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Fomento à produção de guaraná e pau-rosa beneficia mais de 100 famílias em Apuí

Fomento à produção de guaraná e pau-rosa beneficia mais de 100 famílias em Apuí

Texto e foto por Henrique Saunier (com edição de Samuel Simões)

 

Iniciado em 2016, o projeto “Conservando a Biodiversidade e Gerando Renda”, desenvolvido na região do rio Madeira (sul do Amazonas), chega a sua etapa final com uma perspectiva de continuidade pelas mãos dos comunitários envolvidos. Com todas as dez áreas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) previstas para serem implantadas até o início de 2019, mais de 100 famílias serão beneficiadas diretamente — chegando a 600 impactadas indiretamente — pelo incentivo à produção sustentável de guaraná e pau-rosa, dois produtos bastante demandados no mercado nacional e internacional.

Desenvolvido e executado pelo Idesam, com financiamento do Fundo Socioambiental Mitsui, o projeto engloba produtores de Apuí e da área do Assentamento Agroextrativista Aripuanã-Guariba. A Coca-Cola e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) também apoiam o projeto de diferentes formas.

Em paralelo aos plantios integrados de guaraná e pau-rosa, as ações contaram com cursos sobre produção de mudas, manejo e beneficiamento de guaraná e apoio aos produtores na comercialização de sua produção. A construção de uma estufa para produção de mudas, com capacidade para 25 mil mudas ao ano também entrou nas ações de apoio aos agricultores.

De acordo com o coordenador de agroecologia do Idesam, Ramom Morato, o intuito é fortalecer a economia da agricultura familiar junto aos produtores com os quais o Idesam já trabalhava. Com isso, o projeto entra num contexto maior praticado pelo Idesam na região de Apuí, em consonância com outras ações, o que garante a continuidade das atividades ao longo do tempo, mesmo após a finalização do projeto.

“Os produtores escolhidos seguiram critérios que pudessem aumentar as chances de sucesso e de resultados. Os benefícios, ambientais e financeiros, serão sentidos com o passar dos anos com o desenvolvimento das áreas implantadas. É importante salientar que os modelos de plantio propostos em sistemas agroflorestais podem ser utilizados como projetos de recuperação de áreas degradadas, em áreas rurais que possuem passivos ambientais, adequando as propriedades locais no que prevê a lei pelo Código Florestal”, ressaltou Morato.

A escolha por implantar o projeto em Apuí considerou que no município ainda predomina um modelo de agricultura baseado em práticas desenvolvidas no Sul do País, sendo uma das cidades mais ameaçadas pelo desmatamento no Amazonas. O investimento em áreas de SAFs de guaraná e pau-rosa, junto dos benefícios da cadeia florestal local são exemplos que contrapõem a realidade do desmatamento praticado para converter florestas em áreas de pasto.  Cerca de 90% do desmatamento na região é para converter áreas florestais em pastagem, a principal atividade econômica do município.

“Para se oferecer uma alternativa à pecuária, é necessário a geração de renda em diferentes segmentos, da produção de sementes à fabricação de mudas, até a venda de produtos oriundos dos sistemas agroflorestais. A implantação das áreas de agrofloresta também fortalece a economia florestal, pois a sementes são adquiridas de um grupo local de coletores, as mudas são produzidas pelo Viveiro Santa Luzia (Apuí) e os produtores são beneficiados pelos plantios, proporcionando distribuição de renda local”, destaca Morato.

A ideia das Unidades Demonstrativas (UDs) é que elas sirvam como áreas-modelo de produção dessas culturas, estimulando outros produtores da região a investirem na ideia. A ideia já deu certo: inspirada por outros produtores, Maria Bernadete Diniz,  mesmo sem ser atendida diretamente pelo projeto, também iniciou o seu plantio de guaraná por conta própria, já aproveitando a mesma área em que cultiva café, apoiada por outra ação do Idesam.

“Ainda tenho poucas mudas de guaraná, está produzindo bem pouco. Eu quero continuar plantando no meio do meu SAF junto com o café, mas agora com mudas daqui mesmo, aproveitando a época da chuva”, relata a produtora que mora em um ramal a cerca de 17 quilômetros da sede de Apuí.

 

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