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Dia da Árvore: Reflorestamento por meio de SAFs contribui para o clima, mantém a floresta viva e ajuda a gerar renda para populações tradicionais

Dia da Árvore: Reflorestamento por meio de SAFs contribui para o clima, mantém a floresta viva e ajuda a gerar renda para populações tradicionais

Modelo adotado pelo Idesam se consolida como importante ferramenta no combate às mudanças climáticas

Texto: Steffanie Schmidt/ Idesam
Foto: Felipe Martins

O desmatamento na Amazônia libera 200 milhões de toneladas de carbono por ano, o que equivale a 2,2% do fluxo total do planeta, segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). É o setor que mais emite gases de efeito estufa. Além disso, as florestas funcionam como grandes estoques de carbono, por conta da biomassa estocada nos tecidos vegetais. Estima-se que somente a Amazônia armazene o equivalente a uma década de emissões globais de carbono, segundo o mesmo estudo.  

Nesse contexto, preservá-la depende da garantia da sustentabilidade dos que vivem nela. Como fazer com que essas populações tradicionais se beneficiem desse contexto e, ao mesmo, tempo, contribuam para o clima e para a geração de uma nova economia, baseada na redução da pobreza e desigualdade?  

Partindo dessa premissa, o Idesam iniciou, em 2010, o Programa Carbono Neutro, com o objetivo de conectar os grandes centros urbanos às florestas, permitindo que pessoas, empresas e iniciativas se responsabilizem pelos impactos que geram no planeta, ao neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). 

A neutralização acontece por meio do plantio de árvores em Sistemas Agroflorestais (SAFs), método que privilegia espécies que tenham valor econômico para as comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no Amazonas. Dessa forma, as árvores plantadas em sistemas agroflorestais não só contribuem para o sequestro de CO2 da atmosfera, mas também possibilitam o desenvolvimento de cadeias produtivas. A metodologia de trabalho do PCN já foi, inclusive, reconhecida por diversas iniciativas e hoje integra o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil (FBB). 

Originalmente, essas famílias faziam roças desmatando terrenos para plantar. Hoje, o programa Carbono Neutro leva o cultivo agroflorestal como alternativa para ampliar renda, recompor as áreas desmatadas e garantir a segurança alimentar, com o acesso a alimentos de boa qualidade. 

O PCN contribui, desta forma, não apenas com a desaceleração das mudanças climáticas – através do sequestro de gás carbônico (CO2) da atmosfera – como também com uma série de benefícios socioambientais, como segurança alimentar e geração de renda para os moradores da RDS do Uatumã, localizada na porção nordeste do Estado do Amazonas.  

“Quando iniciamos esse trabalho, a questão alarmante do desmatamento e das mudanças climáticas não estava tão em alta, então, até captar recursos para isso foi desafiador. Entretanto, como deixar de emitir CO2 para atmosfera não é uma opção, o Idesam passou a olhar em como tornar esse ativo como um impacto mais positivo possível”, afirma Elen Blanco, analista de projetos sênior do Idesam na Iniciativa de Serviços Ambientais.  

Atualmente, o PCN contabiliza mais de 55 mil árvores plantadas, 15 mil toneladas de CO2 compensadas e 35 famílias ribeirinhas envolvidas no projeto. As mudas são produzidas em viveiros gerenciados pelos próprios comunitários.  

Os SAFs são constantemente monitorados e inventariados para se obter o número mais preciso da quantidade de carbono sequestrado no decorrer do tempo. 

Mudanças climáticas 

O mundo já aqueceu quase 1,1 grau Celsius no último século e meio. Os efeitos associados ao aumento das emissões de CO2 e de outros gases para a atmosfera são mudanças no clima, quebra de safras agrícolas e o aumento do nível do mar.   

O estudo ‘Mapas globais dos fluxos de carbono florestal do século XXI’, publicado na revista Nature Climate Change e concluiu que as florestas do mundo sequestraram cerca de duas vezes mais dióxido de carbono do que emitiram entre 2001 e 2019, o que significa que representam um sistema natural de “sequestro de carbono” com uma absorção líquida de 7,6 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Para ser ter uma ideia desse valor, essa quantidade representa 1,5 vez mais carbono do as emissões feitas pelos EUA, anualmente. 

Criado em 1965 por meio de decreto, o Dia da Árvore foi instituído, inicialmente, como a ‘Festa Anual das Árvores’, com o objetivo de difundir a conservação das florestas e divulgar a importância das árvores no bem-estar dos cidadãos.   

O plantio de árvores como forma de mitigar a mudança climática e impulsionar a biodiversidade baseada em terra, cujas florestas são responsáveis por 80%, é um dos objetivos pretendidos pela Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas 2021-2030, estabelecida em 1º de março de 2019 pela Assembleia Geral da ONU. Em 2023, o Idesam foi reconhecido como ator oficial no Brasil dessa ação, pela atuação na conservação da Amazônia.   

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