DOE AGORA

Corredores Etnoambientais da Amazônia: primeira aproximação com os Jiahui

content image
Corredores Etnoambientais da Amazônia: primeira aproximação com os Jiahui

Por Gabriel Carrero e Pedro Soares, do Programa Mudanças Climáticas

Entre os dias 25 e 28 de fevereiro, realizamos uma atividade de campo na Terra Indígena Jiahui, localizada no município de Humaitá, sul do Amazonas. 

Esta viagem é parte do projeto Corredores Etnoambientais, realizado pelo Idesam com o apoio da Fundação Skoll. O objetivo de nossa ida ao local foi realizar um levantamento socioeconômico do povo Jiahui e identificar os principais agentes e vetores de desmatamento que podem estar ameaçando a conservação florestal na TI. Como resultado, esperamos ter subsídios suficientes para a elaboração um relatório de viabilidade para projeto de rendas alternativas associado à manutenção de serviços ambientais.
No primeiro dia da expedição, nossa equipe (os pesquisadores Gabriel Carrero e Pedro Soares) se encontrou com a consultora Stéphanie Birrer, da Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM) em Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Seguimos, então, rumo ao município de Humaitá, no Amazonas, em um trajeto de aproximadamente 2 horas por estrada. 
Lá realizamos visitas e reuniões na sede da Associação do Povo Indígena Jiahui (APIJ), nos escritórios locais da Funai, do ICMBio, e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB). Essas instituições foram escolhidas por serem atores de grande relevância e envolvimento com o povo Jiahui. Um detalhe, cerca de 60% da TI Jiahui está sobreposta à Floresta Nacional de Humaitá, sob chefia do ICMBio.
No segundo dia de atividade, percorremos 106 km pela rodovia Transamazônica (indo no sentido leste) até chegar na TI Jiahui. Este trecho da rodovia se encontra em bom estado, apesar da estrada de terra. Ao chegarmos, fomos recepcionados em uma cerimônia tradicional do povo Jiahui, onde fomos todos convidados a participar da dança cerimonial de boas vindas. 
Dança tradicional Jiahui com participação do pesquisador do Idesam.
Após esta recepção, fizemos uma capacitação voltada aos princípios básicos de Mudanças Climáticas e REDD+. O tema desta capacitação foi para atender uma solicitação dos próprios indígenas, que tem interesse em obter maiores informações sobre o assunto, além de saberem da viabilidade para se construir um projeto de REDD+ no seu território. Após o por do sol, a lua cheia se pôs magnífica no céu, um espetáculo mais grandioso de ser apreciado em regiões como a TI Jiahui, onde o silêncio e a escuridão potencializam essa experiência.
No terceiro dia pudemos aplicar um questionário para coleta de informações, primeiramente sobre a demografia local (nome completo dos moradores, idade, escolaridade, número e nome completo de filhos, etc) e segundo para mapear as principais fontes de renda do povo Jiahui (extrativismo, artesanato, agricultura, apoio governamental, emprego externo, etc). Pudemos também abrir um momento onde cada entrevistado podia manifestar suas opiniões relacionadas aos principais riscos que ameaçam a TI atualmente e o que poderia ser feito para melhorar essa situação. Utilizamos o formulário eletrônico ODK Collect (ver: http://opendatakit.org/).
Aplicação do questionário utilizando o ODK Collect.
As informações coletadas serão utilizadas para gerar um relatório de campo, a partir do qual será possível indicar potenciais oportunidades para o desenvolvimento socioeconômico local, que vise o aumento da geração de renda dos Jiahui aliado à manutenção dos serviços ambientais e a conservação florestal desta Terra Indígena.

Relacionados

WordPress Lightbox Plugin