Texto: Camila Garcêz/ Idesam  

Foto: Renato Stockler  

Os povos indígenas possuem grande conhecimento sobre os padrões climáticos, sobre a biodiversidade e o ecossistema da floresta. Esse saber ancestral é transmitido através das gerações, dentro das comunidades tradicionais. Além disso, esses povos são muito resilientes diante das mudanças climáticas, e vem se adaptando de maneira criativa e eficaz a essas condições. O plantio agroecológico, a conservação da água e as técnicas de construção de habitações são exemplos de como o saber ancestral traz soluções inovadoras para esses desafios. 

No Dia dos Povos Indígenas, a Série ‘Em Clima de Amazônia’ apresenta a história de Orimar e Meire, ribeirinhos moradores da RDS do Uatumã. Eles são guardiões de várias peças e artefatos indígenas, que foram encontrados por eles dentro da comunidade onde vivem. 

Orimar e Neide mostram artefatos indígenas encontrados na RDS do Uatumã. Foto: Renato Stockler

Segundo Levantamento Socioambiental realizado pelo Idesam em janeiro de 2007, 23,3% dos moradores entrevistados afirmaram que encontram fragmentos de vasos e de outros materiais, evidenciando a existência de sítios arqueológicos na região. Há também registros de inscrição em pedras (petroglifos) em afloramentos rochosos no leito do rio Uatumã. 

No Plano de Gestão da RDS do Uatumã também feito pelo Idesam, foram evidenciados inúmeros vestígios arqueológicos na região. As populações indígenas mais recentes, são as populações waimiri-atroari, mas não se sabe ao certo desde quando essas populações estão presentes na região e quem foram seus ancestrais. 

Durante a seca histórica registrada em 2023, gravuras rupestres milenares foram novamente expostas devido a decida do Rio Negro, na região próxima ao Encontro das Águas em Manaus, conhecida como sítio arqueológico e geológico das Lajes. Também durante a seca, foram encontradas peças de cerâmica marajoara no Arquipélago de Marajó, no Pará. Esses achados, consequência das mudanças climáticas, narram a história dos antepassados indígenas da Amazônia e sua relação com a natureza, assim como as diferentes culturas que habitaram a região. 

Consciência climática 

O episódio Povos Indígenas: ancestralidade, clima e território, é apresentado pelo influenciador digital indígena, José Kaeté, conhecido como Zé Na Rede. Ele destaca que, para os povos indígenas, a mudança do clima é um fenômeno há muito observado, especialmente devido à frequência crescente de eventos extremos em períodos mais curtos. 

“Os povos da floresta têm total consciência de que a natureza tá mudando, de que o clima tá mudando. No geral, os povos da floresta têm uma conexão e inteligência muito forte com a natureza. A gente consegue perceber diferenças e mudanças muito pequenas e singelas. De um dia para o outro a gente consegue perceber se aquele rio aumentou ou subiu de nível. E a gente tem uma memória histórica de como a natureza se comporta que a gente consegue fazer essa comparação muito através da visão e da nossa memória”, explica. 

No Dia dos Povos Indígenas, o Idesam homenageia esses povos, honrando não apenas o passado e o presente, mas também o futuro da Amazônia, que caminha junto dessas comunidades e de sua relação com a natureza. A Série ‘Em Clima de Amazônia’ tem por objetivo informar de maneira didática e atual sobre as mudanças do clima na Amazônia, disponibilizando no YouTube 17 vídeos sobre o ODS 13 – Combate às Mudanças Climáticas, alinhados às iniciativas do Idesam em prol da conservação da floresta. Assista os primeiros episódios aqui.