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A “voadeira solar” e o transporte na Amazônia

A “voadeira solar” e o transporte na Amazônia

31 de maio de 2012

 

Uma nova proposta para movimentação fluvial: é isso o que a “voadeira solar” pretende oferecer a quase 20 milhões de pessoas que habitam o interior de toda a Amazônia. A embarcação é resultado de um projeto do Instituto de Conservação e desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) – em parceria com as empresas K2C Consultoria, Alegra Náutica e o Instituto de Soluções Energéticas – que une o uso de motores de popa movidos a energia elétrica à tecnologia de geração de energia fotovoltaica. O sistema trabalha a captação, conversão e armazenamento da energia e garante às embarcações uma autonomia de até 12 horas. O projeto foi desenvolvido com financiamento da Fundação deAmparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).

 

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O funcionamento é bem simples: as placas solares captam a energia solar e a convertem em energia elétrica, essa energia é armazenada em um jogo de baterias e depois direcionada aos motores elétricos. A fim de avaliar a possibilidade de replicação do protótipo, a construção foi realizada utilizando apenas equipamentos disponíveis no mercado de Manaus, Amazonas. De acordo com o engenheiro florestal Carlos Gabriel Koury, do Idesam, os equipamentos utilizados no projeto, comparados aos disponíveis no mercado brasileiro e do exterior, podem ser considerados de nível 2 em uma escala 1 a 5, sendo 5 os produtos top de linha.

 

“Essa comparação comprova que a voadeira solar ainda pode evoluir muito com a aquisição de equipamentos mais adequados, como motores elétricos de melhor potência, baterias mais leves e de maior duração, placas solares mais leves e de melhor eficiência energética”, explica.

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Investimento – O custo do equipamento para uma voadeira solar chega a aproximadamente R$ 20 mil, pouco mais que o dobro de um motor convencional de mesma velocidade. Mas, com o uso contínuo da embarcação e a economia com combustíveis fósseis, o custo-benefício é positivo para quem utiliza o novo modelo. Considerando um aumento no comércio de equipamentos de energia fotovoltaica na Amazônia, os preços dos itens utilizados será menor, o que tornará viável o seu uso por pessoas físicas. “As pessoas precisam levar tanques pesados de gasolina do posto até a embarcação; e a voadeira sempre precisa carregar algo em torno de 200 litros de combustível, todos esses problemas não existem com o uso da energia solar”.

 

Pelo valor inicial do sistema, o pesquisador projeta que o público inicial interessado na utilização da voadeira solar serão as instituições que tem atuação constante no interior da Amazônia, com agências de Saúde e de Vigilância Sanitária, monitoramento ambi-ental, pesquisa. Além disso, poderão ser utilizadas pela rede pública de ensino, para o transporte de alunos e professores; e por operadoras de turismo e hotéis de selva.

 

Dificuldade logística e custos – Os combustíveis fósseis (diesel e gasolina) abastecem energeticamente todo o interior da Amazônia, mas ainda existe grande dificuldade para levar esses combustíveis a um grande número de cidades, localidades, povoados e comunidades da Amazônia fluvial. “Algumas cidades do interior do Amazonas ficam a até nove dias de barco de Manaus e, não suficiente, certas comunidades chegam a ficar mais dois dias das sedes dos municípios. O custo logístico de abastecimento é extremamente elevado”, destaca Koury.

 

Sair da dependência do combustível fóssil para o transporte fluvial pode representar o início de uma reavaliação de todo funcionamento do interior da Amazônia. Ao se provar que é possível trocar – ou incluir mais uma opção a – a matriz energética do transporte fluvial de pequena escala, inicia-se uma reflexão sobre as diversas opções de fontes de energia que podem abastecer o interior, movimentado uma nova economia de baixo carbono e menor impacto ao Meio Ambiente. “As tecnologias já existiam, mas a combinação entre as duas ainda não tinha sido aplicada como uma alternativa para a Amazônia, que é uma região de grande disponibilidade de insolação e de imensa dependência do transporte por via fluvial”, finaliza.

 

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