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Estudo quantifica impactos do manejo florestal na RDS do Uatumã

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Estudo quantifica impactos do manejo florestal na RDS do Uatumã

A exploração de madeira resulta em uma série de efeitos ao ambiente, um desses efeitos é a emissão de gases causadores do efeito estufa. As emissões podem ocorrer pela decomposição de árvores mortas e de resíduos ou por incêndios florestais. O manejo florestal, termo inserido na legislação brasileira em 1965 (Lei Nº 4.771, De 15 de setembro de 1965), busca ordenar a exploração madeireira e reduzir os efeitos negativos dessa exploração, por meio de um conjunto de técnicas empregadas e por melhor planejamento das atividades.

No Amazonas, foi estabelecida, em 2008, a categoria de plano de manejo florestal, denominada Plano de Manejo Florestal Sustentável de Pequena Escala (PMFSPE), que tem o objetivo de regularizar a atividade madeireira de pequenos produtores. No entanto, não há estudos que avaliem os impactos dessa categoria de plano de manejo e demonstrem que tais planos elaborados para pequenos manejadores são realmente de baixo impacto, como estabelecido juridicamente.

Tendo como área de pesquisa a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, o engenheiro florestal – e pesquisador do Programa Unidades de Conservação, do Idesam – André Vianna defendeu, no último dia 16 de agosto, sua dissertação de mestrado, um estudo que quantificou o impacto do manejo de florestal realizado sob as normas de Planos de Manejo Florestal Sustentável de Pequena Escala. O trabalho foi desenvolvido dentro do Programa de Pós Graduação em Ciências de Florestas Tropicais do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), e foi realizado com apoio do IDESAM e do CNPq.

O principal indicador utilizado para mensurar o impacto da exploração foi o estoque de carbono das áreas manejadas, estimado pela biomassa viva acima do solo – componentes arbóreo, liana (cipó) e palmeira –, pela biomassa de raízes grossas e pela necromassa, ou seja, árvores mortas. Três áreas de manejo florestal de pequena escala foram escolhidas para a pesquisa, nas comunidades Nossa Senhora do Livramento, Monte Sião Leandro Grande e Santa Luzia do Jacarequara. No total, foram exploradas 20 árvores das duas primeiras áreas; a terceira foi usada apenas como “área testemunha”.

Além dos estoques de carbono antes e depois da exploração, o estudo também verificou os danos causados nas árvores não exploradas e o impacto na regeneração natural: “Dependendo dos danos causados às árvores não exploradas, elas poderão morrer, entrar em decomposição e consequentemente emitir gases causadores do efeito estufa”.

Como resultado do estudo, foi verificado que nas áreas estudadas o impacto do manejo florestal foi inferior ao verificado em áreas exploradas com maior intensidade. A redução de estoque de carbono, após dois meses da colheita florestal, foi similar à redução verificada após 30 anos de recuperação em florestas sob manejo florestal de maior intensidade. Além do menor volume de madeira explorado, outro fator importante é a inexistência de estradas e pátios de estoque de madeira, utilizados em categorias de planos de manejo maior impacto. “No manejo de pequena escala no Uatumã, todo o processamento é feito em campo, a madeira já sai processada em pranchões que são transportados para as comunidades por via fluvial”, destaca André. De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, essas estruturas podem corresponder a 46% dos danos causados à floresta.

O monitoramento das áreas estudadas deve ser mantido, visando principalmente o aperfeiçoamento dos estudos sobre a dinâmica da floresta sob manejo florestal. “É importante quantificarmos o impacto existente, a partir disso, poderemos verificar se floresta suporta ou não a exploração realizada”, conclui.

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