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Como a economia da floresta pode salvar a Amazônia

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Como a economia da floresta pode salvar a Amazônia

Por Carlos Gabriel Koury, diretor técnico do Idesam

 

Ordenamento e regularização das atividades produtivas, educação para vida amazônica e subsídio à produção de baixo impacto realizada por moradores tradicionais. Estas foram as ações prioritárias para evoluir a economia da floresta como uma das formas de conservação da Amazônia. Cada uma dessas ações que a Amazônia precisa, foram citadas por um dos participantes para responder a pergunta final no Webinar “Como a economia da floresta pode salvar a Amazônia”. 

Promovido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema-AM), o web-evento aconteceu no último 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. O evento foi moderado pelo secretário de Estado do Meio Ambiente do Amazonas Eduardo Taveira, e teve como participantes eu, o Dr. Henrique Pereira – professor de Ciências Agrárias da UFAM – e o Dr. Virgílio Viana, superintendente-geral da FAS (Fundação Amazonas Sustentável).

Apesar de diversos outros pontos importantes debatidos no evento para a manutenção da floresta amazônica, a economia da floresta e papel das populações tradicionais, as ‘balas de prata’ que cada participante apresentou no final do evento, são uma boa síntese para o debate e para a Amazônia, pois são complementares e, na minha visão, bastante certeiras, se adotadas trariam mudanças positivas em curto, médio e longo prazo para a economia da Amazônia. Sem a ordenação e regulamentação não se consegue crédito subsidiado para moradores tradicionais; e sem educação pensada de dentro para fora da Amazônia, não se evolui para traduzir as características amazônicas como diferenciais positivos no posicionamento com a economia global, nem se alcança a biotecnologia de base florestal com inclusão socioprodutiva adequada. 

Outros temas importantes foram debatidos no evento, que teve uma abordagem bem ampla, como o questionamento do que se esperar de uma economia para a Amazônia, com valorização e direitos dos povos originários e ribeirinhos; como ‘personalizar‘ para a Amazônia qualquer ação ou política pública, sem trazer pronto de outras regiões, mas preparar tecnologias e aproveitar as características locais como oportunidade de desenvolvimento e não como entrave. Apesar do desafios, também foram apresentados os bons resultados de comercialização de produtos florestais desenvolvidos por comunidades apoiadas por Idesam e FAS.

A seguir, tomei a liberdade de separar, com livre interpretação, alguns highlights do evento, acompanhe:

  Sem ordenamento e regularização nunca será possível enxergar a verdadeira produção sustentável da Amazônia, separar a produção sustentável das atividades ilegais e predatórias. Também não será possível aproveitar a Amazônia e suas potencialidades como um todo, posicionando e colocando em prática a vocação amazônica de forma integrada: áreas para produção florestal de larga escala por empresas e comunidades com evolução da relação com a floresta através da biotecnologia, áreas de extrativismo comunitário, espaços protegidos de moradia e sagrados de povos tradicionais, e áreas de preservação absoluta onde necessário. Este tema foi apresentado por mim;

  O subsídio à atividade de produção sustentável, apresentada pelo prof. Henrique, reconheceria a devida importância para a Amazônia, através de um formato que é praticado no mundo inteiro: subsidiar a atividade produtiva para garantia da atividade e manutenção das formas de vida no interior.

  E a educação para a floresta é uma exigência para se pensar o futuro da Amazônia conservada: sem uma mudança para que a formação do jovem amazônida seja voltada para valorizar os conhecimentos tradicionalmente aprendidos em casa e sem preparar seu olhar para enxergar os recursos naturais amazônicos como oportunidades únicas em todo mundo, continuaremos com êxodo e ausência de material humano preparados para trabalhar com a floresta.

Parabéns à Sema-AM por provocar este debate. Agradeço também aos participantes pela positiva interação. Que continuemos firmes nos propósitos de desenvolvimento “com” Amazônia.

 

O Projeto Cidades Florestais

O evento me deu, ainda, a oportunidade de mostrar exemplos práticos, por meio do Projeto Cidades Florestais, financiado pelo Fundo Amazônia/BNDES. O apoio a cinco organizações sociais do interior do Amazonas, permitiu que as mesmas comercializassem R$962 mil em óleos vegetais, em 21 meses de apoio do projeto. Mas também foi apresentado que o número de ações necessárias pra que a comercialização de óleos alcançasse estes números não torna simples a promoção de resultados deste tipo em larga escala. 

Ainda no Cidades Florestais, estão previstas ações de: uso de tecnologias (internet nos polos de produção no interior, novo aplicativo de gestão e rastreabilidade, software de acompanhamento contábil), soluções financeiras (subsídio para instalações, apoio para o capital de giro), inovação produtiva (técnicas de aproximação do extensionista com o produtor e  inovação no processo produtivo), e suporte para chegar a mercados que reconheçam o valor da produção comunitária, com o apoio na prospecção de novos mercados e a certificação FSC a caminho.

Para mais informações do projeto, acesse: www.cidadesflorestais.org.br

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