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Educação Ambiental ganha reforço na Terra Indígena Andirá-Marau

Educação Ambiental ganha reforço na Terra Indígena Andirá-Marau

Com a finalização da primeira etapa, técnicos e comunitários desenvolvem material didático sobre valorização dos saberes tradicionais

Por Priscila Rabassa

A agricultura agroecológica, que une saberes tradicionais e científicos, é uma alternativa para promover a produção alimentar de qualidade. A partir desses princípios, o Idesam elaborou uma cartilha visando disseminar a produção sustentável dos povos da Terra Indígena (TI) Andirá-Marau, localizada na divisa entre Amazonas e Pará.

A publicação Waraná Agroecologia: Aprendizados em Educação Ambiental retrata os principais resultados do projeto Waraná, desenvolvido pelo Idesam em parceria com Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural), Assai (Associação dos Amigos do Inpa) e Consórcio dos Produtores Sateré-Mawé, com patrocínio da Petrobras.

O projeto está atualmente em sua segunda fase, com apoio financeiro do Projeto Gestão Ambiental de Terras Indígenas (Gati), um convênio entre a Funai e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Elaborada a partir da experiência vivenciada nas comunidades da TI, a cartilha apresenta uma linguagem simples e educativa e servirá de suporte aos professores e lideranças que buscam atividades de apoio à educação ambiental como forma de difundir os conhecimentos tradicionais e expandir as atividades nas comunidades.

Por meio de oficinas e seminários realizados entre 2014 e 2016, foi possível envolver as comunidades das três calhas dos rios que passam pela TI (Marau, Andirá e Uaicurapá) na construção do conteúdo que compõe a publicação.

“Percebemos que foi um importante momento de troca de experiência, aprendizado e união dos comunitários. Eles conseguiram enxergar que ainda é possível resgatar a sua cultura alimentar e o seu uso tradicional”, afirma Reia.

Eles contribuíram para o levantamento e registro de uma rica diversidade de alimentos e plantas historicamente cultivadas nas comunidades, detectando que muitos dessas espécies estão em atual declínio de uso e de cultivo na TI.

Para pesquisadora do Idesam e uma das autoras da obra, Marina Yasbek, o aumento de acesso aos alimentos industrializados e a crescente degradação das áreas produtivas na TI têm causado o declínio no uso e no cultivo de variedades de batatas, manivas e frutas.

“Além de comprometer a segurança alimentar e a saúde das famílias, a diminuição da agrobiodiversidade local altera os hábitos alimentares tradicionais. Aos poucos, tais alimentos deixam de ser cultivados e as famílias perdem suas sementes, fazendo com que eles desapareçam das plantações”, explica.

Resultados no campo

Com o declínio iminente de várias dessas espécies, o projeto vem atuando com o intuito de incentivar produções sustentáveis e ações de valorização e resgate da cultura tradicional.

Na primeira etapa do projeto, foi possível implantar 13 sistemas agroflorestais (SAF) na TI. De acordo com o engenheiro agrônomo Ramom Morato, pesquisador do Idesam, essas áreas vêm contribuindo para a melhoria da qualidade do solo e a recuperação de áreas degradadas e improdutivas, promovendo ainda a valorização da cultura e dos hábitos tradicionais.

Foram instalados dois viveiros florestais e cinco parcelas para inventário de estoque de carbono. Também foram realizadas atividades de educação ambiental – como oficinas sobre lixo e horticultura – e eventos de intercâmbio e valorização da cultura tradicional, como a I Feira de Troca na TI Andirá-Marau.

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