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Como o Idesam desenvolve sua tese de impacto na Amazônia, com equidade social e conservação florestal

Como o Idesam desenvolve sua tese de impacto na Amazônia, com equidade social e conservação florestal

Neste dia 20 de setembro, o Idesam comemora 19 anos de atuação na Amazônia.

Texto: Camila Garcêz / Idesam
Foto: Felipe Martins / Idesam

“A única forma de garantirmos a conservação da floresta é pelo desenvolvimento de negócios sustentáveis”. Essa é a visão do engenheiro florestal Mariano Cenamo, fundador e diretor de novos negócios do Idesam, que de forma pioneira, desde 2004, atua no fomento a negócios que ajudam a conservar a floresta a partir de uma nova economia inclusiva e sustentável.

Os indicadores do primeiro ano da Teoria da Mudança 2022-2026 apontam para 7,13 milhões de hectares de florestas conservadas; 1.342 famílias impactadas e fomento a 112 cadeias de valor sustentáveis que geraram R$ 6,6 milhões em comercialização.

“A estruturação de cadeias de valor promovida pelo Idesam tem destaque para cadeias geridas por associações e cooperativas que representam populações tradicionais. Por meio de recursos filantrópicos estruturantes, são ofertadas atividades de assistência técnica e de gestão, conexão com mercado e apoio estrutural, sendo desde a construção de usinas de óleos e movelarias, até a aquisição de maquinários para modernização da atividade agroextrativista”, explica André Vianna, diretor técnico do Idesam. 

Isso possibilita a proteção e restauração de uma vasta área de floresta tropical, por meio de implantação de sistemas agroflorestais, como parte da estratégia de conservação florestal com incentivo de REDD+. As iniciavas para alcançar esse propósito são várias, além dos públicos prioritários envolvidos: comunidades, negócios, empresas e investidores e redes cuja governança territorial é transversal. 

A marca coletiva Inatú Amazônia é exemplo disso. Surgiu em 2020, como forma de comercializar os óleos e peças de madeira de manejo florestal da AACRDSU e da Movelaria ILC Cavalcanti na RDS do Uatumã, além de óleos e manteigas vindos de outras quatro organizações sociais localizadas em diferentes regiões do Amazonas: APADRIT, APFOV, ASAGA e ASPACS. A comercialização beneficia cerca de 600 famílias. 

Produção de breu na miniusina de óleos da RDS do Uatumã. Foto: Ricardo Stockler/ Folha de S. Paulo

Agora, um novo passo vem sendo construído: o breu coletado na reserva, que durante anos serviu para vedar embarcações de madeira, hoje ganha o mercado internacional com selo que garante sua origem sustentável e rastreabilidade. A chancela do FSC® – Forest Stewardship Council®, conquistada pela Associação Agroextrativista das Comunidades da RDS do Uatumã (AACRDSU), ajudou na valorização do produto florestal e nos ganhos da comunidade, que saltou de R$ 1,00 para R$ 8,00 o quilo.

O resultado se deu a partir da estruturação da cadeia, apoiada pelo Idesam, que ajudou a estruturar a produção do óleo dentro de uma miniusina instalada na RDS e administrada pela comunidade. Fortalecer a governança territorial, por meio das organizações sociais, permitiu que a renda média dos mais de 370 extrativistas conectados, chegasse a quase R$ 3.000,00.   

Para garantir a viabilidade desse modelo, na outra ponta, atua na promoção da pesquisa, tecnologia e inovação, baseada na bioeconomia. O Idesam é a primeira organização a promover um programa de aceleração de negócios de impacto na Amazônia, a AMAZ Aceleradora de Impacto, nascida em 2018, hoje administra um fundo de financiamento híbrido de R$ 25 milhões e é a maior aceleradora e investidora de negócios de impacto do norte do país, com um portfólio de 18 negócios. 

Além disso, o Idesam também coordena o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), política pública da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para direcionar recursos de investimentos obrigatórios em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) das empresas do Polo Industrial de Manaus para geração de novos produtos, serviços e negócios envolvendo a bioeconomia amazônica. Em quatro anos de execução, o PPBio conta com 34 projetos executados ou em fase de execução, com R$ 127 milhões captados junto à Lei de Informática da ZFM e benefícios para mais de 15 cadeias produtivas regionais. Até o final do ano projeta-se mais 20 novas iniciativas apoiadas.  

Povos e floresta, um ecossistema duradouro  

Olhando de cima, é possível identificar o impacto positivo que um sistema agroflorestal tem na conservação do bioma. O Café Apuí Agroflorestal, cultivado em meio à floresta, integra o verde que enche os olhos, em uma das áreas de maior pressão pela atividade pecuária dominante no sul do Amazonas, a pecuária extensiva. A produção de café agroflorestal, realizada em Apuí, tem uma receita que varia de R$ 6.000 a R$ 8.000 por hectare/ano, valor dez vezes maior que a pecuária predatória, muito comum na região (2022). A iniciativa é compartilhada pelo Idesam junto à Amazônia Agroflorestal e beneficia diretamente 83 famílias em sua cadeia de produção, valorizando o trabalho da agricultura familiar e a conservação da floresta. 

Viveiro de onde saem as mudas de Café Agroflorestal. Foto: Divulgação

“A gente precisa da floresta, da mesma forma que a gente precisa da lavoura. Ter as duas juntas é um projeto muito bom. Nem todos aqui têm essa consciência. Mas, devagar, está chegando mais gente”, afirma Ronaldo Carlos de Moraes, produtor de café agroflorestal.

Por dentro da floresta, na região nordeste do Amazonas, a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, em 2004, serviu de base para um trabalho pioneiro de manejo florestal: sistemas agroflorestais aliados à compensação de carbono. Através do Programa Carbono Neutro, o Idesam vem aproximando a cidade da floresta e permitindo que pessoas físicas e jurídicas compensem suas emissões, ao mesmo tempo em que remuneram 250 famílias, que mantém esse ecossistema vivo.  Somente em 2022, 900 toneladas de CO² foram compensadas.  

“A gente está contribuindo com a floresta, a gente não está desmatando. E isso é exemplo para filhos, netos e bisnetos”, afirma Seu Aldemir Queiroz, responsável pela maior plantação de pau-rosa, da RDS Uatumã.

Seu Aldemir e Dona Neide, família ribeirinha e extrativista na RDS do Uatumã. Foto: Felipe Martins / Idesam

A espécie que antes era derrubada, agora é motivo de renda para ele e sua família; um dos primeiros parceiros beneficiados pelo Programa Carbono Neutro. O plantio de árvores nativas em sistemas agroflorestais, é feito pelos próprios moradores da RDS, orientados por técnicos do Idesam. A rastreabilidade desses plantios pode ser acessada por meio de sistema de geolocalização.

Atuar a partir de arranjos inovadores que permitam a conservação e a redução da pobreza na Amazônia, para além de um propósito, é um chamado à ação. Este reconhecimento da trajetória de quase duas décadas na Amazônia é celebrado internamente pela equipe do Idesam, a partir de um ambiente de trabalho seguro e diverso. 

“Oferecer um excelente lugar para trabalhar é o que me impulsiona a melhorar nossas políticas internas e programas institucionais. Cuidar de quem cuida da Amazônia tem sido o nosso legado. Percebemos o engajamento dos colaboradores, sua dedicação e felicidade, dentro e fora do Idesam”, pontua Maria Izabel, especialista em Recursos Humanos do Idesam. 

Sobre as Iniciativas Estratégicas  

As iniciativas articulam parcerias estratégicas para escalar impactos, visando a redução do desmatamento ilegal, mitigação e compensação das mudanças climáticas associadas e a erradicação da pobreza. Por meio da promoção de organizações sociais, fomento da produção sustentável e estratégias de comercialização, aceleração de negócios de impacto e, desenvolvimento de tecnologias para promoção da bioeconomia, o Idesam trabalha pela conservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia e suas populações.  

As iniciativas estratégicas trabalhadas no Idesam são: Governança Territorial, que abriga em seu escopo de trabalho o Observatório da BR-319; Serviços Ambientais e Programa Carbono Neutro; Inovação em Bioeconomia, que atende o Programa Prioritário de Bioeconomia; Produção Sustentável, que desenvolve as atividades de apoio à Inatú Amazônia e Café Apuí Agroflorestal e por fim, o Fortalecimento Institucional, que reúne as áreas meio: Secretariado, RH, Comunicação, Financeiro e Logística. 

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