Especial sobre COP-26, exibido pelo canal belga RTBF, mostra alternativas que contribuem com a preservação da Floresta Amazônica, como pecuária silvipastorial e café agroflorestal
A paisagem não nos mostra, mas estamos bem no coração da Amazônia. Exceto que, aqui, as pastagens para o gado substituíram a floresta. As grandes árvores são cortadas; os restos de planta e capim, queimados.
A atividade é rentável durante alguns anos, mas, sem a cobertura vegetal, o solo amazônico perde rápido sua fertilidade, o que leva à destruição de novas áreas de floresta. Um círculo vicioso que o estado do Amazonas conhece bem. Claus Ronnau, criador de gado há mais de trinta anos na região, estima que ninguém pode preservar a floresta sem tirar dela uma renda.
“Atualmente, a criação de gado é muito rentável. mas se um dia nos for proposto ganhar crédito carbono preservando a floresta, nós o faremos; mas neste momento isso não existe aqui, não se tem essa opção”, diz Claus Ronnau, criador de gado.
Mas existem outras alternativas na região. Moisés Anghinoni, por exemplo, produz café orgânico em um sistema agroflorestal. A floresta é protegida, mas o trabalho é muito mais duro do que na criação de gado. “
Os produtores optam pela criação de gado porque é mais fácil: planta capim em todo o terreno e não tem mais nada a fazer. Já o café, é preciso cuidar continuamente e depois também é preciso encontrar um mercado para vendê-lo, diferente da carne, onde o mercado já existe.
– Moisés Anghinoni, criador de café orgânico
Portanto, como sublinha Mariana, da ONG Idesam, que apoia seus produtores, os benefícios desta atividade são numerosos para as famílias e para o meio ambiente.
“Foram cinco anos para capacitar as famílias com técnicas agroecológicas. Hoje, estas famílias colhem os frutos disso com uma marca de café orgânico que aumentou a renda delas, tendo como consequência, o desejo de continuar. Sobretudo, se percebe que elas não desmataram quase nada, ou pouquíssimas áreas, nos últimos anos”, explica.
Uma outra alternativa que conquista os criadores de gado é o sistema agrosilvipastoril, uma combinação de árvores com animais, para melhorar o solo e desflorestar menos. Um sistema praticado por Jefferson há cinco anos.
Esta arvore é uma gliricídia, uma leguminosa que fixa nitrogênio no solo, deixando o capim bem mais verde. É interessante, para o sistema, utilizar melhor o que já foi desflorestado, para não ter a necessidade de desflorestar novamente.
– Jefferson Ronnau, criador de gado
Estas alternativas são interessantes para o futuro da Amazônia, frente ao gado e à soja, que não param de aumentar. Atualmente, é a agricultura extensiva que predomina, encorajada pelo governo brasileiro. Estas soluções mais ecológicas precisam de tempo e de investimento, em particular da comunidade internacional, enquanto as autoridades locais preferem ignorá-las.
Assista à reportagem em: https://www.rtbf.be/auvio/detail_cop26-la-deforestation-au-bresil?id=2827827
