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OPINIÃO – Seca na Amazônia e a importância de não se abandonar as agendas de mitigação

OPINIÃO – Seca na Amazônia e a importância de não se abandonar as agendas de mitigação

Editorial de setembro por Carlos Gabriel Koury, Diretor de Inovação em Bioeconomia do Idesam
Foto: Camila Garcez/Idesam

A vazante da bacia amazônica de 2023, ocasionada pela junção dos s fenômenos El Niño no Pacífico e elevação da temperatura no Atlântico Norte, demonstrou sua força nos meses de agosto e setembro. Somente em setembro, o rio Negro, em frente a Manaus reduziu sua cota em 8,10m, uma média de -27cm por dia, 150% mais rápido que no mesmo período do ano anterior, o mesmo ocorre com os rios Solimões, Amazonas, Juruá, Purus e Madeira Esta velocidade de vazante em setembro está isolando comunidades e cidades no interior de forma mais rápida que o normal, exigindo uma corrida de todos os setores contra o isolamento. O calor excessivo também tem dificultado a produção de alimentos e pescado, impactando a alimentação dos moradores do interior. Frente a isto, o Idesam reativou a campanha social Regatão do Bem, em apoio a populações afetadas pela estiagem.

Na Amazônia, além dos impactos nas cidades e comunidades ribeirinhas, as consequências na natureza reforçam a importância da mitigação climática. O relato dos pesquisadores de Mamirauá da elevada mortandade de peixes e botos no lago de Tefé em setembro, demonstram mais uma face visível do dano ambiental que, segundo os pesquisadores do Instituto Mamirauá, causou a mortalidade de 5% dos botos do lago de Tefé, em apenas 2 meses desta seca atípica. Se identificados efeitos como este em outros grupos da fauna e flora em maior escala, pode-se evidenciar a chegada do ponto de não-retorno da floresta amazônica, onde as mudanças climáticas reduzem a capacidade de sustentabilidade e autorregulação do bioma, perdendo a capacidade de regulação que a Amazônia ainda oferece no clima da Terra.

Nos debates sobre aquecimento global, de forma bem resumida, as agendas são classificadas como de mitigação ou de adaptação. Mitigação são as ações para evitar que a temperatura da terra aumente, e adaptação é preparar para a vida em um planeta mais quente, com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. Os eventos climáticos extremos no Brasil vivenciados este ano – com seca extrema no norte e chuva e enchentes acima do padrão no sul do país ao mesmo tempo – demonstram que urge trabalhar nas duas agendas, com muita velocidade. Não devemos abandonar a agenda de mitigação, pois a adaptação pode ser tornar cada vez mais difícil, principalmente se perdemos ‘aliados’ climáticos como a floresta amazônica.

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