Por Juliana Cunha, publicado originalmente na Marie Claire
Fotos: Divulgação FARM
Apuí está localizado a cerca de 400 quilômetros de Manaus, capital do Amazonas. Com pouco mais de 20 mil habitantes, é o município com a oitava maior taxa de desmatamento decorrente da produção pecuária: segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a cidade apresentou, até setembro de 2020, 2.697 focos de queimadas causadas pela técnica de limpeza do solo usada majoritariamente pela atividade pecuária.
Os territórios degradados pelas queimadas e a desatenção às pessoas que vivem em Apuí levaram o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento da Amazônia) a buscar modelos alternativos de plantio na área, plano que tece junto à comunidade desde 2006. Mariano Cenamo, diretor de novos negócios dessa organização, contextualiza: “Apuí fica na região aonde o desmatamento tem migrado, e tem sofrido com o aumento das queimadas. Os moradores, abandonando a agricultura, passaram a trabalhar com pecuária.”
O Idesam criou um sistema agroflorestal com café na região, e monitora os moradores que estão dispostos a migrar para o formato da agricultura familiar: “Eles têm nos procurado porque conseguimos dar um retorno financeiro maior.” Do suporte da coleta das sementes até a comercialização do café, tudo feito regionalmente, são 40 famílias impactadas. “Vemos que as mulheres e filhos se envolvem mais com essa alternativa. Afinal, elas encabeçam o controle financeiro de suas casas e a nova geração sabe que tem que cuidar do mundo que vai herdar”, opina Cenamo.
FARM reforça compromisso ambiental
Impulsionada pela iniciativa “Mil árvores por dia”, da FARM, a ação do instituto em Apuí ganha reforços. Motivada pela ideia de carboneutralizar — ou seja, compensar as emissões de CO2 de toda a produção por meio do plantio de árvores, que na fotossíntese capturam o gás emitido — a marca de DNA carioca lançou uma campanha de reflorestamento: serão plantadas 140 mil árvores até 31 de dezembro. Foi lançada também a primeira coleção carbon neutral, batizada de “Futuro do Presente”.
Com parceiros como SOS Mata Atlântica (que auxilia na ação em Piranguçu, Minas Gerais) e One Tree Planted (cujo plantio ocorre na Serra da Mantiqueira), além do Idesam e do povo indígena Yawanawa, a FARM considerou que “o reflorestamento é quase óbvio. No final de 2018, a gente começou a articular iniciativas nesse sentido. Isso amadureceu ao longo da quarentena, e nosso objetivo não é mais ter uma coleção linda. Moda é comportamento e a gente vai se colocar como uma marca que pode construir esse movimento”, indica Taciana Abreu, head de marketing da companhia. A diretora criativa Katia Barros assina embaixo: “A FARM se inspira na natureza, no Brasil, nas pessoas e seus costumes. Nossa indústria polui o ambiente drasticamente e é nossa responsabilidade como marca líder de mercado atuar positivamente e minimizar esse impacto o máximo possível.”
A função social do carbono neutro
Em Apuí, serão plantadas espécies que contribuem para a alimentação da população, bem como aquelas com nutrientes na produção cafeeira. “O café demora dois anos para ser colhido, então é interessante plantar espécies de ciclo anual, que não só geram alimento como acumulam matéria orgânica, ou seja, adubo. Além do café, teremos castanha, açaí, banana, guaraná, pupunha”, conta Mariano Cenamo.
Outra população beneficiada pela ação “Mil árvores por dia” é indígena: o povo Yawanawa. São cerca de 1.200 pessoas que vivem às margens do Rio Gregório, no Acre. Ali, em áreas de recuperação de roçados, serão plantados alimentos como laranja, graviola, cupuaçu, tangerina e açaí. “Vai ajudar na alimentação da aldeia, mas também teremos árvores com palha que podem cobrir as casas e ser usadas como piso e parede. São espécies que já usamos, mas que agora estarão mais perto da gente”, conta Tashka Yawanawa, liderança do povo e coordenador-geral da Associação Sociocultural Yawanawa. Depois de aproveitar as frutas, eles poderão também usar as sementes no artesanato.
De acordo com Taciana Abreu, a FARM preza pelo diálogo com as comunidades: “Por mais que a gente estude e esteja interessado, eles são os especialistas. A gente não interfere no tipo de espécie que vai ser plantada, e sim respeita e acolhe o que eles trazem como necessidade.”
A guinada sustentável da FARM
A FARM caminha para um modelo mais sustentável desde 2016, conta a head de marketing Taciana Abreu. “A gente não acredita que seja possível ser 100% sustentável, mas queremos implementar tudo que for possível. Temos um debate frequente dentro da empresa e colhemos muito a opinião dos funcionários, porque cada um traz um pouco de si. Isso também cria uma cultura de marca, que vai além do que se apresenta ao mercado”, indica ela, debatendo como o mercado da moda como um todo pode colaborar para ser mais respeitoso com o ambiente.
]]>Por Henrique Saunier
Foto: FARM/Derek Mangabeira
Muito mais do que uma tendência, adotar modelos de produção sustentáveis no mundo da moda tem sido uma prática fundamental nos processos de grandes marcas, além de um fator determinante na hora do consumidor escolher o que vai vestir. Por isso, empresas como FARM, AMAR.CA e Gringa cada vez mais escolhem organizações como o Idesam para diminuir o impacto da sua ‘pegada’ no planeta.
Parceira do Idesam em outras iniciativas, a FARM escolheu o Idesam para compensar as suas emissões de CO2 da sua nova coleção, batizada de “Futuro do Presente”. Realizada pelo Programa Carbono Neutro Idesam (PCN), as neutralizações das emissões de dióxido de carbono emitidas pela marca se transformaram em um plantio de 5,3 mil árvores. Esta é a primeira linha inteiramente carbono neutro lançada pela marca.
O plantio das árvores referentes a esta coleção vem sendo realizado desde o ano passado, beneficiando ao todo 19 famílias produtoras de café de Apuí, ao Sul do Amazonas, atualmente um dos municípios mais afetados pelo desmatamento, por conta das queimadas. Para a nova coleção, pelo menos 5,2 mil toneladas de CO2 serão compensadas, com o plantio de 21 hectares.
Na prática, esse montante equivale a 26 mil viagens de carro movido a gasolina (Rio de Janeiro-São Paulo) ou a 5 mil viagens de avião (Rio de Janeiro-Nova Iorque). “Mesmo que já estejamos caminhando para uma produção mais consciente, ainda emitimos CO2 na atmosfera e, por isso, acreditamos que compensar através do plantio dessas árvores foi a forma mais positiva e ativa de nos conectar com a natureza”, destaca a empresa em comunicado oficial sobre o lançamento.
Esta é a primeira vez que a FARM desenha uma estratégia de compensação das suas emissões, apesar de não ser a primeira ação ambiental que a empresa realiza junto ao Idesam. A marca já realizou parcerias anteriores com o instituto em diversas frentes, incluindo ações como a Green Friday, Semana da Amazônia e Clube Farm, onde um valor era doado ao Idesam a cada adesão ao seu clube de fidelidade.
“Agora damos mais um passo nessa parceria, com o primeiro piloto de compensação de emissões de uma coleção inteira para a FARM. Fizemos o mapeamento das emissões de carbono das atividades da empresa, incluindo a compra de matéria-prima, logística, consumo de energia, resíduos gerados, tudo isso foi levado em consideração, o que irá resultar em mais um plantio significativo”, explica Pedro Soares,
Moda Carbono Neutro
Ao longo dos anos, o Programa Carbono Neutro Idesam tem consolidado sua presença no guarda roupa de quem opta por marcas sustentáveis. Recentemente, o PCN fechou parcerias com AMAR.CA, da modelo e empresária Thaila Ayala, também para compensar suas emissões de carbono.
Pensada para atender uma necessidade de moda mais confortável para o home-office, prática mais comum por conta da pandemia do novo coronavírus, AMAR.CA combate as mudanças climáticas transformando as suas emissões de carbono em árvores na Amazônia. Assim, com o PCN, a empresa ajuda a gerar inclusão e renda para as populações amazônicas.
“Contribuímos para a produção sustentável da indústria brasileira e reafirmamos nosso compromisso com a preservação da saúde e bem estar de todos os nossos colaboradores e clientes”, afirma Ayala em comunicado oficial assinado em conjunto com suas duas sócias do empreendimento.
A startup ‘Gringa’, da atriz Fiorella Matheis, foi outra que fechou parceria com o PCN. Além de usar tecido não-tóxico, a Gringa recicla materiais gerados na sua produção, que possui selo do Idesam de Carbono Neutro.
Em seu site oficial, a Gringa convoca suas clientes para contribuir com o trabalho do Idesam, por meio de doações que podem ser feitas no momento do checkout da loja. “Todos nós emitimos gases de efeito estufa apenas por existir. Neutralizar nossas emissões de CO2 é o mínimo que podemos fazer para nos tornarmos mais sustentáveis. Por isso, nos comprometemos a compensar 100% das emissões de CO2 relacionadas ao nosso negócio através do Programa Carbono Neutro, do Idesam”, defende a empresa.
Para Pedro Soares, o segmento da moda tem se movimentado para entender o impacto das suas atividades no meio ambiente e na emissão de carbono, algo que todos os setores da economia precisam entender e tomar atitudes para frear as mudanças climáticas.
“Todos temos responsabilidade no problema das mudanças climáticas. Buscar soluções, seja para reduzir seu impacto ou para apoiar iniciativas que consigam reduzir emissões através do plantio de árvores é algo que todas as empresas deveriam fazer. Tomando a FARM como exemplo, além de uma grande marca do setor, ela também é uma grande formadora de opinião, com consumidores conscientes dos problemas ambientais que enfrentamos. Por isso, o Carbono Neutro Idesam fica muito satisfeito em poder ajudar grandes marcas do setor da moda a reduzir suas emissões a partir de atividades produtivas sustentáveis na Amazônia”, completa Soares.
Para mais informações sobre o Programa Carbono Neutro Idesam, acesse a página oficial da iniciativa e saiba como neutralizar suas emissões.