Zona Franca de Manaus direciona incentivos à bioeconomia, mas há problemas com energia e conectividade
Texto de Ana Carolina Amaral
Publicado originalmente na Folha SP
SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ (AM) Ingrediente aromático e valioso para a indústria dos cosméticos, o óleo de breu branco já era um velho conhecido das comunidades da RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) Uatumã, que fica a cerca de 330 km de Manaus.
Mas foi há dois anos que o investimento em uma usina para produção do óleo alavancou o potencial econômico.
Sempre que sofre uma perfuração, a árvore breu branco evita a invasão por insetos ao liberar uma resina de mesmo nome, que depois endurece sobre sua casca.
“Em 2019, extraíamos a resina da árvore e vendíamos a R$ 2,50 o quilo. Hoje produzimos o óleo essencial na usina e vendemos por R$ 1.300 o litro”, diz Vanderley Cruz, gestor da usina de óleos da RDS Uatumã, que foi construída com recursos do Fundo Amazônia. Ele diz que 400 kg de resina rendem 2,5 litros de óleo.
“Fui o primeiro comprador, ajudei no início com consultorias, mas hoje não consigo comprar, porque eles têm muita demanda”, afirma Domingos Amaral Neto, diretor da Biozer da Amazônia, que desenvolve cosméticos naturais e fitoterápicos.
A Biozer também recebeu apoio graças a recursos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) destinados por uma fabricante de eletrônicos da Zona Franca de Manaus, que tem participação nos lucros.
O direcionamento de investimentos para a bioeconomia é feito através do PPBio (Programa Prioritário de Bioeconomia). É uma opção criada pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) para o investimento obrigatório que as empresas devem fazer em P&D.
O valor deve corresponder a, no mínimo, 5% do faturamento como contrapartida aos benefícios tributários.
Entre 2019 e 2022, o programa arrecadou R$ 91,6 milhões de 33 empresas. Mas convencer os negócios da Zona Franca de Manaus —majoritariamente voltados ao setor tecnológico— a investir na floresta ainda é um desafio.
“O primeiro objetivo dessa política de P&D é dar autonomia técnica para a empresa aumentar a competitividade e permanecer na região. Por isso a gente não impõe, mas busca dar os incentivos corretos para a própria empresa investir nessas áreas”, diz Rafael Gouveia, coordenador de gestão tecnológica da Suframa.
A tarefa de construir parcerias com empreendedores, comunidades e pesquisadores fica por conta do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), que coordena o PPBio desde 2019.
No início do ano, a ONG promoveu uma expedição à RDS Uatumã reunindo investidores, empreendedores, instituições de tecnologia e inovação e comunidades da reserva.
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