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Turismo na RDS do Uatumã já está pronto para acontecer

Turismo na RDS do Uatumã já está pronto para acontecer

A Amazônia está repleta de regiões com paisagens exuberantes que possuem um potencial turístico quase inexplorado. Contudo, alguns fatores são decisivos para que esse turismo não se torne predatório. O planejamento, regulação e ordenamento por parte do Estado são importantes, mas é imprescindível considerar a população local como protagonista da estratégia de desenvolvimento turístico, pois são os próprios comunitários os beneficiados que possuem o maior interesse na preservação da região em que vivem. A RDS do Uatumã, uma região já mundialmente conhecida pela pesca esportiva do tucunaré, com belezas naturais e a singularidade da população local, a cada ano recebe mais visitantes. Além da pesca, aumenta a procura de turistas para ver a realidade da reserva, morando na casa dos comunitários, dormindo em rede e vivenciando seu cotidiano. Dessa forma, a regulamentação das atividades turísticas na RDS deve ser efetivada para permitir que os moradores locais sejam beneficiados devidamente.

O ordenamento da atividade turística na RDS do Uatumã depende de dois elementos reguladores. O primeiro é o Plano de Uso Público da Reserva, onde são destacadas as potencialidades turísticas da reserva para o turismo, destacando-se a infra-estrutura necessária e todo o planejamento de preparação para a atividade turística, inclusive descrevendo as práticas possíveis e as limitações de uso. Este trabalho já foi desenvolvido pelo Idesam juntamente com a consultora Sherre Nelson, e teve o apoio financeiro da BVS&A – Bolsa de Valores Sociais & Ambientais de São Paulo, iniciativa lançada pela BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) para impulsionar projetos realizados por ONG’s brasileiras. A aprovação final do Plano de Uso Público será avaliada na Comunidade Maracarana no dia 10 de agosto.

O segundo elemento ordenador refere-se à regulação da atividade turística em todas as Unidades de Conservação (UC’s) do Amazonas que permitem turismo. Entretanto, por ainda não haver esta regulamentação para as unidades estaduais, esta atividade ainda não pode ser plenamente executada. Na tentativa de corrigir este viés, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS-AM) formou o Grupo de Trabalho Turismo UC’s para promover o turismo nas UC’s do Estado. O Idesam compôs este grupo e levou a experiência do Uatumã para ser um dos projetos pilotos do Estado. Na próxima reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas, a minuta do Decreto que pretende regulamentar o turismo nas UC’s será apresentado para apreciação e aprovação.

Expectativa em torno da regulamentação do turismo

O Decreto de regulamentação do turismo em UC’s chega em um momento oportuno para o ordenamento da atividade. Qualquer atraso em sua aprovação pode significar prejuízos para as UC’s, correndo o risco de o Governo perder o momento que empresas e moradores estão ditando para o turismo em Unidades de Conservação. Na RDS do Uatumã, além da pesca esportiva já ter mais de 10 anos de execução na região, três comunitários estão buscando regularizar suas pousadas familiares. Das 20 comunidades da RDS, 7 já estão envolvidas na pesca esportiva, aproveitando as regras definidas para esta atividade na RDS do Uatumã, primeira UC do Estado (ou do país) a ter sua pesca esportiva ordenada.

Dentre as diversas possibilidades não exploradas de turismo na RDS do Uatumã, existem praias de areia branca, trilhas no alto da serra que adentram a floresta por quilômetros (percursos de bicicleta), cachoeiras, florestas alagadas (igapós) e campinas, além dos moradores que possuem costumes e modo de vida carismático e envolvente. As opções são diversas, basta regulamentar a prática do turismo para oferecer outra oportunidade para desenvolver a região, conciliando renda com a conservação de recursos naturais.

Como seria um roteiro para a RDS do Uatumã?

Podemos citar um roteiro simples, que deixa qualquer um com vontade de conhecer a reserva. O turista sai de Manaus na manhã pela AM-010 em direção à Itacoatiara. No caminho come uma tapioca típica de Rio Preto da Eva, de tucumã, queijo e castanha. Mais adiante, entra na “Estrada da Várzea” (AM-363) que cruza uma área de manejo florestal, permitindo ver a floresta conservada bem ao lado da estrada. Em 1h se chega a Itapiranga, município mais próximo da Reserva do Uatumã. De lá, segue-se de voadeira (canoa de alumínio) por 1h30 até chegar a uma das quatro comunidades que já estão prontas para receber turistas. Chegando ao final da tarde na comunidade, é hora de desembarcar a bagagem, armar a rede, conhecer seus moradores e começar a curtir as histórias locais numa noite abastecida com uma boa caldeirada de tucunaré. No dia seguinte, o passeio é na cachoeira da Comunidade Maracaranã. Por uma trilha no meio da floresta conservada, chega-se a uma cachoeira que era a primeira parada das estradas de pau-rosa, muito exploradas na década de 80. No último dia, o turista vai até a Serra do Jacamim fazer uma caminhada de 2h por uma serra que permite enxergar do alto grande parte do Rio Uatumã. A pedida é almoçar um peixe assado na brasa feito na hora, no alto da serra. À tarde, as trilhas que os comunitários utilizam para colher castanha, cipó e copaíba podem ser visitadas, onde ele aprenderá um pouco sobre a atividade extrativista e a produção não-madeireira. E o turista ainda pode aproveitar todo fim de tarde para praticar a pesca esportiva, com o por do sol na floresta amazônica. Tudo isso com um preço justo, acessível para qualquer um.

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