Segundo evento do ‘Meet up Acelera’ consolida comunidade de inovação atuante na cadeia do açaí
Texto: Imprensa/ Idesam
Foto: Banzeiro Comunicações
Do robô que automatiza a coleta de açaí ao beneficiamento do fruto em pó, passando pela plataforma que proporciona a rastreabilidade que mensura a sustentabilidade da produção, a conexão de startups e empreendedores que atuam na cadeia do açaí rendeu futuras parcerias durante o segundo evento do Meet up Acelera – edição Bioeconomia, realizado pelo Idesam, Impact Hub Manaus e Fundação Rede Amazônica na tarde de quinta-feira, 14.09, no auditório do Impact Hub Manaus com transmissão pelo Youtube. O evento reuniu comunidades de oito estados da Amazônia Legal.
O Brasil é o maior produtor do fruto no mundo com uma produção de mais de 1,5 milhão de toneladas por ano, atingindo o valor de R$ 5,3 bilhões. Cerca de 120 mil famílias e 200 empreendimentos (cooperativas, associações, agroindústrias) da agricultura familiar na Amazônia estão envolvidas na cadeia produtiva.
De acordo com a publicação Recomendações de Políticas Para a Cadeia de Valor do Açaí, elaborada no âmbito do Projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estima-se que 60% de toda a produção brasileira seja consumida na própria Amazônia. O restante segue para os demais estados e para outros países, movimentando mais de US$ 720 milhões por ano no mundo.
Fundada em 2020, a startup Agranus, sediada em Boa Vista (RR) apresentou a tecnologia do Climbot, colheitadeira automática de açaí. A proposta do modelo de negócio, de acordo com Carlos Johnatan Coutinho, é tornar a tecnologia acessível aos extrativistas da região por meio de aluguel dos equipamentos. A estimativa é de que aumento da produção, proporcionando maior segurança para o trabalhador.
Atuando na rastreabilidade da cadeia, a Agrosmart, nasceu em Minas Gerais e, desde 2019, está em Manaus atuando com cadeias de extrativismo. Atualmente, trabalha com aplicativo que faz o monitoramento da coleta, abastecido pelo próprio extrativista, o que permite um vender o fruto com maior valor agregado. “Temos um trabalho com 800 famílias na Amazônia e elas dependem da floresta em pé. Nosso trabalho é ajudar com a valorização desse produto, garantindo a rastreabilidade da origem sustentável” afirmou o CEO Paulo Quirino.
Para Emerson Lima, farmacêutico, pesquisador e fundador da startup Terramazonia Superplants, baseada em Manaus (AM), agregar valor ao produto local é fundamental para o desenvolvimento de cadeias sustentáveis desde o território até a comercialização no mercado. Atualmente, ele processa entre 2 e 5 toneladas de açaí por mês, beneficiando o fruto em formato em pó, sem perda das propriedades. O resultado permite que seja usado tanto na indústria alimentícia quanto de biocosméticos.
Os participantes listaram a falta de investimento básicos em infraestrutura, como Internet, em Educação, em pesquisa e tecnologia, como empecilhos para o desenvolvimento da bioeconomia.
Ao final do evento, três negócios participaram da rodada de pitch: Amachains, plataforma de rastreabilidade e contabilidade de carbono para medir a pegada de carbono de fornecedores do agronegócio; Açaí Maps, software que automatiza o processo de gerenciamento da produção de açaí para produtores e gestores de imóveis rurais; e o projeto “Amazônia eu sou – promovendo a identidade produtiva territorial amazônica”, que auxilia as comunidades extrativistas a conseguir certificação orgânica.
Convidados
Abrindo o encontro, os convidados Lindomar Góes, fundador da Tucuju Valley, comunidade de start ups do Amapá, e Luciana Minev, fundadora e diretora executiva da Singulari Consultoria compartilharam experiências com o público sob o tema “Formando negócios, atraindo sócios e vendendo participações”
“Tem muita gente boa pesquisando e inovando na Amazônia. Quando começamos, há 10 anos, eram duas startups de sucesso no Amapá. Entendemos que não fazia sentido e daí surgiu a comunidade. Agora, temos várias startups falam de bioeconomia e dezenas delas são milionárias. Estamos trabalhando para termos o primeiro unicórnio da Amazônia”, afirmou.
Para que haja uma ‘virada de chave’ no Brasil, ele acredita que é preciso fazer a ponte entre ciência e mercado, assim como ocorreu, recentemente, na China e em Israel.
Consultora e investidora de negócios amazônidas, Luciana Minev, pontuou que a prosperidade da região passa, necessariamente, pelo empreendedorismo. “Existem muitas ideias boas, mas não necessariamente um negócio tem sucesso por isso. Uma série de fatores influenciam: como escolher os parceiros corretos; que se complementem em habilidades técnicas; busca de conhecimento de mercado e informação; enriquecimento de repertório, promovendo o diálogo entre o generalismo e o especialista; e formar uma rede de relacionamento que dê suporte, inclusive para a resiliência”, afirmou.
Como investidora, ela ressaltou que a capacidade de execução do empreendedor é o fator de maior peso para receber um aporte de recurso. “No fim é isso que importa. Estude a área que você quer atuar e várias outras. O que vai definir é sua capacidade de prosperar”.
Próximos eventos
O Meetup Acelera – edição Bioeconomia, é uma série de eventos que acontece de forma híbrida para conectar o ecossistema de inovação da Amazônia. Outras três edições este ano: ‘Incentivos SUFRAMA para o agroextrativismo’, em Outubro; ‘Unidades de Conservação como Ambientes de Inovação’, em novembro; e ‘Estratégia de lançamento de produtos com a marca Amazônia’, em dezembro. Em agosto, o tema abordado foi ‘Conquistando Grandes Mercados: Estratégias para Aproximação Efetiva e Expansão da sua Marca’.
“Queremos fazer com que as cadeias aconteçam, que estes momentos de encontro possa encaminhar uma nova economia para Amazônia a partir dessa conexão entre associações, cooperativas, institutos de pesquisa, empreendedores, startups e todos os que buscam soluções a partir de uma perspectiva sustentável”, afirmou o diretor de Inovação em Bioeconomia do Idesam, Carlos Koury.
“Integrar e desenvolver a Amazônia a partir da inovação é um dos pilares do grupo e este evento é fundamental para isso, ajudando a fomentar esse ecossistema”, afirmou Mariane Cavalcante, representante da Fundação Rede Amazônica.
Para o representante do Impact Hub Manaus, Marcos Rocha, “conectar a comunidade dos diferentes estados, para fomentar a bioeconomia, é o objetivo do nosso hub que coloca a região amazônica em evidência”.
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