Aprofundando a comunicação socioambiental na Amazônia sob o ‘olhar idesânico’
Comunicadores da Amazônia e da Mata Atlântica participaram de café criativo no Idesam, por meio do projeto ‘Intercâmbio de Biomas’
Texto: Camila Garcêz / Idesam
Foto: Steffanie Schmidt/ Idesam
O Idesam abriu as portas para um grupo de seis estudantes e recém-formados em comunicação, participantes do projeto ‘Intercâmbio de Biomas: trocas de saberes entre jovens comunicadores da Amazônia e da Mata Atlântica’, realizado pelo site ((o)) eco, em parceria com a USAID, WCS, Internews e FAS. A visita proporcionou aos visitantes uma visão ampliada sobre o trabalho e a comunicação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), dedicada à conservação da Amazônia e ao desenvolvimento sustentável de suas populações.

Conhecendo a sede do Idesam em Manaus. Foto: Steffanie Schmidt / Idesam
O encontro, que ocorreu no dia 20 de setembro, teve início com um café regional, no evento os participantes tiveram a oportunidade de se apresentar e compartilhar seus medos e sonhos relacionados ao intercâmbio com o Idesam. A especialista em comunicação do Idesam, Larissa Mahall, estabeleceu um ambiente propício para a troca de experiências, por meio da dinâmica. Ela apresentou os visitantes à estrutura do Idesam, falando sobre as Iniciativas Estratégicas e Teoria da Mudança, adotada pelo Idesam em 2022, como estratégia de impacto positivo para a Amazônia.
“A gestão e transferência de conhecimento é uma das formas de conexão do Idesam com a sociedade civil para mobilizar o propósito de promover uma nova economia de base inclusiva e sustentável na Amazônia. Logo, o trabalho da ONG traz em si potencial bastante significativo para acionamento de imprensa, especialmente como fonte de informações qualificadas e da divulgação de temas socioambientais”, pontua Larissa.
O time de imprensa do Idesam também pôde compartilhar detalhes sobre as diretrizes de comunicação da organização, incluindo informações sobre porta-vozes, fontes de informação, captação de pauta, metas e estratégias de comunicação, cultura organizacional e colaboração com a imprensa. Também foram mostrados casos de sucesso com resultados de impacto positivo para as organizações e associações a partir das iniciativas do Idesam, como a repercussão da pauta sobre o Bioplástico feito através da castanha-do-Brasil.
Para Kayth Kariny, jornalista da Amazônia e participante do intercâmbio, aprender sobre as estratégias de comunicação do Idesam foi um ponto interessante para a expedição. “Fiquei impressionada com a maneira que utilizam a comunicação para sensibilizar e envolver as pessoas nesta causa. Inclusive um dos exemplos notáveis que eu gostei de saber foi sobre o informativo mensal, que agora eles adotaram um novo formato e esse informativo conversa com diversos públicos de interesse da organização, de forma transparente, direta. Entendi que eles têm uma abordagem criativa e super eficaz e que realmente isso faz uma grande diferença dentro das organizações”, contou.
Fabrícia Sterce, comunicadora da Mata Atlântica e participante do intercâmbio, destacou a importância deste encontro para sua jornada profissional. Ela elogiou a abordagem abrangente do Idesam, incluindo desde o apoio aos pequenos produtores, até a restauração de hectares desmatados e a valorização dos saberes tradicionais. Para Fabrícia, a visita ao Idesam representou uma oportunidade valiosa de aprender como a ciência e a comunicação podem trabalhar juntas em prol da preservação da Amazônia e do desenvolvimento sustentável.
“Logo que chegamos no Idesam, a gente já foi recebido com um dos top 3 cafés da manhã da nossa expedição. Depois disso fizemos a dinâmica sobre medos e esperanças e aí a gente pôde se conectar bem, perceber um ao outro. Esse foi um ótimo começo, uma introdução para pensar no trabalho do Idesam, que é esse trabalho que conecta ecossistemas, que faz um intercâmbio entre produtores, trazendo luz para as ideias e geração de renda para as comunidades que geralmente são invisibilizadas pelo mercado”, destacou.
Roda Viva Idesam
O encontro também foi marcado por uma dinâmica no estilo “Roda Viva”, onde os comunicadores tiveram a oportunidade de entrevistar Elen Blanco, gestora ambiental com uma ampla experiência em projetos de conservação na Amazônia e líder de projetos na Iniciativa Serviços Ambientais do Idesam. Elen compartilhou uma visão geral sobre o Programa Carbono Neutro Idesam (PCN), um projeto pioneiro que conecta áreas urbanas à floresta amazônica, permitindo que indivíduos e empresas compensem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio do plantio de árvores nativas em sistemas agroflorestais. O PCN, iniciado em 2010, tem sido reconhecido por sua eficácia e inclusão no Banco de Tecnologias Sociais da FBB.

Roda Viva do Idesam, com Elen Blanco. Foto: Larissa Mahall / Idesam
“O Programa Carbono Neutro surgiu com essa ideia de tentar conectar as pessoas dos grandes centros urbanos com a Amazônia, através dessa compensação da pegada de carbono. Nós atrelamos um valor em reais a cada árvore e esse recurso viabiliza o plantio dessas árvores. A forma como a gente planta essas árvores dá a elas um papel ainda maior, pois esse plantio acontece em sistemas agroflorestais, que consorciam uma série de espécies que tem o papel principal de restaurar o solo e a floresta, mas também tem espécies que o seu papel principal é o da cadeia produtiva como o de açaí, e espécies que tem interesse mais alimentar para as populações, como por exemplo, a banana. Então nós realizamos um mix de espécies para montar essas agroflorestas, que tem multifunções, sociais e ambientais para as comunidades ao redor”, explicou, pontuando sobre métodos de plantio, preparação do solo em áreas a serem regeneradas.
A jornalista Kayth Kariny também se disse impressionada com a dedicação que percebeu da equipe do Idesam, mas também com os projetos específicos. “O Idesam possui muitos projetos de sucesso, mas dois me chamaram bastante atenção, inclusive eu conheci sobre eles durante o encontro, que foram o Programa Carbono Neutro e a marca coletiva Inatú Amazônia. Eu realmente fiquei impressionada com a abordagem inovadora dessas inciativas para promover o desenvolvimento sustentável na região e também proteger a floresta amazônica. A entrevista que fizemos com a Elen, sobre o programa Carbono Neutro me fez perceber que o Idesam não apenas fala sobre a conservação ambiental, mas também coloca esses princípios em prática, de maneira tangível”, frisou ela.
A visita ao Idesam não apenas proporcionou uma visão aprofundada do trabalho da organização, mas também inspirou os jovens comunicadores a desempenharem um papel ativo na promoção da conservação e restauração da Amazônia e na disseminação de práticas sustentáveis. O encontro serviu como um exemplo instigante de como a comunicação pode desempenhar um papel fundamental na conscientização e no apoio às iniciativas socioambientais.
“Pensar nas agroflorestas, nesse cuidado com a biodiversidade, com mix de espécies nos sistemas agroflorestais, que foi uma coisa que eu aprendi durante o nosso encontro, é o que torna o negócio mais sustentável. Todo esse trabalho de restauração de hectares, compensação de carbono, eu acho que é uma maneira de pensar num futuro a longo prazo. O Idesam tem um trabalho bem completo, pensando todo esse ciclo de sustentabilidade, de geração de renda e legitimando os saberes populares, que também é superimportante”, pontuou a comunicadora Fabrícia Sterce.
Mais sobre o projeto
O ‘Intercâmbio de Biomas: trocas de saberes entre jovens comunicadores da Amazônia e da Mata Atlântica’ acontece através do projeto Conservando Juntos do site ((o)) eco. O objetivo principal é capacitar jovens comunicadores para enfrentar os desafios ambientais críticos na Amazônia. Com foco no jornalismo ambiental e na busca por soluções inovadoras, essa iniciativa fortalece a colaboração regional e expande a comunicação socioambiental nas duas regiões.
“Estamos no terceiro ano de parceria com o Eco e, desta vez, conseguimos levar e trazer os profissionais para atividades com outras organizações e levá-los para campo, o que aumenta, em muito, o engajamento e a qualificação com a conservação da Amazônia”, comentou Eunice Venturi, gerente de Comunicação da FAS.
O projeto selecionou seis comunicadores estudantes e/ou recém-formados, sendo quatro da região metropolitana de Manaus e dois da região metropolitana do Rio de Janeiro. Cada um deles recebeu uma bolsa que incluiu uma viagem de campo e vivência de 14 dias, abrangendo o Rio de Janeiro e Manaus. Além disso, as bolsas contemplam apoio para produção de reportagens, mentoria jornalística e a publicação das reportagens resultantes no site ((o)) eco, além de parcerias com outros veículos.
A vivência de campo teve como objetivo principal estimular a troca de experiências e conhecimentos entre os participantes, consolidando os princípios da comunicação socioambiental nos jovens. Com um foco nas ferramentas do jornalismo de soluções, a viagem permitiu aos participantes mergulhar na produção jornalística da Amazônia. A programação incluiu visitas a organizações de jornalismo, encontros com comunidades tradicionais e líderes locais, bem como uma imersão profunda no bioma amazônico e Mata Atlântica.
Agora os comunicadores deverão produzir uma reportagem com foco em crimes e ilícitos ambientais na Amazônia e ações para superá-los. As reportagens também podem considerar temas transversais como biodiversidade, áreas protegidas, cadeias sustentáveis de produção e novas descobertas científicas.
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