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Lideranças comunitárias se reúnem em Manaus para fortalecer marca coletiva de produtos da floresta

Lideranças comunitárias se reúnem em Manaus para fortalecer marca coletiva de produtos da floresta

O encontro aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de janeiro em Manaus e teve a participação de todos os representantes das associações que atualmente compõem a Inatú Amazônia. 

Texto e fotos: Vanessa Brito/Idesam

Reunir comunidades tradicionais de quatro municípios da região amazônica em um encontro inédito para discutir a formalização da marca coletiva Inatú Amazônia visando a criação de um negócio de impacto socioambiental. Esse foi o objetivo do encontro realizado em Manaus com representantes de 5 associações e uma empresa familiar que trabalham na produção de óleos amazônicos, objetos de madeira e peças de manejo florestal comercializadas para vários estados do país. 

Foto: Vanessa Brito

Foto: Vanessa Brito

A oficina buscou fortalecer o relacionamento e a estratégia entre as associações e comunidades tradicionais que hoje formam a marca coletiva, além de discutir e estabelecer a estratégia para formalização da Inatú como um negócio de impacto socioambiental. O encontro aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de janeiro em Manaus e teve a mediação realizada pela consultoria Via Floresta. A iniciativa é um marco pois contou com a participação de representantes das associações extrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, localizada nos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, da Resex Ituxi, localizada em Lábrea, do Projeto de Assentamento Agroextrativista Aripuanã Guariba, em Apuí, além de associação Ouro Verde (APFOV), que representa produtores familiares de Apuí, e a ASPACS, que representam extrativistas de diferentes territórios em Lábrea

Durante o encontro, houve muito diálogo, dinâmicas, planejamentos e metas para 2023 e compartilhamento de ideias com a equipe técnica do Idesam. Para Rosivaldo Góis, um dos representantes da Associação Agroextrativista Aripuanã-Guariba (Asaga) em Apuí, o encontro e o trabalho em conjunto com outras associações fortalecem ainda mais a marca coletiva dos povos da floresta.  

Foto: Vanessa Brito

“A marca veio só ajudar a gente a melhorar e levar a produção para outros estados. Há muito tempo trabalhamos com a produção e comercialização do óleo de copaíba, ficamos de 20 a 30 dias na mata fazendo essa extração e depois fazíamos a venda. Mas foi a partir do trabalho da Inatú Amazônia que nós conseguimos melhorar a qualidade e o preço dos nossos produtos. Nos trouxe mais organização e qualidade. Estou muito satisfeito com esse encontro”, disse. 

Para Elizângela Cavalcante, líder do plano de manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã e gestora da movelaria familiar ILC localizada na RDS, o evento foi muito significativo. Ela destacou também como o trabalho de impacto do Idesam contribuiu para a geração de uma nova fonte de renda para a comunidade a partir do manejo sustentável.  

Foto: Vanessa Brito

Foto: Vanessa Brito

“Recebemos capacitações para a produção dos primeiros objetivos de madeira da movelaria. A gente já tinha uma direção do Idesam e da marca Inatú Amazônia, não começamos no escuro. As primeiras produções começaram a ser vendidas não só no Amazonas, mas também em outros estados. É muito gratificante saber que um pedaço da gente foi para dentro da casa de alguém. É a nossa história, nosso jeito de floresta. A matéria-prima vem do plano de manejo comunitário e a gente faz um trabalho consciente de manter a floresta em pé”, lembrou. 

É um novo momento para a Inatú Amazônia com o início da ativação do negócio e do CNPJ próprio da marca, como destacou André Vianna, diretor-técnico do Idesam. Ele salientou ainda como o encontro desenvolveu ainda mais a participação colaborativa desta tecnologia social que fomenta a bioeconomia na Amazônia. “Nós já trabalhamos com essas organizações há algum tempo com assistência técnica, assistência de gestão para produção, apoio à comercialização, apoiamos a estruturação dessas cadeias de valor de produtos da floresta. A Inatú Amazônia é uma marca coletiva e também uma tecnologia social. Contudo, em função de não possuir um CNPJ próprio, perdemos oportunidades e temos algumas dificuldades em questões logísticas e de aceso ao mercado”, disse.   

Foto: Vanessa Brito

Foto: Vanessa Brito

“Foram três dias em que pudemos reunir produtores rurais, extrativistas, manejadores, moveleiros e gestores de usinas de diversos municípios. Trouxemos esses representantes para Manaus para discutir qual seria uma nova possibilidade para a Inatú Amazônia, para discutir qual seria a estratégia do CNPJ único e organizar as ações para fomentar a comercialização de produtos da floresta. É algo muito gratificante porque entendemos que a pobreza e o desmatamento ilegal geram efeitos negativos que vão se retroalimentando e poder fomentar produções sustentáveis é uma ferramenta para gerar a conservação da floresta”, completou. 

Sobre a oficina 

A Oficina Inatú Amazônia buscou fortalecer o relacionamento e a estratégia entre as associações e comunidades tradicionais que formam a marca coletiva. Contou com a presença das lideranças comunitárias da ASPACS, APADRIT, ASAGA, APFOV, AACRDSU e Movelaria ILC, que representam comunidades tradicionais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, da Reserva Extrativista do Rio Ituxi, do município de Lábrea, do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Aripuanã Guariba no município de Apuí e produtores familiares de Apuí. As lideranças das associações participaram de uma assinatura simbólica do compromisso de ativação do negócio. Além disso, discutiram e encaminharam os modelos de contrato social, fundo social e conselho consultivo do negócio de impacto socioambiental Inatú Amazônia. 

Sobre o Idesam  

O Idesam é uma Oscip com atuação na Amazônia Legal desde 2004. Em 2022, teve o reconhecimento como uma das 100 melhores ONGs do Brasil e o Prêmio Empreendedor Social- Inovação em Meio Ambiente pela Folha de São Paulo e Fundação Schwab. O propósito do Instituto é promover uma nova economia de base inclusiva e sustentável na Amazônia, criando conexões aos atores de suas cadeias de valor e apontando novos caminhos inovadores para a conservação e a redução da pobreza. Até o momento, os indicadores são de 8,5 milhões de hectares de florestas conservadas em 34 territórios na Amazônia; 6 mil famílias impactadas e 23 organizações sociais envolvidas. Coordena e apoia as iniciativas estratégicas AMAZ Aceleradora de Impacto, Programa Prioritário de Bioeconomia, Inatú Amazônia, Café Apuí Agroflorestal e Programa Carbono Neutro, além da secretaria executiva do Observatório da BR-319. 

 

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