DOE AGORA

A educação ambiental como ferramenta de transformação social e gestão do Meio Ambiente

A educação ambiental como ferramenta de transformação social e gestão do Meio Ambiente

“Saiu o semeador a semear. Semeou o dia todo e a noite o apanhou ainda com as mãos cheias de sementes. Ele semeava tranquilo sem pensar na colheita porque muito tinha colhido do que outros semearam.” (Cora Coralina)

 

(Imagem: O Semeador, de Van Gogh)








A percepção do uso inadequado dos recursos naturais brotou por volta de 1960 e, 50 anos mais tarde, assuntos outrora ligados somente aos profissionais que atuavam na área ambiental e humana transpassam os limites acadêmicos, se popularizam e viram bandeiras. Ao longo deste período, termos como sustentabilidade, pegada ecológica e educação ambiental foram concebidos e ganharam espaço nos dicionários, meios de comunicação e discursos. Independente da maneira como são expostos, tais termos estão sempre associados com a interação do homem com os outros componentes da natureza e visam estabelecer um equilíbrio entre os interesses econômicos e os fatores socioambientais.
A Educação Ambiental (EA), dentre outras coisas, busca fazer com que o indivíduo consolide em si maneiras de utilizar os recursos naturais que ponderem a capacidade de regeneração e equilíbrio do sistema e os resíduos poluentes oriundos de suas transformações. Nesse sentido, a EA pode ser utilizada para brotar nos indivíduos a iniciativa de buscar opções para modelos sustentáveis de produção, que minimizem a destruição da floresta, a super exploração das espécies e os efeitos adversos do aquecimento global.
Para ter validade, a EA deve necessariamente transformar-se em ação individual e/ou coletiva. Perguntamos: como aplicar uma EA em uma sociedade originada a partir de incentivos governamentais ao desmatamento? Como fazer o indivíduo entender que o desmatamento, outrora associado ao progresso, tem que ser interrompido para o seu próprio bem sem antes ter alcançado o tal progresso? E, como fazer que o indivíduo e a sociedade entendam que uma econômica de base florestal e de baixo carbono é ambientalmente equilibrada e mais rentável na Amazônia? Este é o contexto que deve ser considerado nas iniciativas de EA nos municípios do sul do Amazonas. O grande desafio em Apuí é fazer com que a EA se torne uma ferramenta de transformação social e de gestão ambiental.
O Idesam tem conduzido uma série de atividades que tem o objetivo de atingir a sustentabilidade em Apuí. Dentre essas, destacam a formação de uma rede de coleta e comercialização de sementes, a implantação de unidades modelo de pecuária sustentável e o plano municipal de desenvolvimento. Todas as iniciativas têm acontecido com uma forte participação da sociedade apuiense, fortalecendo as parcerias antigas e, formalizado novas, capacitado pessoas e entidades, o que tem aumentado as possibilidades das boas idéias serem implementadas.
Estamos em campo (07 a 12/08) no processo chave para a implantação da EA em Apuí. A missão é consolidar parcerias e diagnosticar, junto com os professores e a Secretaria de Educação, as iniciativas anteriores que aconteceram no município. Esse diagnóstico será utilizado para contornar as dificuldades previstas e traçar objetivos e ações que reflitam na ementa escolar municipal dos próximos anos. É dessa forma, articulada e estratégica, que a agenda ambiental avança em Apuí!
 
 

Diego Brandão

Pesquisador do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam

Gabriel Carrero

Pesquisador do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam

Coordenador do Projeto Semeando Sustentabilidade em Apuí

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relacionados

WordPress Lightbox Plugin