DIA 1 – ExpoAmazônia traz oportunidades para os polos de Bioeconomia e Inovação na Amazônia
Fotos: Kiko Sanches
Com a presença de empreendedores, startups, pesquisadores e exemplos de inovação nas áreas de tecnologia e de bioeconomia, a segunda edição da ExpoAmazônia BIO & TIC abriu as portas ao público interessado em conhecer ou mesmo conectar com oportunidades de investir em novos negócios que trabalham com agregação de valor a partir da inovação. São 85 startups, 32 expositores e 120 palestrantes que ao longo de três dias, terão a oportunidade de integrar a bioeconomia à eficiência proporcionada pela tecnologia.
“A região Norte clama por um novo caminho e ele se mostra totalmente possível a partir das iniciativas que estão aqui presentes; São iniciativas que mostram que um novo caminho: o de integrar ‘o TIC na Bio’, ou seja, o de conectar tecnologias que estão no nosso dia a dia a soluções para a produção da sociobiodiversidade. Eventos como esse são para criar essas possibilidades”, afirmou o diretor de Inovação em Bioeconomia do Idesam, Carlos Koury, durante a mesa de abertura.
Participaram da solenidade o Secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg; da subsecretária para Amazônia do Ministério de Ciência e Tecnologia, Tainara Lauschner; do secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedect), Serafim Corrêa; do secretário municipal de Trabalho, Emprego e Inovação, Radyr Júnior; do superintendente-Adjunto Executivo da Suframa, Luiz Frederico Aguiar; Secretário de Estado de Energia Mineração e Gás do Amazonas, Roney Peixoto; do vice-diretor Executivo da Fundação, Carlos Henrique Costa de Souza; do diretor executivo do Polo Digital de Manaus, Murilo Monteiro e presidente do Polo Digital de Manaus, Vânia Thaumaturgo.
“Essa feira, além de conectar dois polos, agrega ICTs – Institutos de Ciência e Tecnologia – públicos e privados, empresas, governo e o terceiro setor. Temos aqui, de fato, vários atores trabalhando juntos pelo desenvolvimento com pesquisa e tecnologia da região”, afirmou a Tainara Lauschner. A subsecretária para Amazônia do MCTI ressaltou que novos editais deverão ser lançados em breve, como forma de fomentar a ciência em nível regional.
O secretário de Economia Verde do MDIC, Rodrigo Rollemberg, destacou a importância da ExpoAmazônia BIO & TIC no atual contexto de revolução tecnológica em meio às necessidades de mitigação dos efeitos climáticos e das desigualdades sociais. “Estamos vivendo uma revolução silenciosa das tecnologias, mas se avançamos bastante na inteligência artificial temos comunidades próximas que não tem acesso aos recursos de tecnologia de comunicação e informação na região que tem a maior biodiversidade do planeta. Esse é o nosso desafio: o da política de neoindustrialização que tem como base a bioeconomia, a descarbornização, a transição e segurança energética e o adensamento das cadeias produtivas”, afirmou
“Aqui estamos unindo Tecnologia e Bioeconomia, dois desafios que estarão sempre presentes na vida da Amazônia. A ExpoAmazônia traz esse desafio como oportunidades de negócios e geração de riqueza e melhor qualidade de vida para região”, completou.
Trilhas e Networking
Uma amostra da aplicação de pesquisa, tecnologia nas cadeias produtivas pode ser observada no Demoday do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), que reuniu dez novos negócios no estande do Idesam, entidade responsável pela coordenação da política pública da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) de fomento à bioeconomia.
Este é o caso da startup Elevar, dos jovens empreendedores Luan Honorato e Gabriel Lira. A ideia inicial de trabalhar com leveduras ganhou corpo e forma a partir da identificação de um produto da sociobiodiversidade ainda não trabalhado nessa perspectiva: o cupuaçu. Da pesquisa que levou Honorato a concluir o mestrado, nasceu o vinagre de cupuaçu, já testado e aprovado por chefs com renome nacional. “Uma das chefs de um restaurante com sede local e em São Paulo ficou encantada com o sabor que não anula o gosto dos outros alimentos”, afirmou Luan Honorato.
Assim como eles, outros negócios participantes promoveram trocas de experiências e receberam a visita de pesquisadores de outras regiões bem como de outros empreendedores.
Novos negócios que trazem soluções que agregam valor para as cadeias produtivas debateram e compartilharam os caminhos para vencer os ‘Desafios e tecnologias para cadeias produtivas da Bioeconomia’, em uma das trilhas de conhecimento que aconteceram no primeiro dia. Ao longo de três dias, 90 palestras, debates, mesas de discussão estão previstas com inscrições gratuitas pelo aplicativo da ExpoAmazônia Bio & TIC, disponível nas plataformas Play Store e Apple Store.
Lidar com logística e garantir a qualidade do cacau produzido na Amazônia, por exemplo, levou o Instituto Piagaçu a começar a considerar uma embalagem especial para transportar o fruto, uma vez que é feita por meio de barcos em viagens que podem durar dias pelos rios da amazônicos.
A Apoena Agroindústria, empresa fundada em 2020 no município de Tefé (a 520 quilômetros de Manaus), passou a trabalhar com o cacau este ano e vem criando soluções próprias após vivenciar desafios de transporte para o fruto nativo, criando uma caixa organizadora específica para o transporte. “É uma tecnologia nossa, mas que entendemos que tem que ser difundida e fazer com que muito mais pessoas usem porque isso fortalece a cadeia. Este ano, entregamos três toneladas, mas, devido a uma boa assepia do produto, tem empresas pedindo dez toneladas”, afirmou.
Essa é a mesma preocupação do empreendedor Macaulay Abreu, fundador da Onisafra e ForestiFi, especializada em estruturação de cadeias produtivas e comercialização de produtos da Amazônia. “Quando pensamos em desenvolver uma tecnologia para solucionar algum problema das cadeias, pensamos como meio para resolver esses problemas e gerar emprego nos pequenos centros urbanos no interior”, afirma. “Para isso é importante saber em que parte da cadeia vamos interferir”, completa.
Abreu afirma que o Amazonas possui um setor produtivo muito significativo e, pensar soluções para esse público ajuda a resolver problemas de desmatamento e de baixa qualidade de produção, que tendem a continuar.
Interação com o público
Com estande interativo por meio de painel e totens de led, o Idesam trouxe dados de resultados e histórias que ilustram o trabalho voltado à conservação e ao desenvolvimento sustentável realizado ao longo de 19 anos na Amazônia.
O público pode conferir um pouco das iniciativas e o que elas representam para a as populações que vivem na floresta e ajudam a mantê-la em pé como é o caso do Plano de Manejo madeireiro e não madeireiro, voltado ao beneficiamento de óleos vegetais, realizado na RDS Uatumã. O Programa Carbono Neutro (PCN) baseado no plantio de Ssistemas Agroflorestais, num consórcio de benefícios múltiplos para os comunitários da reserva, também foi destaque.
A iniciativa do Café Apuí Agroflorestal trouxe o sabor do café de tipo robusta para degustação dos visitantes enquanto a demonstração de produtos como os da marca coletiva Inatú, resultado de pesquisa e assistência técnica auxiliada pelo Idesam, aliado à organização comunitária, tornaram palpável a realidade do investimento em bioeconomia em escala territorial.
“Tá bem legal a feira. É a primeira vez que venho. Fiquei sabendo através de um jornal local. Achei bem interessante esses produtos feitos a partir das nossas riquezas”, afirmou a comerciante Maria Mendes, 55.
A professora do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), Claudeomara dos Sanfos Fernandes, 47, aproveitou para levar os alunos, a filha e a neta para conhecer a feira e as novidades em biotecnologia. “Fiz questão de mostrar para minha filha e minha neta o que é esse mundo novo. Acho importante elas já terem contato com essa experiência para já conhecer, se familiarizar com o tema que é o futuro da região. Vejo isso pelo lado dos alunos que estão despertando também para esse conhecimento. Estamos trabalhando o conteúdo da feira em sala de aula”, afirmou.
Mercado Amazônia
Com 34 negócios participantes, o Mercado Amazônia, apresentou produtos sustentáveis diferenciados para o público da ExpoAmazônia BIO & TIC, nos segmentos de alimentos, bebidas, moda e artesanato e cosméticos. Conectados às cadeias produtivas locais, são exemplos de inovação em bioeconomia e compromisso com a Amazônia e suas populações, dado ao modo de produção e valores praticados.
“Acredito que o ‘Mercado’ consegue entregar o que propõe: dar visibilidade às marcas, expandindo o universo de alcance. São iniciativas pequenas que têm dificuldade em alcançar outras regiões e nichos de mercado. Esse arranjo traz novas oportunidades para as marcas e emprendedores”, afirma Bruno Rodrigues, representante da Flor de Jambu, negócio especializado em representação de produtos amazônicos.
“A experiência é interessante porque observamos o comportamento do consumidor de cada região. As pessoas de fora da Amazônia não conhecem os aromas e sabores daqui. Além disso, apreciam muito o artesanato local. Já aqui na ‘Expo’ identificamos muitas pessoas que não conheciam as possibilidades geradas a partir de frutos e sabores locais como a cachaça de jambu”, completou.
Para Tom Agra, fabricante da ‘Farofa proteica’, o Mercado Amazônia oportunizou uma outra experiência e tipo de contato com o público que trouxe mais visibilidade. “O público tem a oportunidade de conhecer vários produtos em um único lugar e isso agrega valor. Numa feira como essa, cada quiosque está isolado com seu material e aqui, a variedade atrai mais”, afirmou. Como primeira experiência, ele aprovou o resultado: em dois dias, dois dos cinco sabores disponibilizados por ele – alho e tradicional – acabaram.
Do total de marcas participantes, 24 integram o portfólio fixo do movimento ‘Amazônia em Casa, Floresta em Pé’, iniciativa do Idesam, AMAZ Aceleradora de Impacto e Climate Ventures, que agrega negócios que têm como objetivo fortalecer e fomentar as cadeias produtivas sustentáveis da Amazônia e as famílias e comunidades guardiãs da floresta.
Sobre
A ExpoAmazônia Bio&TIC 2023 é uma realização da Associação do Polo Digital de Manaus (APDM), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Governo do Amazonas – por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti-AM) -, Prefeitura de Manaus – por meio da Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi) e Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA).
Além de discutir, integrar, consolidar e alavancar os polos de Bioeconomia e de Tecnologia da Informação e Comunicação da região como dois vetores econômicos viáveis e sustentáveis para a manutenção da floresta amazônica e para o desenvolvimento socioeconômico dos povos da Amazônia, a feira visa fortalecer os ecossistemas de Bio&TIC e integrá-los constantemente com os atores dos ecossistemas nacionais e internacionais de inovação.
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