feito para contar a história que temos escrito com esses parceiros. Criamos um coletivo de estampas inspiradas no trabalho de reflorestamento que estamos fazendo com o Idesam no município do Apuí, sul do Amazonas. Esperamos que cada peça consiga refletir um pouquinho a importância desses Institutos e do que eles fazem pelo nosso verde há anos”, destaca Katia Barros, diretora criativa da Farm.

Inicialmente, a parceria firmada entre o Idesam e a Farm deve promover o plantio de cinco mil árvores nativas no Sul do Amazonas, beneficiando cafeicutores orgânicos que produzem para o Café Apuí Agroflorestal, na região do Projeto de Assentamento do Juma, em Apuí, somando uma área de aproximadamente 25 mil metros quadrados.

Para a pesquisadora de produção rural sustentável do Idesam, Marina Yasbek, a parceria é de suma importância por proporcionar a continuidade das ações do instituto na região, principalmente a assistência técnica aos produtores. “É importante nós conseguirmos apoiar essas cadeias, que já existem, mas que por uma série de fatores, como a desarticulação dos agentes responsáveis pelos processos produtivos, acabam não conseguindo alcançar prosperidade nas suas atividades”, afirma Yasbek.

Parte dessa iniciativa já foi colocada em prática, com o plantio das primeiras mudas nas propriedades dos agricultores beneficiados pela parceria, em fevereiro deste ano, aproveitando o período de chuvas na região. Uma das produtoras, Maria Bernadete Silva já consegue colher os frutos positivos. “Hoje tiramos 300 latões (de café) da nossa plantação e antes a gente não conseguia tirar 60; para mim já é um passo bem grande”, comemora Bernadete, que separou uma área específica do seu sítio para o reflorestamento proporcionado pela parceria.

Conheça mais sobre esse trabalho de reflorestamento, em um vídeo produzido pela Farm que conta um pouquinho mais sobre a nossa parceria:

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