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Mercados de carbono: a oportunidade da década para conservação e restauração de florestas?

Mercados de carbono: a oportunidade da década para conservação e restauração de florestas?

Entre os pontos de destaque do painel estão o diálogo com as comunidades tradicionais, acesso a investimentos e projetos de carbono adequados para o fortalecimento dos povos e da floresta em pé

Por Vanessa Brito/Idesam

Um dos painéis mais aguardados do 2º Festival de Investimentos de Impacto & Negócios Sustentáveis na Amazônia (Fiinsa) discutiu as oportunidades e desafios do mercado de carbono para conservação e preservação das florestas. Entre os pontos de destaque do painel estão o diálogo com as comunidades tradicionais, acesso a investimentos e apoio a projetos de carbono adequados para o fortalecimento dos povos e da floresta em pé.

Foto: Diego Toledano

O debate contou com a moderação de Victoria Bastos, líder da iniciativa estratégica Serviços Ambientais do Idesam, Almir Suruí (Líder maior do povo Paiter-Surui), Bruno Aranha (BNDES) e Janaina Dallan (Aliança NBS Brasil). “O painel foi super desafiador, mas foi muito interessante, porque nós tínhamos três painelistas representando setores diferentes. Falar do mercado de carbono hoje é falar de um assunto quente, que todo mundo quer saber. Mas do ponto de vista até do trabalho do Idesam, nós gostamos de conectar os principais atores e entender as perspectivas diferentes, como nesse painel, que nós unimos o setor privado, setor investidor, setor de comunidades locais e entender como esse diálogo se une para que a gente possa ter de fato um mercado de carbono”, afirmou.

De acordo com Almir Suruí, para se discutir o mercado de carbono é preciso trabalhar com responsabilidade social em uma visão de médio e longo prazo. “A experiência ensinou o nosso povo a como trabalhar a médio e longo prazo a como trabalhar no território, trabalhar na construção de um projeto. Hoje está muito mais avançado essa ideia do mercado carbono, quando começamos em 2007 ainda era um desafio para gente, tanto que levamos três a quatro anos para construir o projeto. Pessoas que estavam contra esse sistema, diziam que o projeto ia tomar a terra indígena e isso não era verdade. O critério era fortalecer o povo Paiter e a gestão de seu território”, disse.

Janaina Dallan (Aliança NBS Brasil) afirmou que é preciso entender como é possível caminhar com o recurso proveniente desse mercado e fazer uma transformação social da floresta. “Trabalho com crédito de carbono há mais de vinte anos. Esse mercado já existiu em 2005, não é um mercado novo. Vários projetos deram certo e trouxeram muitos resultados como um todo. Hoje nós temos outro tipo de mercado. A Amazônia tem um potencial incrível com esse mercado. Incentivamos projetos que têm integridade, projetos em que haja uma preocupação com a consulta prévia das comunidades locais. Seja com governo, políticas públicas, BNDES, qualquer projeto de carbono precisa consultar as comunidades”, destacou.

Foto: Diego Toledan

Já Bruno Aranha (BNDES) pontuou que é preciso sempre olhar o mercado do ponto de vista do território amazônico. “Trouxemos para um novo contexto o crédito de carbono, o pagamento por serviços ambientais. É preciso utilizar para remunerar e preservar a floresta em pé, recuperar áreas degradadas. Precisamos pensar não só na bioeconomia, mas na sociobioeconomia, em cuidar das pessoas que cuidarão da floresta. Nós estamos em parceria para suportar e apoiar esses projetos. Precisamos conseguir capturar esses valores que está aqui na nossa mão e nos organizar para que a gente alavanque o mercado de carbono da melhor forma possível”, completou.

A programação do segundo dia do Fiinsa ainda contou com os painéis “Em busca do unicórnio (mapinguari) de impacto da Amazônia: desafios dos empreendedores para atingir crescimento”; “Biotecnologia no Polo Industrial de Manaus – Buscando conexões com a floresta”; “Restauração florestal: o potencial de reflorestar áreas produzindo alimentos e gerando renda e prosperidade local”; e o debate sobre a “Atuação de grandes empresas e as pautas de ESG e investimento social privado na Amazônia”. Para mais informações, acesse: www.fiinsa.org.br.

Sobre o FIINSA

O 2º FIINSA é realizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e Impact HUB Manaus. É correalizado pela AMAZ aceleradora de impacto, Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e Uma Concertação pela Amazônia.

Conta com patrocínio do Fundo Vale, Instituto Clima & Sociedade (iCS), Partnerships For Forests, Uk Government, Amazon Investor Coalition, Instituto Sabin, Fundo JBS pela Amazônia, Americanas S.A, SAP, GBR, Coca-Cola, Swarovski, MJV e Cooperação Alemã GIZ, e apoio de vários parceiros como Rede Amazônica e Fundação Certi.

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