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COP18 – SBSTA avança e setor privado mostra boas intenções

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COP18 – SBSTA avança e setor privado mostra boas intenções

Considerando que já estamos no quarto dia da COP, com apenas oito dias restantes, o consenso geral parece ser que as negociações ainda não estão em pleno andamento, uma vez que todos esperavam mais ação a essa altura dos acontecimentos.MB3-861

Foto: Mariana Pavan/GCF

Hoje aconteceram as discussões de REDD+ no contexto do SBSTA – Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico. Alguns pontos têm avançado bem e parece haver mais acordo e definição no comparativo com LCA – Grupo de C_BOE_30Trabalho Ad hoc Working Group on Long-term Cooperative Action. Aconteceram duas consultas informais com as Partes, onde o presidente recebeu o mandato para atualizar o texto e apresentar uma nova versão para negociação, detalhando pontos sobre monitoramento e MRV (measurement, reporting and verification). Para explicar a diferença, o monitoramento é considerado uma ferramenta que permite mapear a cobertura florestal e permitir que eventuais mudanças sejam identificadas e monitoradas. Por outro lado, o MRV é um sistema mais detalhado, que converte os dados de área em  emissões, criando “dados mais sofisticados”, que podem precisar de verificação C_TSCM42_66 em campo e se relaciona com as atividades que um país decide incluir. Portanto, o monitoramento é uma parte do MRV, mas são coisas diferentes.

Nas questões de monitoramento, as negociações avançaram na medida em que uma versão mais avançada – e quase final – do texto foi apresentada. As peças principais que faltam são definições sobre como monitoramento será realizado (se integral, considerando co-benefícios) e como ajustar a linguagem a fim de incluir características de monitoramento no nível subnacional. As Partes continuarão a finalização do texto em uma sessão fechada hoje à noite.

Outro evento interessante que aconteceu hoje (29) foi um evento paralelo sobre “Mobilização de Finanças do Setor Privado para REDD+: Parcerias inovadoras para catalizar investimentos”, organizado pela Conservação Internacional e VCSA (Verified Carbon Standard Association). O objetivo do evento foi discutir os desafios e oportunidades para canalizar recursos do setor privado para atividades de REDD+. Diversos pontos de vista do setor público no desenvolvimento de atividades relacionadas também foram apresentados. Representantes dos governos de Peru e Costa Rica também apresentaram suas experiências em desenvolvimento de projetos de REDD+ em uma abordagem “bottom-up”, na construção de sistemas jurisdicionais e nas discussões sobre uma estratégia nacional de REDD+, como está acontecendo no Peru. Além disso, Costa Rica apresentou sua experiência FONAFIFO e como isso levou a uma dramática mudança no perfil florestal do país.

Foto: Mariana Pavan/GCF

A respeito do setor privado, o Wildlife Works (WW) discutiu os desafios e importância de investir recursos privados para atividades de REDD+ e como isso pode alavancar processos importantes. A empresa considera o REDD+ como o mecanismo ideal para conservação de florestas na medida em que seu valor é proporcional a o desafio, ou seja, grandes áreas de floresta sob grave ameaça tem grande potencial para geração de recursos. A organização também destacou a importância da sinalização de preços (price signals), uma vez que o valor econômico do REDD+ competirá com outros usos econômicos da floresta. Naturalmente, a demanda por créditos de Carbono deverá ser significativa e o setor privado pode desempenhar um importante papel na criação e aumento dessa demanda.

No início do evento, também foi mencionada não apenas a necessidade de canalizar recursos, mas também a importância de atividades de REDD+ serem capazes de demonstrar resultados confiáveis e robustos. O VCSA também apresentou sua iniciativa Jurisditional Nested REDD+ (JNR) e os seus esforços para a construção de sistemas jurisdicionais que podem ser integrados em diferentes escalas.

É encorajador perceber que há interesse e vontade do setor privado em investir em atividades de REDD+. Os desafios para que isso aconteça em larga escala são a incerteza para os investidores, a insegurança jurídica, os desafios técnicos e da falta de um “produto”, ou seja, resultados mensuráveis. Isso é algo bastante relevante para os membros do GCF, já que muitos deles têm trabalhado intensamente para diminuir essas incertezas através da construção de robustas estruturas jurisdicionais, que podem acomodar projetos e manter um sistema de contabilidade transparente e confiável. Se olharmos para muitos estados de florestas tropicais, vemos que eles estão investindo muitos recursos técnicos, financeiros e políticos para construir esses sistemas, enquanto não vemos a mesma iniciativa no lado da demanda. É o momento de os atores no lado da demanda começarem também a gerar avanços, se quisermos que o REDD+ aconteça em grande escala.070-457


Mariana Pavan
Pesquisadora do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam

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