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Aliança Guaraná de Maués encerra 2018 com participação ativa de agricultores e mais de 700 jovens alcançados

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Aliança Guaraná de Maués encerra 2018 com participação ativa de agricultores e mais de 700 jovens alcançados

Para o ano que vem, uma das ações programadas é a distribuição de material didático regional na rede de ensino infantil do município

 

Texto: Henrique Saunier
Foto: Adriano Sarmento

 

O ano de 2018 foi um período de conquistas para todos os envolvidos na Aliança Guaraná de Maués (AGM), que conseguiu levar suas ações a quase 700 crianças e jovens do município, nas mais de 20 oficinas, intercâmbios culturais e atividades extracurriculares promovidas pela aliança e seus parceiros.

Sob a coordenação do Idesam — com apoio e financiamento da Ambev e USAID — praticamente todos os Grupos de Trabalho (GTs) alcançaram as metas propostas nas áreas de interesse da AGM, atualmente divididas em Educação, Produção Sociocultural, Turismo, Produção Sustentável, além da organização dos agricultores por meio de um Conselho de Produtores.

Um dos GTs de destaque foi o de Produção Sustentável, que ultrapassou a meta de produtores e jovens capacitados em seus cursos e oficinas, somando mais de 120 pessoas alcançadas em 2018. Segundo a coordenadora deste GT, a engenheira agrônoma Laís Bentes, o foco das ações foi promover intercâmbios entre agricultores, incentivando práticas sustentáveis de produção, com direito a oficinas de biofertilizantes, adubação orgânica e práticas para produzir em maior quantidade e qualidade.

Outro destaque das ações do GT de Produção Sustentável em 2018 foi a campanha de incentivo ao consumo de produtos regionais, que promoveu atividades na principal feira de Maués, com demonstrações de diferentes maneiras de se consumir um produto regional. “Levamos receitas com cará, maxixe, guaraná, manga e outras espécies facilmente encontradas na região e que com o tempo vem sendo substituídas por alimentos industrializados. Acredito que todas essas ações da primeira fase do GT de Produção Sustentável vão deixar um legado importante para Maués”, comemora Bentes.

A campanha citada por Laís envolve um calendário sazonal com diversos produtos comercializados na Feira do Produtor de Maués, para o consumidor sempre saber o mês exato de safra de cada alimento. Uma plataforma digital também será montada contendo os dados produtivos coletados na feira, plataforma desenvolvida em parceria com os alunos do Campus Maués do Instituto Federal do Amazonas (Ifam).

GT Sociocultural

Muito além dos números, o GT de Produção Sociocultural em 2018 conseguiu avançar no seu trabalho de resgate aos conhecimentos tradicionais de parteiras, artesãs e mestres do gambá, trazendo os jovens para perto dessas manifestações, que aos poucos estavam desaparecendo. Só neste ano, as ações do GT Sociocultural envolveram mais de oito intercâmbios culturais entre diferentes comunidades ribeirinhas e indígenas de Maués, deixando sua marca em mais de 100 crianças e adolescentes, incluindo capacitações e apresentações culturais.

Entre as ações mais recentes o GT turismo socioambiental realizou a primeira edição do Maués Eco Artes, que promoveu uma interação entre cultura, arte e meio ambiente, com direito a transplante de árvores, produção e exposição de grafitte, fotografias e arte indígena, música regional e uma Gincana Ecológica, com premiação que totalizou R$ 3 mil aos participantes.

“A gente quase não vê eventos desse tipo sendo realizados e a Aliança Guaraná de Maués veio fortalecer diversos âmbitos da sociedade local, principalmente na esfera da arte e da educação. A partir do momento que começaram as atividades da AGM, muitos artistas começaram a aparecer. Aqueceu mais a atividade cultural na cidade e Maués está sendo mais divulgada com essas ações”, ressalta Erick Dammon, um dos organizadores e artistas participantes do GT.

Outra ação do GT, é no fomento à três empreendimentos turísticos ribeirinhos e indígenas de Maués, com facilitação de melhorias na infraestrutura e nos materiais para receber visitantes. Além disso, a AGM trabalha na elaboração de roteiros turísticos comunitários e na valorização do guaraná enquanto identidade cultural e visual da cidade.

Educação em pauta

A educação sempre foi um dos pilares presentes na Construção da Aliança Guaraná de Maués, portanto, o GT que cuida do tema focou em pontos críticos do município, como a baixa escolaridade e formação dos professores da área rural, a falta de valorização cultural na construção da identidade local das crianças e o problema da ociosidade nas ruas, o que leva muitos jovens ao contato com drogas e violência.

Em 2018, a AGM mobilizou mais de 160 professores na elaboração de um material didático infantil com conteúdo regional, que será distribuído na rede de ensino em breve. Mais de 40 professores participaram das capacitações promovidas pela Aliança e seus parceiros locais, além de mais de 100 jovens e crianças que se envolveram nas atividades extracurriculares.

O estudante de agroecologia do IFAM-Maués e morador da Terra Indígena Andirá-Marau/Ilha Michiles, Agnaldo Guimarães de Almeida, 17 anos, ressalta que a agroecologia tem mudado a vida dos comunitários, evitando queimadas, entre outros benefícios. “Aprendemos a técnica de agrofloresta, que tem somado muito com a cara da nossa comunidade. Queremos que isso reflita na nossa vida e de outras comunidades, para que possamos fazer nossos plantios de forma sustentável. A Aliança Guaraná de Maués tem nos ajudado muito trazendo esses cursos especiais”, destaca Almeida, em depoimento ao participar de uma das capacitações promovidas pela AGM em parceria com o IFAM, em novembro deste ano.

Na avaliação do coordenador técnico da AGM, Eric Brosler, a aliança conseguiu alcançar melhorias claras em várias linhas de atuação. “Acredito que conseguimos promover uma maior compreensão sobre a cadeia do guaraná de Maués, com os seus gargalos e oportunidades. Um saldo positivo também foi todo conhecimento gerado e transparência nas ações entre as instituições e grupos parceiros”, destaca Brosler.

A Aliança Guaraná de Maués é composta por ribeirinhos, agricultores tradicionais, mestres da cultura, artesãos, professores, organizações filantrópicas, jovens e indígenas, contando ainda com o apoio das associações comunitárias e agricultores, Ambev, Usaid, IFAM, UEA (Universidade do Estado do Amazonas), Prefeitura de Maués, Cultuam, Mama Ekos, Embrapa, IDAM (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), entre outros.

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