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Captação de recursos e difusão do voluntariado ainda são desafios do 3° setor no Brasil

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Captação de recursos e difusão do voluntariado ainda são desafios do 3° setor no Brasil

Questões foram apontadas por Organizações da Sociedade Civil, em evento promovido pelo Idesam

 

Texto e foto por Henrique Saunier

 

Estudantes, representantes de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e órgãos públicos de assistência social participaram de um debate promovido pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) sobre o terceiro setor, nesta quinta-feira (31/jan), em Manaus/AM. Além das boas práticas de gestão, temas como meios de captação de recursos e importância do voluntariado foram colocados em pauta e amplamente discutidos com o público.

Na ocasião, o diretor-técnico do instituto, Carlos Koury, pôde compartilhar a sua experiência adquirida em uma viagem por quatro cidades dos Estados Unidos da América (EUA), para conhecer o International Visitor Leadership Program (IVLP), um Programa de intercâmbio profissional financiado pelo Bureau norte-americano de Assuntos Educacionais e Culturais. Na comitiva de 11 ONGs brasileiras, o Idesam foi a única representante do Norte do País.

A cada ano, o programa possui cerca de 5 mil participantes de diversos países e, em 2018, o Idesam teve a oportunidade de acompanhar a visita à 22 organizações sem fins lucrativos e aprender um pouco mais sobre a experiência americana com o terceiro setor. Entre as organizações visitadas, estão ONGs que trabalham em defesa de direitos sociais, meio ambiente, respeito e igualdade de mulheres, contra novas formas de escravidão, educação especial e tráfico humano, para citar apenas alguns nichos de atuação.

Koury pontuou em sua apresentação que o terceiro setor americano se destaca pelo elevado nível de organização e planejamento, sempre utilizando planos de captação de recursos, com definição de metas, além de uma forte especialização de atuação em rede e parcerias. O maior envolvimento da própria sociedade civil americana e pouca captação com o governo foram apontadas como particularidades do segmento naquele País.

Este foi um dos pontos ressaltados por boa parte dos presentes, incluindo o diretor financeiro do Instituto Autismo do Amazonas (IAAM), Joaquim Melo, que atua na organização que há oito anos atende crianças e adolescentes. Com cerca de 200 atendimentos mensais, o IAMM assiste diretamente pelo menos 60 jovens. “Quem está aqui e trabalha com esse público sabe a dificuldade de conseguir recursos para manter o projeto, então uma das saídas que encontramos é sempre tentar trabalhar em campanhas que possam sensibilizar o público”, ressalta.

A sensibilização é necessária, na visão da coordenadora executiva adjunta da Fundação Vitória Amazônica, Ana Cristina de Oliveira. Segundo Oliveira, o fortalecimento do conceito de responsabilidade social entre empresas privadas no Brasil é proeminente, mas as OSCs ainda são alvo de bastante desconfiança por parte da população. Ela também salienta a importância de se fortalecer o voluntariado no País, outra lição que pode ser exportada do terceiro setor nos EUA.

Mas além da relevância do voluntariado responsável no terceiro setor, as entidades presentes levantaram a questão de administração e boa gestão das OSCs, algo que muitas vezes pode impedir o acesso a recursos por meio de editais. “Percebo que as instituições querem participar (dos editais), mas muitas vezes não estão organizadas para receber esses recursos. É muito comum presenciar a recusa do acesso ao recurso por falta de documentação”, destacou a presidenta do conselho municipal de assistência social, Jaqueline Santos Ferreira.

Representante da Associação de Donas de Casa do Amazonas (ADCEA), Neuda Maria de Lima compartilhou sua experiência de mais de 20 anos no terceiro setor, afirmando que um dos erros é não pensar com cautela nos custos de manutenção jurídica, o que pode ser um desafio para os gestores no futuro.

Totalmente gratuito, o evento organizado pela assistente social do Idesam, Marilete Chota, aconteceu no auditório da Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e contou com um time de peso para dividir sua expertise com os presentes. Além dos já citados, também participaram do debate representantes da Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (SEAS) e a representante do consulado norte-americano, Sherre Prince Nelson.

 

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