
De atoleiro à rondonização
Viajamos pela BR-319 por seis dias no mês de agosto, de Porto Velho a Manaus. No caminho, entrevistamos moradores, madeireiros, agricultores, caminhoneiros, autoridades e ativistas. Depois de duas décadas praticamente fechada, a rodovia está transitável.
Publicada em 09/10/2018, no Amazônia Real
Por Gustavo Faleiros e Marcio Isensee e Sá
Chegando à Vila de Realidade
Quando o “seu” Cuiabano e a “vovó” Nilza chegaram em Realidade, não havia nada. Quer dizer, quase nada, quase ninguém. Era o fim dos anos 60 e só estavam ali os trabalhadores da empreiteira que construía a estrada, a BR-319. Obra da ditadura militar iniciada em 1968.
Até poucos anos, as coisas não tinham mudado muito. A Vila de Realidade não passava de meia dúzia de casas. No inverno – a temporada de chuvas –, carro nenhum passava. Para chegar a Humaitá (AM), apenas a 120 km ao sul, podia se levar um, dois dias.
O casal vinha num caminhão de Arenapólis, Mato Grosso, fugindo do garimpo, expulsos por fazendeiros. Com os seis filhos, passaram dias dormindo na rodoviária de Porto Velho. . Até que um ônibus os levou para Humaitá. Ali, acamparam em frente ao quartel (ainda em obras) do 5º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército. De carona com um soldado (em um fusca) foram levados ao igarapé Realidade, onde novas terras eram oferecidas pelo governo.
Aos 79 anos, Nilza Francisca Santana, trabalha na venda que está na frente de sua casa, cuida do neto de 15 anos que vive com ela, faz refeições para vender a quem chega na Realidade. Ela vê com bons olhos a chegada de novos moradores e os negócios novos que abrem na Vila.
Os migrantes chegam animados com a manutenção na BR-319, algo que não ocorria há duas décadas. Pela primeira vez, desde os anos 80, a rodovia está transitável tanto no período da seca como no período das chuvas. O verão e o inverno.
Já são cerca de sete mil habitantes, incluindo quem vive em numerosas vicinais. Na região, desde 2000, abriu-se em média de 17 km de estradas ‘não oficiais’ por ano. É o que indica um novo estudo do Instituto de Conservação Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam)
Leia a reportagem na íntegra aqui.
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