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Ações de monitoramento visam garantir melhores resultados para projeto de carbono com produtores de Rondônia

Ações de monitoramento visam garantir melhores resultados para projeto de carbono com produtores de Rondônia

Idesam é o responsável técnico pelas metodologias de parceria entre a empresa Natura e cooperativa do RECA, em Nova Califórnia.

 

Por Assessoria

 

O ano de 2021 foi um marco importante para o Projeto Carbono Reca, desenvolvido pela Natura em parceria com a Cooperativa do Projeto Reflorestamento Econômico Consorciado Adensado (RECA) e apoio técnico do Idesam. O projeto completou mais um ciclo de cinco anos de execução e, seguindo o planejamento estabelecido, realizou ações de acompanhamento e monitoramento, a fim de verificar os resultados obtidos no ciclo anterior.

A iniciativa surgiu de uma parceria entre a empresa de cosméticos e uma cooperativa agroextrativista do distrito de Nova Califórnia, na capital de Rondônia, que fornece as matérias primas utilizadas na fabricação de produtos cosméticos.

A premissa do projeto, de acordo com a coordenadora de Mudanças Climáticas do Idesam, Victoria Bastos, é o mecanismo chamado de Insetting florestal – quando uma organização/empresa compensa suas emissões dentro da própria cadeia produtiva.

 

“O projeto remunera os fornecedores pela área de floresta conservada dentro de seus lotes, em troca de a Natura poder compensar uma porcentagem de suas emissões com a redução de emissões por desmatamento evitado dentro destes lotes”

– Victoria Bastos, coordenadora de Mudanças Climáticas do Idesam.

 

O mapeamento foi realizado pela equipe do Idesam a partir de imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com as análises, os lotes do Reca apresentaram uma taxa de desmatamento anual médio de 0,93% entre 2013 e 2016, enquanto na área do entorno foi 105% maior, o equivalente a  1,9% ao ano.

Em um segundo período de verificação, mais recente, entre 2018 e 2020, o desmatamento nos lotes do Reca foi ainda menor, de 0,52% – um quinto da taxa média observada em outras propriedades da mesma região, que ficou em 2,47%.

De acordo com o Gicarlos Souza de Lima, do Reca, o projeto busca mudar a lógica econômica onde o desmatamento é mais atrativo do que a conservação.  “Através do projeto está sendo possível realizar várias ações dentro da cooperativa. Sabemos que os impactos podem e devem melhorar pois o trabalho da conservação da floresta é muito desafiador”, explica.

O representante da cooperativa explica que o projeto de pagamento por serviços ambientais é uma recompensa muito bem-vinda, após todo o trabalho e esforço dos cooperados, há mais de vinte anos, na conservação das áreas legalmente protegidas do assentamento. Os recursos obtidos contribuem ainda com ações que terão maior impacto no futuro da comunidade.

 

“Estamos conseguindo  investir na modernização do beneficiamento dos produtos do Reca, realizar mais assistência técnica e até mesmo implementar um projeto de compostagem para destinação dos resíduos sólidos da agroindústria do Reca, beneficiando mais de 150 produtores”

– Gicarlos Souza de Lima, do Reca

 

A coordenadora explica ainda que a atualização compreendeu três itens importantes para o projeto:  a região de referência; a linha de base e o método de monitoramento de resultados. A Região de Referência (RR) é uma área – fora do projeto – que será comparada com a área do projeto para definir de que forma o mesmo impactou com a conservação das florestas; enquanto a ‘linha de base’ é uma projeção de como estaria a área, caso o projeto não existisse, considerando as taxas médias de desmatamento e a mudança no uso da terra (quando a floresta é derrubada para servir de pasto ou produção agrícola, por exemplo).

O cruzamento dessas informações, adicionado às metodologias aplicadas, permite entender o real impacto do projeto para a conservação daquela área, contribuindo para o cálculo de emissões de carbono que foram evitadas pela conservação da floresta. Essa rigidez nas informações é importante pois mostra o real impacto do projeto, de forma comprovada e monitorada.

“São normas e metodologias que estão em constante processo de aprimoramento para garantir princípios importantes desse tipo de projeto: adicionalidade, permanência e evitar dupla contagem”, finaliza Victoria.

 

Guia metodológico 2.0

As premissas atualizadas também serão usadas para a publicação de uma nova edição do Guia Metodológico: Projetos de PSA e Carbono Florestal na Amazônia.

Conforme Victoria Bastos, que faz parte da equipe de revisão do guia, a nova edição trará melhorias significativas no capítulo sobre componentes metodológicos e de contabilidade de benefícios ao clima, com foco na atualização sobre os sistemas e protocolos para monitoramento das mudanças na cobertura florestal da(s) área(s) de trabalho.

“Além de realizar ajustes metodológicos identificados como necessários durante a execução do projeto; também detalhamos um método de análise supervisionada das mudanças na cobertura florestal, que permite melhor acurácia dos resultados obtidos pelos projetos de PSA”, explica a gestora ambiental.

O documento está em processo de revisão e será publicado ainda no primeiro semestre de 2022, na biblioteca virtual do Idesam.

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